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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 515

Roda de Conversa


515

ENFERMAGEM E NEUROEDUCAÇÃO: CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO E SAÚDE

Autores:
Edemilson Pichek dos Santos (Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT) ; Daniele dos Santos Guidotti Pereira (Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT) ; Fernanda Grasiele da Silva (Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT) ; Natália Magnus Baronio (Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT) ; Cármen Marilei Gomes (Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT)

Resumo:
ENFERMAGEM E NEUROEDUCAÇÃO: CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO E SAÚDE Introdução: As funções executivas referem-se a um conjunto de habilidades cognitivas e emocionais, que incluem um contínuo monitoramento dos processos mentais e comportamentais. O manejo e gerenciamento das funções cognitivas e comportamentais é dado pela execução dessas habilidades que possibilita, ao indivíduo, controlar ações que são exigidas pelo ambiente em que está inserido. Essas funções são caracterizadas pela atenção seletiva, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, atualização e manipulação da informação na memória de trabalho, planejamento e monitoramento das ações em andamento (1). As intervenções precoces nas funções executivas em crianças podem promover maior desenvolvimento dessas aptidões, possibilitando maior adaptação e rendimento escolar, além de prevenir diversos problemas sociais e de saúde mental (2,3). Dessa forma, a promoção do desenvolvimento dessas competências em crianças poderia prevenir e/ou minimizar dificuldades futuras (3) como: déficit de atenção, hiperatividade, comportamento agressivo, entre outros. Dessa maneira, a prática precoce de exercícios que promovam as habilidades executivas, pelo fato da criança estar em uma fase de formação dos circuitos neurais, são importantes para desenvolver mecanismos neurais que irão suportar essas habilidades durante a adolescência e vida adulta. A participação dos educadores em auxiliar e orientar o desenvolvimento de tais habilidades é fundamental (3). Amparado em tais pressupostos, desenvolveu-se o projeto de pesquisa intitulado "Intervenções precoces em sistemas cognitivos e emocionais em crianças: uma abordagem neuroeducacional" no município de Taquara/RS, junto aos professores da educação pública infantil. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada nas capacitações de professores de educação infantil do município de Taquara, para a execução de um estudo que visa promover intervenções precoces para o desenvolvimento cognitivo e emocional em crianças que frequentam a educação infantil. Descrição metodológica: Trata-se de um relato de experiência vivenciado em capacitações de professores da educação infantil, no qual foram realizados seis encontros quinzenais, com duração média de duas horas cada, com 12 professores. Para o delineamento dos encontros foram utilizados temas como disparadores das discussões com o propósito de criar-se debates e reflexões sobre o assunto proposto. Tais encontros foram conduzidos por uma Pedagoga, bem como, por estudantes dos cursos de Psicologia e Enfermagem da Faccat. Resultados: As propostas das capacitações tiveram como foco a preparação dos professores com à abordagem da Neurociências e Educação, trabalhando temas como: desenvolvimento do sistema nervoso, períodos críticos para a aprendizagem, plasticidade cerebral, o brincar e a aprendizagem, motivação e emoção, atenção e déficit de atenção, funções executivas e psicomotricidade. Também foi apresentado o instrumento que será utilizado pelos professores nas intervenções com as crianças, denominado Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas (PIAFEx), que é um manual com um conjunto de 43 atividades dividido em 10 módulos. O objetivo, desse instrumento, é estimular o desenvolvimento das funções executivas, como: a organização de materiais/rotina e manejo do tempo; a organização de ideias, estabelecimento de objetivos e planos; as funções executivas nas atividades físicas/motoras; a comunicação e gestão de conflitos; a regulação de emoções; o trabalho com os colegas; os jogos com os significados das palavras; a conversa sobre as atividades e a brincadeira planejada. Conclusão: Os educadores avaliaram positivamente as capacitações, demonstrando interesse na utilização de métodos que os auxiliem no desenvolvimento