Roda de Conversa
518 | INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: RELATO DE EXPERIÊNCIA ENTRE A FACEAR E A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE ARAUCÁRIA | Autores: Samantha Reikdal Oliniski (Faculdade Educacional Araucária) ; Alexandro André Radin (Secretaria Municipal de Saúde de Araucária) ; Izabela Andrea da Silva (Faculdade Educacional Araucária) ; Marli Aparecida Rocha de Souza (Faculdade Educacional Araucária) ; Francislene de Fátima Cordeito Petz (Faculdade Educacional Araucária) |
Resumo: Introdução: A relação entre o ensino e os serviços de saúde é fundamental para a formação profissional e para o fortalecimento do Sistema Único de saúde (SUS). É por meio desta parceria que os acadêmicos têm a possibilidade, durante a graduação, de conhecer e atuar nos cenários públicos de saúde. Já para o serviço de saúde representa a possibilidade de atualização, de aprendizado e incorporação de novas estratégias e tecnologias, bem como de aquisição de recursos, inclusive de financiamento. Entende-se que esta articulação vai muito além do previsto nas legislações, como Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) e lei do estágio (Lei 11.788/2008), ela traz benefícios para todos os envolvidos, principalmente a população, que tem a acesso a um serviço diferenciado, que procura ser resolutivo e que intenta por melhores condições de saúde e de vida. Objetivo: Descrever a articulação e parceria realizada entre a Faculdade Educacional Araucária (Facear) e a Secretaria Municipal de Saúde de Araucária (SMSA), especialmente os impactos que tem gerado para a formação profissional e para o sistema de saúde local. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, baseado no convênio estabelecido e nas atividades realizadas entre a Secretaria de Saúde de Araucária e o curso de graduação em Enfermagem da Facear. Resultados: A parceria entre a Facear e a SMSA ocorre nos termos previstos em lei na realização de atividades práticas, chamadas de Ensino em Campo Clínico (ECC) e nos estágios curriculares; e também nas ações de saúde promovidas por ambas entidades junto à população. Em relação aos ECCs, as atividades ocorrem durante todo o curso e envolve as disciplinas relacionadas à saúde coletiva; saúde da mulher, criança e adolescente; saúde mental; saúde do adulto, idoso e família; saúde do trabalhador; administração; urgência e emergência; enfim, todas as grandes áreas da grade curricular. Estas atividades ocorrem na atenção básica à saúde, em que os campos são as unidades de saúde, tanto as básicas como aquelas vinculadas à Estratégia de Saúde da Família (ESF); e também nos serviços de atenção secundária, como nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e no Pronto Atendimento Infantil (PAI); e ainda na atenção terciaria no Hospital Municipal de Araucária. Nos estágios curriculares, além dos campos mencionados o acadêmico ainda tem a possibilidade de realizar o estágio em serviços específicos oferecidos pelo município, como no ambulatório de feridas, Serviço de Orientação a Aids e hepatites (SOA), vigilância à saúde; ou ainda no nível central, ou seja, na própria Secretaria de Saúde. Quanto às ações de saúde voltadas à população, referem-se às atividades organizadas em locais públicos, como praças e feiras, em que ambos cedem recursos humanos, materiais e financeiros, cuja finalidade é a promoção e prevenção da saúde. As ações em geral têm uma data ou assunto específico como mote, como por exemplo: saúde da mulher, saúde do homem, diabetes, hipertensão, alimentação saudável, saúde do trabalhador. A adesão da população é sempre significativa, envolve em média quatrocentas a quinhentas pessoas em 4h a 6h de atividade, e geram referenciamento para o atendimento nos serviços municipais de saúde dos casos que necessitam de acompanhamento ou tratamento. Além disso, os acadêmicos e docentes são estimulados a participar dos conselhos locais e municipal de saúde, que são instâncias decisórias importantes do sistema de saúde. Conclusão: Pode-se dizer que esta articulação entre ensino-serviço na realidade é uma parceria em que todos os lados colaboram e obtêm um retorno positivo. Para o sistema educacional a rede pública de saúde é um ambiente fértil para o desenvolvimento das atividades práticas, pois permite contato com a realidade e situações de saúde-doença impossíveis de simular em um ambiente como um laboratório. Já para o serviço representa a renovação, estímulo, um olhar diferente sobre os aspectos do cotidiano, ou seja, um repensar sobre a atuação profissional; além de poder contar com os alunos e professores na elaboração e desenvolvimento de ações e atividades locais, como campanhas de saúde, mutirões, atividades de educação em saúde. Enfim, trata-se de fato uma parceria com benefícios para ambas as partes e também para a comunidade, a qual poderá contar com profissionais capacitados por parte das instituições de ensino e com a prestação de cuidados de qualidade, inovadores e diferenciados por parte dos serviços de saúde. Contribuições/implicações para a Enfermagem: A relação ensino-serviço permite a formação de enfermeiros capacitados para atuar no SUS, bem como para outros ambientes de trabalho, uma vez que por meio de práticas em diferentes contextos e níveis de atenção conseguem compreender e atuar na realidade local. Além disso, permite a compreensão e valorização dos espaços públicos, inclusive no aspecto decisório e participativo do SUS. Referências: Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm Brasil. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis de Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis n. 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6º da Medida Provisória n. 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm Brehmer LCF, Ramos FRS. Experiências de integração ensino-serviço no processo de formação profissional em saúde: revisão integrativa. Rev. Eletr. Enf. 2014 Jan/Mar; 16(1): 228-37. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v16i1 Cavalheiro MTP, Guimarães AL. Formação para o SUS e os desafios da integração ensino serviço. Caderno FNEPAS. 2011 Dez; 1: 19-27. Pizzinato A, et al. A integração ensino-serviço como estratégia na formação profissional para o SUS. Rev. Bras. Educ. Medica. 2012; 36 (1, supl. 2): 170-7. |