Roda de Conversa
467 | RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO. | Autores: Aline Furtado da Rosa (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) ; Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) ; Anna Beatriz Artigues de Araújo Vieira (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) ; Larissa Luzia Valença (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) ; Renata Jabour Saraiva (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) |
Resumo: Introdução: Trata do relato de experiência de uma atividade desenvolvida em uma Residência Multiprofissional em saúde na Rede de Atenção Básica na Região Serrana-RJ. A educação em saúde pode ser entendida como um processo que, através da comunicação, visa capacitar as pessoas com conhecimentos e habilidades para que possam fazer escolhas sobre sua saúde1. A educação deve contribuir para auto-formação do indivíduo, de modo a ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver e ensinar como se tornar cidadão2. Nesse contexto, o estudo apresenta o seguinte objetivo: Descrever a experiência da atividade de educação em saúde desenvolvida para um grupo de adolescentes que estão sob a tutela do juiz da vara de família devido às impossibilidades dos responsáveis em cuidar dessas meninas que possuem faixa etária entre 13 e 18 anos. Nesse sentido, Em meados do século XX crianças e adolescentes eram imperceptíveis aos olhos do mundo e dos direitos humanos, ou seja, eram considerados pequenos adultos sem classifica-los como grupo que demandasse uma atenção peculiar. Posteriormente, crianças e adolescentes passaram a ter visibilidade para a sociedade, o que resultou a serem alvos de inúmeras ações assistenciais, sendo uma delas a assistência no que tange a institucionalização das mesmas, a reeducação institucional auxiliaria a serem incluídos na sociedade como indivíduos capazes de viver seus direitos e deveres5. O Brasil sofreu mudanças importantes em relação à institucionalização, em especial no período pós-aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Uma das modalidades que se mantiveram como prioridade da institucionalização é o abrigamento. Pois, a des (proteção) social que as famílias do público atendido sofrem, reflete diretamente do processo de crescimento e desenvolvimento desse grupo. Segundo os dados oficiais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, crianças e adolescentes representam cerca de 34% da população brasileira, ou seja 57,1 milhões de pessoas nesta faixa etária segundo dados de 2002. Diante dessa constatação, aproximadamente metade dessas crianças e adolescentes é considerada pobre ou miserável, devido ao fato de nascerem e crescerem em domicílios prejudicados em relação á renda per capita na qual ultrapassa meio salário mínimo5. Metodologia: A Pós Graduação na modalidade de Residência em saúde do estudo em tela, é recente, teve inicio em março de 2015. E recebe: cinco enfermeiros, dois nutricionistas, dois psicólogos. As Residências Multiprofissionais e em área profissional da saúde, criadas a partir da promulgação da Lei n° 11.129 de 2005, são orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir das necessidades e realidades locais e regionais, e abrangem as profissões da área da saúde, a saber: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional3. Desta forma, com vista a atender as perspectivas de educação em serviço, em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência Social a coordenação dessa Residência percebeu a potencialidade de atender a esse grupo social por meio de atividades lúdicas, trabalhos manuais, música e palestras para abordar os temas de saúde. Assim, quinzenalmente são realizadas atividades com temas variados como: higiene corporal; perspectivas para o futuro; profissões; Infecções Sexualmente Transmissíveis; atividade física; alimentação saudável entre outros. Resultado: O processo de ensinar para esse grupo social é um desafio, visto que conquistar a atenção dessas adolescentes vai para além de técnicas pedagógicas bem desenvolvidas, requer afeto, imparcialidade e estar despido de preconceitos. Diante da participação das adolescentes nas atividades, acredita-se que essa modalidade de cuidado tem sido válida. Permite que esse grupo tenha a possibilidade de cuidar da própria saúde, contudo também é um momento para estabelecer vínculo e possibilitar o cuidado que resulta em afeto o que para muitas é algo inédito criando assim o vínculo propício uma relação horizontal. Desta forma, acredita-se que a boa relação entre os participantes do processo educativo pode ser um fator de motivação. A organização da situação de ensino, incluindo a manipulação de materiais e espaços, a organização sequencial do conteúdo do simples ao complexo e a determinação da prioridade dos temas é uma tarefa que cabe aos profissionais da área da saúde. Tanto os programas educacionais quanto outros projetos de cuidado em saúde devem ser subordinados ao aprendiz ou ao consumidor do serviço de saúde4. Conclusões: A Residência Multiprofissional em Rede de Atenção Básica tem possibilitado o treinamento dos profissionais envolvidos nos diversos setores. Essa aproximação mostra que saúde não se resume apenas a ausência de doença, mas que o cuidado pode ir além, contribuindo na formação de cidadãos que muitas vezes estão à margem da sociedade e passam despercebidos diante de problemas sociais reais e cada vez mais frequente. A residência é um patrimônio do povo brasileiro, em tempos onde o Sistema Único de Saúde (SUS) vivencia uma crise, o Governo Federal investe na formação do profissional que irá prestar serviços para sociedade. A aproximação ensino serviço traz contribuições para todos os envolvidos. A educação torna-se perene e ainda oferece melhorias na assistência prestada. Contribuições para Enfermagem: Cuidar dos excluídos não é tarefa fácil, pois, nem sempre as historias de vida são bonitas. Possibilitar o contato desses profissionais com esse grupo social é também apresentar a realidade de exclusão que o Brasil e o mundo vivem. Desenvolver um olhar atentivo para as necessidades humanas básicas de quem está esquecido é voltar para o cuidado biopsicossocial, muito apresentado na teoria e ainda pouco colocado em prática. Integrar ensino e serviço é a possibilidade de oferecer ao mercado de trabalho, profissionais que tiveram a oportunidade de aprender e a refletir sobre suas ações acertando e errando construindo e reconstruindo sua maneira singular de cuidar. Descritores: Residência não médica; educação em saúde; assistência social. Referencias: 1- Conti F, Bortolin S, Kulkamp IC. Educação e promoção à saúde: Comportamento e Conhecimento de adolescentes de colégio público e particular em relação ao Papilomavírus Humano. 2006; 18(1): 24-26. Disponível em:. Acesso em 08 julho. 2016 2- Morin E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 7a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2002. 3- Resolução CNS nº 287/1998 4- Bastable SB. O enfermeiro como educador: princípios de ensino-aprendizagem para a prática de enfermagem. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed; 2010 5- Silva GEC; Silva MCF. De menor em situação irregular a sujeitos de direitos - histórico da assistência a criança no Brasil. Revista de Humanidades, Tecnologia e Cultura. 2011; 1(2): 106-120. Disponível em: Acesso em: 10 de julho de 2016. |