de habilidades cognitivas e executivas de seus alunos. Verificou-se que as atividades apresentadas pelo PIAFEx já são desenvolvidas de forma prática pelos educadores, porém não há uma reflexão sobre os objetivos cognitivos das mesmas. Ao vivenciarem essa capacitação, os professores, puderam perceber a importância de abordagens que relacionam a Neurociência e Educação para a promoção do desenvolvimento cognitivo e emocional infantil. Pode-se demonstrar, aos educadores, que além dos fatores genéticos e neurológicos, o desenvolvimento de tais habilidades é influenciado pelo ambiente social. Também demonstraram, como seria importante, a ampliação do estudo, para que, mais profissionais da educação tivesse tais conhecimentos, possibilitando o desenvolvimento com mais crianças, ainda nesta faixa etária, pois assim como demostra a pesquisa, quanto mais precoce, o desenvolvimento das habilidades cognitivas, maior será a capacidade de desenvolvimento no cognitivo e emocional. Contribuições para a Enfermagem: As capacitações levantaram aspectos importantes, de como o processo de desenvolvimento das habilidades executivas deve envolver uma rede multiprofissional. As variáveis como família, escola e comunidade podem influenciar nesse processo, sinalizando a necessidade da atenção da enfermagem para um cuidado preventivo, tendo uma visão além dos sintomas/doenças. A importância da inserção do enfermeiro na saúde escolar está no desenvolvimento de seu papel na escola de maneira educativa (4). Há necessidade da atuação desses profissionais, identificando as dificuldades no comportamento desse período escolar, orientando os envolvidos nesse processo, como os educadores e familiares de alunos, buscando meios para prevenir tais problemas (5). Esse estudo ressalta a importância da enfermagem na interação com outras áreas da saúde para concretização de situações que contribuam para o desenvolvimento de questões relacionadas à organização cognitiva e comportamental do ser humano. Salienta-se que tais aportes podem envolver tanto os aspectos cognitivos quanto os emocionais, criando parcerias com os demais profissionais da área da educação e da saúde. Além de ter como proposta a interdisciplinaridade, esse trabalho agrega profissionais da enfermagem, psicologia, biologia e educação em atividades e pesquisa, que se complementam e oferecem aprendizado para todos os envolvidos, acadêmicos, docentes, e professores da educação infantil. Considerando a necessidade do trabalho em equipe durante a vida profissional, atividades desenvolvidas em parceria durante a formação podem contribuir positivamente para um fazer em enfermagem de maior qualidade. Destaca-se a necessidade da presença do enfermeiro no ambiente escolar, pois esse, em sua formação, adquire habilidades em práticas educativas em saúde que podem contribuir para o desenvolvimento das crianças. Desta forma, a presença da enfermagem neste estudo, vem contemplar o processo de ensino-aprendizagem na formação em saúde, pois valoriza todos os atores envolvidos, indo ao encontro das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como, das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) sobre o ensino de Enfermagem. A educação em saúde se insere em todas as práticas que envolvem SUS. Desse modo, a enfermagem também participa de abordagens que possam garantir uma qualidade de vida melhor para crianças no ambiente escolar, assim como, posteriormente em sua vida adulta. Descritores: Neurociências, educação, Enfermagem. Eixo 2 - A formação em Enfermagem: da política à prática profissional. Área temática: Integração Ensino Serviço - Quando o Trabalho e a Escola se integram Referências: 1. Herculano-Houzel S. Neurociências: Contribuições para aprendizagem. Objetiva. 2009. 2. Diamond A, Barnett WS, Thomas J, Munro S. Preschool program improves cognitive control. Science. 2007; 318(5855): 1387-1388. 3. DIAS, N. M. Desenvolvimento e avaliação de um programa interventivo de avaliação de funções executivas em crianças. Tese de Doutorado do Programa de Pós Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013. 4. Maciel EL, Oliveira CB, Frechiani JM, et al. Projeto Aprendendo Saúde na Escola: a experiência de repercussões positivas na qualidade de vida e determinantes da saúde de membros de uma comunidade escolar em Vitória, Espírito Santo. Ciênc saúde coletiva. 2010; 15(2): 389-96. 5. Cesário NCM, Costa RJV, Pereira JT. O enfermeiro no ambiente escolar: práticas educativas atuais e eficazes. Revista Tecer. 2014; 7(12): 38-47.