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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 444

Comunicação coordenada


444

OS SENTIDOS DA INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA VISÃO DE SEUS PROTAGONISTAS

Autores:
Margarete Maria de Lima (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Daiana Kloh (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Aline Bussolo Correa (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Kenya Schmidt Reibnitz (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA)

Resumo:
Introdução A integração ensino-serviço é o processo de compartilhamento de saberes e responsabilidades frente a qualificação dos profissionais de saúde e da assistência em saúde. Trata-se de uma conquista gradual e contínua, um compromisso a ser reiterado permanentemente para além das pessoas, mas com elas. Um compromisso político institucional para o fortalecimento do processo de formação dos profissionais de saúde voltados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Nas últimas décadas, incentivos governamentais tem buscado fortalecer o processo de integração ensino-serviço, entre eles, destaca-se o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde). O objetivo do Programa Pró-Saúde é aproximar instituições de ensino superior e os serviços de saúde visando à transformação do ensino e assegurando uma atenção integral no processo saúde-doença que ofereça respostas concretas às atuais necessidades de saúde da população e à preparação para o trabalho no SUS (1). Contudo, questiona-se qual a compreensão dos protagonistas perante o termo integração ensino-serviço. A compreensão dos protagonistas pode desvelar os sentidos, seja eles positivos ou negativos, do processo de aproximação entre os "mundos" do ensino e do serviço. Objetivo Identificar o processo de integração ensino-serviço na ótica dos enfermeiros docentes, discentes e dos profissionais de saúde que recebem estudantes nos serviços. Metodologia Trata-se de um estudo de caso coletivo, com abordagem qualitativa (2). Os casos foram dois cursos de graduação em enfermagem do sul do Brasil, contemplados com o Programa Pró-Saúde através dos editais 2005 e 2007. A coleta de dados ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2015, realizada por meio de entrevista semiestruturada, face a face, com 31 participantes, sendo: docentes (9), estudantes (12) e profissionais de saúde que recebem estudantes no serviço (10). A análise dos dados foi guiada pela proposta de Stake, conforme a pergunta analítica: como os sujeitos do estudo percebem a integração ensino-serviço? Esta investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética de número 45354115.8.0000.0121 e parecer consubstanciado de número 045931/2015. Resultados A integração ensino-serviço é compreendida pelos participantes do estudo como um espaço propício para o processo de aprendizagem a partir da troca de saber, em que todos são beneficiados. Avocam o compromisso de formar para o SUS, reconhecendo a realidade da comunidade, do serviço, em nível individual e coletivo, inserir-se de fato na comunidade. Além de ser compreendida como processo de aprendizado, a integração ensino-serviço também é mencionada como um processo avaliativo do serviço e do ensino. O serviço é avaliado com a presença do aluno em seu espaço físico, assim como, ocorre uma avaliação do serviço em relação à formação dos profissionais do saúde. Destaca-se que a compreensão de integração ensino-serviço está intimamente voltada as relações interpessoais. Neste sentido, ela pode ser compreendida como processo de troca quando ocorre uma abertura do serviço e do ensino para o diálogo efetivo e a construção coletiva das atividades a serem compartilhadas. Assim como, ela pode ser compreendida, quando não há um diálogo e compartilhamento de ações e objetivos, como uma ação pontual de ensino do professor ou da fase do curso, descaracterizando o real significado da integração ensino-serviço. Destaca-se que as dificuldades burocráticas existentes no ensino e principalmente no serviço, de acordo principalmente com o gestor local, limitam a efetivação na prática das políticas ministeriais de incentivo à integração ensino-serviço, como o Programa Pró-Saúde. Discussão A compreensão da integração ensino-serviço está atrelada ao processo de educação permanente em saúde, a partir do estabelecimento de relações de trocas de saberes, com a realização de pesquisas e um processo de autoavaliação do ensino e serviço, considerando conhecimentos prévios e atualizações, o que torna a união destes dois mundos necessária e complementar. Assim como, a compreensão está voltada as relações interpessoais estabelecidas entre os protagonistas da integração ensino-serviço. Quando a relação interpessoal é permeada por um processo de diálogo, compartilhamento de objetivos e metas, a integração é fortalecida e torna-se um processo coeso e coerente. Do contrário, ela assimila-se a cantiga popular "Ciranda Cirandinha vamos todos cirandar [...] o anel que tu me deste era lindo e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou". Isto é, considera-se a integração entre ensino-serviço um elemento muito frágil, sujeito aos vendavais e tempestades oriundas de mudanças políticas locais de saúde e ideologias divergentes. Embora o discurso seja um consenso da sua importância. Desse modo, fortalecer o vínculo entre os protagonistas necessita ser uma meta compartilhada por todos, bem como, fazer com que equívocos cometidos pelo ensino ou serviço possam ser encarados como instrumento do processo de reflexão, e não recorrentes e perpetuados. A integração ensino-serviço, analisada a partir de uma prática reflexiva, é provocativa para seus protagonistas, uma vez que requer uma postura ativa, de cativação sobre o vivido, de criar e recriar ações conforme políticas do SUS, afrontando o estado de inércia de alguns protagonistas, nas atividades que envolvem a formação e no trabalho em saúde. Considerações finais A integração ensino-serviço é compreendida como um processo de beneficia o ensino e o serviço. Contudo, não depende de um protagonista ou outro, mas, sim, parte de um compromisso de responsabilidade de todos a partir do diálogo efetivo e de relações interpessoais. Diminuir os limites que dificultam a integração ensino-serviço e fazer do cenário da prática um processo de construção coletiva é o desafio de todos os protagonistas que acreditam em uma formação voltada ao SUS, crítica e reflexiva. Deste modo, cabe sugerir pesquisas de campo voltadas a exploração e construção das relações interpessoais para fortalecimento da integração ensino-serviço. Além da possibilidade de novas pesquisas, este estudo contribui para o fortalecimento da formação em enfermagem como uma disciplina científica e que necessita da integração ensino-serviço para aprender e compreender suas ações baseados em evidências, construção e aperfeiçoamento de saberes, automaticamente, resultando em melhorias para a assistência em saúde. Referência 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde - Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 2. STAKE, R. A arte de investigação com estudos de caso. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007. Descritores: Enfermagem. Integração Docente-Assistencial. Educação em Enfermagem. Eixo 1 - Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermagem Area temática 6. Integração Ensino Serviço - Quando o Trabalho e a Escola se integram