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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 452

Comunicação coordenada


452

EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA COM ENFOQUE NA CONSULTA DE ENFERMAGEM À SAÚDE DA MULHER NO CICLO GRÁVIDICO PUERPERAL: CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO DE CUIDADO NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO

Autores:
Luiza Mara Correia (Faculdade de Enfermagem da UERJ) ; Ricardo José Oliveira Mouta (Faculdade de Enfermagem da UERJ) ; Lucia Helena Garcia Penna (Faculdade de Enfermagem da UERJ) ; Joana Iabrudi Carinhanha (Faculdade de Enfermagem da UERJ) ; Vanessa Bellatriz (Faculdade de Enfermagem da UERJ)

Resumo:
Introdução: A Faculdade de Enfermagem da UERJ (ENF/UERJ), ao longo de sua trajetória acadêmica, vem empreendendo esforços na organização, sistematização e estruturação das atividades de extensão a qual busca articular indiscutívelmente, o Ensino (Graduação e Pós-Graduação) e a Pesquisa. Com a adoção do Currículo integrado e a metodologia problematizadora, desde 1996, no Curso de Graduação, possibilitou a concretização de uma educação crítica, dialética e dialógica oportunizando ao Interno de Enfermagem como sujeito da aprendizagem1. Nessa perspectiva, a flexibilização curricular como eixo pedagógico direcionou estratégias de ensino aprendizagem que rompeu a prática dissociativa existente, construindo novas relações institucionais com a Secretária Municipal de Saúde do Município do Rio de Janeiro (SMS-RJ), através de Projeto de Extensão Universitária2. Objetivo: Relatar a experiência extensionista articulada à subárea assistencial IV - Saúde da Mulher III, no currículo de graduação, como estratégia de ensino aprendizagem e analisar as repercussões do projeto no âmbito da assistência no pré-natal e no pós-parto na formação do enfermeiro. Descrição metodológica: análise documental, a partir do levantamento dos prontuários das usuárias, livros de marcação e registro das consultas4. Resultados: A extensão universitária na formação do Bacharelado em Enfermagem permite a confluência das áreas de saúde e educação superior e o Sistema Único de Saúde (SUS) estabelecendo nos serviços de saúde, campos de objetos de atenção, ensino e pesquisa, através das ações e iniciativas inovadoras, reflexões e produção de conhecimento contextualizado à realidade da clientela. O aprofundamento teórico e dialógico entre os princípios do SUS (Universalidade, Equidade e Integralidade) e as inovações pedagógicas trazidas por abordagens educacionais emancipadoras e crítico-reflexivas se constituiu um marco referencial de implantação de projetos de extensão, fortalecendo o campo da formação do profissional da saúde. É nesse contexto, que em junho de 1997, o projeto "A Enfermagem Obstétrica da UERJ no atendimento pré-natal: consultas individuais e coletivas", foi implantado no Centro Municipal de Saúde Milton Fontes Magarão, desenvolvendo a Consulta de Enfermagem no Pré-natal e Puerpério. O cenário de aprendizagem oportuniza a formação do Enfermeiro na área da Saúde da Mulher, tendo como eixos pedagógicos: aspectos históricos, éticos e legais: o exercício da Enfermagem na Saúde da Mulher; Saúde da Mulher e direitos sexuais e reprodutivos; Medicalização Enfermagem no contexto da medicalização e da desmedicalização do cuidado à mulher; a consulta de enfermagem como estratégia de cuidado da mulher (aspectos éticos, legais, filosóficos, teóricos e metodológicos); Cuidando da Mulher Grávida: desenvolvimento da gravidez, modificações maternas e fetais; o cuidado à mulher grávida, a consulta pré-natal; Cuidado da Mulher no Puerpério: fisiologia e modificações, amamentação, complicações. A competência a ser atingida pelo interno: assistir à Mulher na consulta de enfermagem durante as diversas fases do ciclo vital incluindo a Gestação e o Puerpério, implementando o processo de enfermagem e desenvolver atividades educativas relacionadas à promoção e prevenção da Saúde Reprodutiva, planejamento familiar. No período de 1997 até 2015, com relação aos números de alunos foram: trinta e sete turmas no total de 1295 internos de enfermagem. E em relação aos atendimentos na consulta de enfermagem: 10.568 consultas de pré-natal, 1220 (12%) consultas de primeira vez e 9.348 (88%) subsequentes. O perfil da clientela atendida pelos internos de enfermagem: