Roda de Conversa
595 | ATIVIDADES EXTENSIONISTAS COM JOVENS ESCOLARES ACERCA DAS DST/HIV/AIDS | Autores: Lorrayne Félix de Lima (Universidade de Pernambuco) ; Sara Larissa de Melo Araújo (Universidade de Pernambuco) ; Aline Beatriz dos Santos Silva (Universidade de Pernambuco) ; Clara Maria Silvestre Monteiro de Freitas (Universidade de Pernambuco) ; Fátima Maria da Silva Abrão (Universidade de Pernambuco) |
Resumo: Introdução: A epidemia de HIV/aids continua a ser um dos grandes desafios para a saúde global1. Os casos de aids notificados no Sistema Nacional de Notificação, entre 10 a 24 anos, mostraram que desde 1980 a 2014 houve um aumento significativo de 48.347 casos2 .Nos jovens percebe-se um crescente aumento no número de infectados e o aumento de casos de DST (Doença Sexualmente Transmissível), nos adolescentes está diretamente relacionado ao início precoce de relações sexuais, o que os tornam sexualmente mais ativos e consequentemente mais vulneráveis3. Assim, faz-se importante a inserção da equipe de enfermagem em trabalhos sócio-educativos, pois esses profissionais são os responsáveis capacitados para a realização desse tipo de ação. Objetivo: desenvolver medidas sócio-educativas no âmbito escolar, sobre as ISTs e práticas sexuais seguras, para jovens estudantes de uma escola da rede estadual do 8º e 9º como também compreender o conhecimento destes acerca das DST/HIV/aids. Métodos: Pesquisa descritiva do tipo relato de experiência, realizado com 106 estudantes de escola pública com faixa etária entre 13 a 15 anos de idade de ambos os sexos e devidamente matriculados. Como embasamento utilizou-se da teoria de Paulo Freire, a qual traz como ideologia que a educação não se restringe apenas ao ato de alfabetizar e sim perpassa uma didática que se enquadra ao processo de ensino e aprendizagem comprovadamente eficaz4. No Manual do Multiplicador do Ministério da Saúde foram selecionadas algumas dinâmicas: teatro educativo, dinâmica de perguntas e respostas, recurso áudio visual elucidando as DST's mais prevalentes e vídeo referente à puberdade masculina. Foi requerido ao Departamento de DST, aids e Hepatites Virais materiais informativos como panfletos, cartazes e preservativos. Ao término de cada momento com as turmas, eram elaborados diários de campo, os quais continham atividades e troca de experiências com os alunos. Resultados: A atividade educativa desenvolvida teve como temática a percepção do aluno sobre sexualidade, o modo de como ele lida com as mudanças na puberdade, a distinção de gênero, e por fim, a exemplificação de inúmeras ações preventivas no que diz respeito às DSTs. Primeiramente, o grupo prezou pela apresentação individual de cada membro, a fim de facilitar a construção do vínculo com os estudantes. Após, o grupo seguiu o roteiro pré-elaborado com a dinâmica da música, criando um ambiente mais interativo para os alunos. As músicas "Já sei namorar" de autoria do grupo Tribalistas e "adivinha o quê?" de Lulu Santos, remetiam à temática em questão. Ao serem questionados sobre o que recordavam ao escutá-las, a maioria comparou a vida em si com uma festa, sendo observada a repetição da expressão ''ato sexual''. Após as músicas, o assunto abordado foi puberdade, destacando as mudanças que essa fase causa no corpo dos adolescentes através da utilização do vídeo educativo intitulado ''Puberdade em um minuto'', o qual apontava as modificações nos rapazes, como o aparecimento de pelos, o desenvolvimento dos testículos e a atração sexual; foi perceptível a descontração dos alunos sobre o assunto abordado, além disso, a concordância com o vídeo foi um objetivo alcançado. Em complemento, foi apresentada uma palestra relatando alterações físicas no gênero feminino durante a puberdade. Ademais, também foram apresentadas ilustrações sobre as principais DSTs a citar sífilis primária/secundária, cancro mole, candidíase, herpes simples, HPV (vírus do papiloma humano), gonorreia, clamídia, tricomoníase e hepatite B e os cuidados que se devem ter para