Roda de Conversa
573 | INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO NA CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLOS DE PREVEÇÃO E TRATAMENTO DE LESÕES CUTÂNEAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Lucas Henrique de Rosso (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) ; Maria Angélica Padilha (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) ; Fernanda Sant´ana Tristão (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) ; Fernanda Borges de Souza (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) ; Natália de Lourdes Diniz Menezes (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) |
Resumo: Introdução: protocolos assistenciais são documentos que contém a descrição de processos através de orientações sistematizadas baseadas nas diretrizes e evidências da literatura que permitem direcionar o trabalho e registrar oficialmente os cuidados executados na resolução ou prevenção de um problema1. Lesões cutâneas incluem qualquer anomalia que ocorre na pele sendo que algumas, como as lesões por pressão, lesões oncológicas, feridas crônicas como o pé diabético são de grande preocupação para a enfermagem por serem lesões de grande incidência e repercussão clínica. Os Protocolos sobre prevenção e tratamento de Lesões Cutâneas são documentos que podem contribuir para a segurança e qualidade da assistência de pacientes portadores de lesões cutâneas, uma vez que pode auxiliar a minimizar a variabilidade da conduta clínica contribuindo para resolutividade e segurança na atuação da enfermagem em relação aos cuidados prestados. Objetivo: relatar a experiência de trabalhadores, discentes e docentes na construção de protocolos assistenciais sobre Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas. Descrição Metodológica: trata-se de um estudo descritivo tipo relato as experiências de enfermeiros, docentes e discentes integrantes de um Grupo de Estudos e Pesquisa de um Hospital de Ensino localizado no Sul do Rio Grande do Sul. Resultados: os hospitais universitários brasileiros dentre eles os hospitais escola, são centros de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de tecnologia para a área de saúde. A efetiva prestação de serviços à população possibilita o aprimoramento constante do atendimento e a elaboração de protocolos técnicos que contribuem para melhores padrões de eficiência, à disposição da rede do Sistema Único de Saúde (SUS)2. Frente a essa missão e a necessidade de qualificar a assistência de enfermagem em relação à prevenção e tratamento de lesões cutâneas dentro da instituição os enfermeiros integrantes do grupo de pele, conjuntamente com docentes e alunos da Faculdade de Enfermagem formaram um grupo de trabalho e fomentaram as primeiras discussões para a elaboração dos protocolos assistenciais. Inicialmente o grupo optou por construir uma estratégia de trabalho que contemplasse as orientações técnicas que versam na literatura sobre a construção de protocolos, mas que também se adequasse as necessidades da instituição e as possibilidades de trabalho do grupo como a disponibilidade de recursos humanos e materiais e recursos humanos capacitados para conduzir a construção. Como estratégia de trabalho, organizou-se o processo em cinco etapas. Primeira etapa - Sensibilização: nessa etapa os enfermeiros do Hospital integrantes do Grupo de Pele passaram a discutir sobre prevenção e tratamento de lesões cutâneas em suas respectivas unidades de trabalho contando com o apoio técnico e assessoria da enfermeira coordenadora do grupo que passou a avaliar os pacientes e prestar assistência direta aos mesmos nas unidades assistenciais, realizando curativos mais complexos e estabelecendo medidas de prevenção de lesões cutâneas e concomitantemente passou a orientar as equipes para esses cuidados. Segunda Etapa - Capacitação: nessa etapa os enfermeiros participaram de palestras, seminários, reuniões de discussão sobre construção de protocolos assistenciais organizadas por docentes e alunos da Faculdade de Enfermagem onde o grupo pode tratar sobre a importância da revisão da literatura, das recomendações válidas na literatura internacional e nacional para a construção de protocolos assistenciais, diferentes métodos de estudos de revisão, e sobre as necessidades da instituição, as barreiras organizacionais relacionadas à construção e implementação de protocolos assistenciais. Terceira Etapa - Planejamento: nessa etapa o grupo planejou