predominância da faixa etária entre 13 a 40 anos. São mulheres que se encontram em idade fértil, com maiores taxas no grupo cm menos de 18 anos e de 19 a 29 anos de idade, seguido de 30 a 40 anos. Através deste indicador é possível subsidiar processo de avaliação de ações de prevenção de saúde voltado para grupos etários específicos. O grau de escolaridade da gestante tem em sua maioria, o ensino fundamental com 63,27% (772), o ensino médio com 26,8% (327) e o ensino superior com 9,93 (123). Esse indicador sócio demográfico pode ser um agravante para a saúde das mulheres como fator de risco obstétrico. Entretanto, as relações entre o grau de escolaridade da gestante e o número de consultas de pré-natal indicam o compromisso/envolvimento da usuária com a assistência no período gestacional. As usuárias grávidas iniciaram o pré-natal com predominância antes de 12 semanas, ou seja, foram captadas principalmente, no 1º trimestre. Em relação ao número de consultas realizadas por gestantes variando de 03 a 08 consultas. Em relação ao direito do acompanhante na Consulta de Enfermagem, percebeu-se que a presença destes foi pequena, tendo basicamente a predominância de familiares do sexo feminino. A consulta de Pós-natal, o registro de atendimento iniciou-se a partir da adesão do município do Rio de Janeiro a Rede Cegonha, quando a gestante se vincula à unidade de referência e ao transporte seguro garantindo boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento. A construção do conhecimento criativo no desenho do Projeto Pedagógico do Curso na subárea assistencial IV ampliou a reflexão e interação do interno de enfermagem no cenário de prática do cuidado à mulher no período gestacional e puerperal com evidências de integração ensino-serviço, superando os desafios de aprender a aprender, construindo o conhecimento, participando do processo assistencial em que estão inseridos e tendo o professor como facilitador e orientador do processo pedagógico. As consultas são realizadas conforme diretrizes do Ministério da Saúde e das Rotinas para gestantes de Baixo Risco da SMS/RJ). Conclusão: A busca de estratégias de articulação e interação entre as atividades fins da universidade, fortalecendo a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão permitiu a permanente intermediação com a realidade do âmbito do SUS na formação do interno de enfermagem, articulando a teoria com a prática, oportunizando as situações reais de forma a preparar nas múltiplas competências e habilidades no cuidado a mulher nas diversas fases do ciclo vital, capacitando a reconhecer, interpretar e resolver os problemas específicos e situações em gerais. Desta forma, torna-se possível capacitar os graduandos para o exercício da cidadania, bem como a assunção do papel de sujeitos de transformação da realidade, apresentando respostas para os grandes problemas contemporâneos3. Contribuições para a Enfermagem: A experiência de flexibilização curricular, a partir de 1997, com a introdução da consulta de Enfermagem a mulher agregou a interseção entre a saúde e a educação, oportunizando a vivência na formação, de modo sistemático. Destaca-se que a experiência prática oriunda do internato de Enfermagem no cuidado a mulher articula o currículo prescrito com as questões que emergem do mundo do trabalho, e, sobretudo, o reconhecimento do valor do "aprender a aprender", "aprender a fazer", "aprender a ser" e "aprender a conviver". O desenvolvimento da subárea realçam a flexibilização da incorporação das demandas do serviço na operacionalização da subárea, produção de conhecimento com base nas experiências desenvolvidas para subsidiar as ações de forma contextualizada segundo as políticas de saúde da mulher. Referências: 1. Faculdade de Enfermagem da UERJ. Projeto Pedagógico de Curso. Rio de Janeiro, 2013.; 2..Penna, LHG; Correia, LM.; Silveira, ACF. Salgado, APA. Projeto de extensão universitária: a Enfermagem Obstétrica no atendimento pré-natal e baixo risco. Revista Enfermagem, Rio de Janeiro, 2006, abr/jun; 14(2): 253-9.; 3Correia, LMC. Metamorfose dos Cursos de Graduação em Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ, Programa de Pós-graduação em Enfermagem, 2015. 260 f.; 4. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Livro de registro das Consultas de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da UERJ. 2007, 100fl