não adquiri-las com o objetivo de mostrar a importância do uso de preservativos, nessa etapa muitos estudantes apresentaram-se receosos e demonstraram expressão de medo pelo fato das ilustrações relatarem fases agudas e críticas das patologias. A atividade subsequente foi sobre o conhecimento e distinção dos gêneros pelos estudantes onde foi utilizada uma caixa surpresa, a qual continham vários itens que eram retirados da caixa pelos alunos. Ao escolherem, tinham que categorizá-los quanto ao gênero e correlacionar com as experiências pessoais. Dentre os objetos ofertados, foram selecionados um sutiã, óculos, gravata e uma maçã. Cada objeto representava algo já trabalhado pelo grupo em outras dinâmicas. Por exemplo, o sutiã foi associado à evolução das mamas; o óculos foi indicado como objeto de passeio; a gravata foi apontada por ser de uso de pessoa com cargos importantes e homens religiosos; e a maçã foi associada ao uso de drogas, por se tratar de uma fruta de sabor adocicado, alguns estudantes associaram a mordida da maçã à sensação de prazer com o uso da droga. Foi evidenciado que em alguns momentos objetos feminino como bolsa, batom e bijuterias estavam relacionados com a homossexualidade e metrossexualidade. A respeito das respostas fornecidas pelos jovens frente a sexualidade e genêro, observou-se principalmente nas relacionadas a homossexualidade/metrossexualidade, que alguns deles já tem edificados seus próprios conceitos sobre essa temática, fugindo ao comum imposto pela sociedade. A dinâmica com balões de sopro, os quais continham perguntas a respeito das ISTs/HIV/aids, era pedido que cada aluno estourasse o balão e respondesse a pergunta. Ao perceber a dificuldade dos alunos em responder as questões, a equipe explanou as perguntas e as respondeu com o intuito de sanar as dúvidas. As dinâmicas foram encerradas com a apresentação de uma peça teatral pelos integrantes mostrando um cenário de uma Unidade de Saúde da Família onde uma enfermeira estava a espera de duas pacientes para a realização do teste rápido de HIV. Ao entregar os resultados a paciente A, a qual apesar de ter diversos parceiros sexuais, não estava contaminada devido ao uso consciente e constante do preservativo; enquanto a paciente B, que tinha apenas um parceiro sexual, contra as probabilidades, foi contaminada devido ao uso descontínuo do preservativo. Como desfecho, a enfermeira forneceu educação em saúde quanto aos cuidados a serem tomados bem como locais de suporte. Ao término da atividade foram distribuídos brindes como pirulitos, preservativos e materiais educativos. Conclusão: Diante da problemática observada e vivenciada nas escolas durante as atividades pôde-se observar o déficit de conhecimento dos alunos a respeito das DSTs, métodos para prevenção e prática de sexo seguro. Assim, faz-se relevante a realização das atividades educacionais com a finalidade de prevenção e orientação no que se diz respeito às práticas sexuais seguras, de forma a não comprometer a saúde destes jovens. Implicações para enfermagem: Faz-se importante a inserção do enfermeiro junto às ações escolares haja vista que esse tem o papel de educador e responsabilidade social de contribuir na promoção a saúde visando à prevenção das Ist's principalmente nesse público que apresenta uma vulnerabilidade mais evidente. DESCRITORES: Enfermagem; Educação em Saúde; Adolescentes. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2014. 2. Fontanella BJB, Gomes R. Prevenção da AIDS no período de iniciação sexual: aspectos da dimensão simbólica das condutas de homens jovens. Rev. Ciênc. saúde coletiva. 2011; 17(n.12). 3. Oliveira DC, Formozol GA. Representações sociais do cuidado prestado aos pacientes soropositivos ao HIV. Rev Bras Enferm. 2010; 63(2): 230- 237. 4. Battistus J, Ferreira M, Mesquida P. Teoria freiriana de educação e trabalho docente conscientizador Freire ' s theory of education and consciousness raiser teaching work Teoría freiriana de educación y trabajo docente de concienciación. :259-74. |