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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 622

Comunicação coordenada


622

Reorientação da formação do enfermeiro na região sul do Brasil: uma análise do Programa Pró-Saúde

Autores:
Margarete Maria de Lima (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Daiana Kloh (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Aline Bussolo Correa (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Kenya Schmidt Reibnitz (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA)

Resumo:
INTRODUÇÃO A integração ensino-serviço é um processo de transformação que o encontro do ensino com o serviço promove em cada um. Esse encontro tem sido fortemente incentivado a partir de programas de reorientação da formação, entre eles o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) (1) que visa aproximar instituições de ensino superior e os serviços de saúde. Almeja à transformação do ensino, assegurando uma atenção integral no processo saúde-doença que ofereça respostas concretas às atuais necessidades de saúde da população e à preparação para o trabalho no Sistema Único de Saúde. OBJETIVO Analisar as mudanças que ocorreram na formação do enfermeiro a partir do Programa Pró-Saúde e as suas repercussões na prática profissional de egressos destes cursos. de enfermagem. METODOLOGIA Estudo qualitativo, fundamentado a partir do referencial teórico de Donald Schön (2). A primeira etapa da pesquisa caracteriza-se do tipo descritiva e exploratória. A coleta de dados foi realizada de abril a agosto de 2015, com 22 egressos de três escolas de graduação em enfermagem da região sul do Brasil, utilizando um questionário construído especificamente a partir dos eixos e vetores norteadores do Programa Pró-Saúde. A análise de dados foi guiada pela proposta operativa (3). A segunda etapa do estudo caracteriza-se como um estudo de caso coletivo(3). Os casos são dois cursos de graduação em enfermagem da Região Sul do Brasil contemplados com o Programa Pró-Saúde. A triangulação metodológica foi a estratégia utilizada para validação do material coletado em busca da convergência dos dados. A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e dezembro de 2015, utilizando as seguintes estratégias: pesquisa documental no Projeto Político-Pedagógico dos cursos; entrevista semiestruturada com 31 participantes, sendo estudantes, docentes e profissionais de saúde; e observação participante em sete Unidades Básicas de Saúde. A análise dos dados foi guiada pela proposta de Stake (2). RESULTADOS A primeira etapa do estudo revelou que as orientações do programa deram suporte para que os cursos de enfermagem se organizassem, aparecendo no relato dos egressos que a formação deles contemplou os três eixos de transformação preconizados pelo programa: orientação teórica; cenários de prática e orientação pedagógica. A reflexão que os egressos fazem em relação a como está sua prática profissional demonstrou que eles buscam o "aprender a aprender", a educação permanente, e que a inserção em cenários reais de trabalho agregou sentido prático reflexivo para os conhecimentos teóricos, ampliando também a preparação para a prática profissional nos diversos cenários de atuação do Sistema Único de Saúde. Destaca-se também que a reflexão sobre a prática profissional constata que o enfermeiro desenvolve em sua atuação o talento artístico profissional construído a partir do ensino prático reflexivo para buscar a resolução dos problemas cotidianos da atuação em zonas incertas em seu campo de trabalho. Contudo, muitos desafios ainda precisam ser ultrapassados e, por mais que as políticas indutoras implementadas como o programa Pró-Saúde busquem romper com o processo de formação especializada, focado na doença e desarticulado da atuação profissional requerida pelo sistema público vigente, ainda percebe-se que esse estímulo pontual desse programa de reorientação da formação profissional na enfermagem não é suficiente, pois, quando os enfermeiros entram em contato com a realidade do serviço, há uma disposição em priorizar a racionalidade técnica. Ademais, existem as restrições do próprio campo de atuação ou mesmo provocadas pelas próprias atividades que realizam como enfermeiros. A segunda etapa do estudo evidenciou que as escolas possuem a intencionalidade política e pedagógica da integração ensino-serviço em seus projetos político-pedagógicos. Essa intencionalidade é concretizada com a utilização dos cenários de prática, aproximando o mundo da escola com o mundo dos serviços de saúde e comunidade. A integração ensino-serviço é compreendida pelos protagonistas como processo fundamental, sendo uma potencialidade para ambos os lados, assim como propõe políticas locais que garantem a integração efetiva desses dois contextos e a responsabilidade que os profissionais do campo também devem assumir neste processo. Contudo, possuem o desafio de planejar e supervisionar as ações em conjunto com o serviço. Acredita-se que é necessário unir as estratégias pedagógicas utilizadas pelo ensino no serviço com a realidade e situações vivenciadas dos e nos serviços, constituindo um ateliê pedagógico em saúde. O ateliê promove a sustentabilidade das ações de reorientação da formação a partir de um ensino prático-reflexivo, pois é um espaço compartilhado de saberes permeado pelo diálogo reflexivo entre os protagonistas da integração ensino-serviço e pelo debate sobre o vivido. Parte dos problemas reais do serviço auxiliando que o estudante aprenda fazendo e compartilha ferramentas de aprendizagem e avaliação, transformando-se em um momento de autoavaliação e construção ou reformulação de novas práticas de ensino e de assistência à saúde. CONCLUSÃO A partir dos resultados desta pesquisa constata-se que as mudanças na formação dos enfermeiros está relacionada a uma maior aproximação com a prática assistencial e que isso repercute positivamente para todos os participantes do estudo. Reitera-se que o sucesso ou fracasso do ateliê pedagógico em saúde não depende de um protagonista ou outro, mas, sim, parte de um compromisso de responsabilidade de todos. REFERÊNCIA 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde - Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 2. SCHÖN, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e aprendizagem. Trad. Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. 4. STAKE, R. A arte de investigação com estudos de caso. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007. Descritores: Currículo. Integração Docente-Assistencial. Educação em Enfermagem. Eixo 1 - Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermagem área temática: 6. Integração Ensino Serviço - Quando o Trabalho e a Escola se integram