a construção dos protocolos sobre prevenção e tratamento de lesões cutâneas. Nesse momento foram elencadas as prioridades de trabalho onde se optou por abordar no protocolo as lesões cutâneas de maior incidência na instituição: lesões por pressão, feridas oncológicas e feridas crônicas, foi definida ainda a estrutura de formatação dos protocolos e também subgrupos de trabalho divididos por área: área clínica e cirúrgica, oncologia e cuidados paliativos e pediatria e neonatologia. Para cada subgrupo foi eleito um coordenador que ficou responsável por conduzir a elaboração dos protocolos relacionados às respectivas áreas, foi organizada também uma agenda de trabalho onde foram planejadas reuniões periódicas de discussão e sobre o andamento dos trabalhos desenvolvidos pelos subgrupos. Quarta etapa - Validação: essa etapa está em fase de planejamento. O grupo tem discutido sobre o processo de validação interna dos protocolos e a importância de compartilha-los como todos os enfermeiros da instituição através da ampla divulgação nos portais institucionais e também em reuniões de apresentação para que todos os profissionais envolvidos na sua utilização possam opinar e fazer sugestões, antes de serem implementados. Quinta etapa - Implementação: essa etapa está em fase de planejamento. Vem sendo discutida pelo grupo. Que tem reuniões periódicas com discussão sobre como serão conduzidas as etapas de: capacitação da equipe de enfermagem e construção de materiais operacionais: documentos de identificação, notificação, fluxos sobre distribuição e manutenção de equipamentos (material de reposicionamento dos pacientes, elevadores, colchões, etc.). Conclusão: a iniciativa de construir protocolos assistenciais de prevenção e tratamento de feridas que integra enfermeiros, docentes e alunos tem possibilitado alguns avanços na instituição como a formação do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas que vem dando subsídio científico para o avanço na construção dos referidos protocolos. A literatura tem indicado que metodologias de elaboração de protocolos que envolvem os profissionais em todo processo, pode ser um ponto favorável para sua implementação, pois os mesmos assumem não apenas condição de informantes, mas de participantes atuantes no processo. Esta experiência tem mostrado que a integração docente assistencial, também conhecida como, integração ensino serviço produz conhecimento e tem impacto na qualidade da assistência, ensino e pesquisa, além de favorecer o processo de formação. Contribuições/Implicações para a Enfermagem: protocolos de prevenção e tratamento de lesões cutâneas são ferramentas que qualificam o cuidado prestado por estarem vinculados às melhores práticas e quando desenvolvidos e implementados de forma integrada por enfermeiros dos serviços e docente e alunos podem ter repercussão direta na qualidade assistencial de enfermagem já que resultaram em modificações do processo assistencial, incluindo a redefinição de rotinas que podem levar a redução da incidência de determinadas lesões e de melhoria da qualidade do cuidado em outras. Outra repercussão se dá no processo de formação dos estudantes que tem a possibilidade de vivenciar as atividades de planejamento e implementação que envolvem ensino, serviço e pesquisa e poderão repercutir positivamente na sua formação por possibilitar experiências que podem ajuda-lo a minimizar obstáculos que possam surgir no processo de trabalho. Descritores: assistência integral à saúde; enfermagem; ferimentos e lesões. Este relato de experiência está vinculado ao eixo 2 (A formação em enfermagem: da política à prática profissional) e área temática 6 (Integração Ensino Serviço - Quando o Trabalho e a Escola se integram) REFERÊNCIAS: 1 Silva SG, Nascimento ERP, Salles RK. Bundle de prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica: uma construção coletiva. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2012 Dec [cited 2016 July 15] ; 21( 4 ): 837-844. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072012000400014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012000400014. 2 Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina. Parecer Coren/SC Nº 007/CT/2014. Disponível em: http://www.corensc.gov.br/wp-content/uploads/2015/07/Parecer-007-2014-CT-Elabora%C3%A7%C3%A3o-de-Protocolos-Assistenciais.pdf. Ministério da Educação (BR). Hospitais Universitários. http://portal.mec.gov.br/hospitais-universitarios 3. |