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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 386

Roda de Conversa


386

CONTRIBUIÇÕES DO PET-SAÚDE NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA PERPESCTIVA DOS ACADÊMICOS PARTICIPANTES

Autores:
Valeria de Carvalho Araújo Siqueira (Universidade Federal de Mato Grosso) ; Bruce Daniel de Queiroz (Universidade Federal de Mato Grosso) ; Jenniffer Francielli de Sousa Alves (Universidade Federal de Mato Grosso) ; Ludmilla Campos Fernandes Silva (Universidade Federal de Mato Grosso) ; Rafaella Villa Moraes (Universidade Federal de Mato Grosso)

Resumo:
O Programa de Educação pelo Trabalho para a saúde (PETSaúde) é um programa de articulação entre os Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial(1). O PET Vigilância em Saúde é uma proposta a partir do PET-Saúde, que tem como objetivo promover a formação de grupos de aprendizagem tutorial para desenvolvimento de atividades em áreas estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS), incentivando a integração ensino-serviço-comunidade, por meio da inserção de docentes e estudantes de graduação na rede pública de saúde(2). Dentre os subprojetos do PET Vigilância em Saúde (VS), temos a Rede Cegonha, o qual trata-se esse estudo. A Rede Cegonha é uma estratégia implantada em 2011 pelo Governo Federal e integra a política de Estado para humanização do parto e nascimento(3). Consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério. Visa, também, assegurar à criança o direito ao nascimento seguro a ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. O presente grupo tutorial de estudo contou com quatro alunos dos cursos de Ciências Biológicas, Enfermagem, Psicologia e Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso. O objetivo do estudo foi relatar a experiência dos acadêmicos na vivência do PETSaúde para a contribuição na sua formação profissional. Para a elaboração do projeto de intervenção, utilizou-se a Metodologia da Problematização, incorpora o esquema do Arco de Maguerez (4). Tal arco parte da realidade social e após análise, levantamento de hipóteses e possíveis soluções, retorna à realidade. As consequências deverão ser traduzidas em novas ações, desta vez com mais informações, capazes de provocar intencionalmente algum tipo de transformação nessa mesma realidade. Para o desenvolvimento dessa metodologia, é necessário seguir alguns passos: (1) observação da realidade (levantamento do problema); (2) pontos chaves; (3) teorização; (4) hipóteses de solução e a (5) aplicação à realidade (prática)(5). As atividades foram desenvolvidas pelo grupo tutorial de estudo e pela preceptora e enfermeira da Equipe de Saúde da Família (ESF) e coordenado por uma tutora docente do curso de enfermagem (UFMT). A ESF em questão localiza-se na periferia do município de Cuiabá/MT e atende a cerca de quatro mil pessoas, com 1040 famílias cadastradas. O grupo acompanhou a rotina do local semanalmente, observando atentamente possíveis problemas baseados nas diretrizes da Rede Cegonha. A equipe realizava encontros para discutir os apontamentos de cada aluno e após diálogos e concordâncias, observou-se que os problemas se concentravam na atenção à saúde da mulher, sendo eles essencialmente relacionado a: baixa adesão das mulheres ao exame de colpocitologia oncótica (CCO); diagnósticos, por vezes tardios de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na comunidade incluindo em gestantes, sendo este agravo não notificado no sistema de informação; casos de gravidez não planejada, muitas delas em adolescentes; ausência de atividades educativas voltadas as adolescentes, mulheres e gestantes, e programa de planejamento familiar ineficiente. Após elencados os problemas, buscou-se a teorização nas referências bibliográficas para os temas em que se basearam a construção das hipóteses de solução. Para que fossem solucionados os problemas elencados, pensou-se na criação de um dispositivo cujo foco é o desapego às ideias pré-concebidas e a liberação do processo de pensar desobrigado das regras do pensar lógico e racional, ou seja, criou-se um grupo de discussão formado pela equipe multiprofissional da ESF visando trazer à tona angústias e dificuldades enfrentadas pela equipe na unidade, principalmente com relação à saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, gestação, ISTs e CCO. Os grupos de discussão foram divididos em 3 etapas: a 1ª ETAPA- foi uma oficina de sensibilização da equipe de saúde: sendo realizados três encontros com a equipe do USF para integrá-los no projeto, incentivando sobre a importância de seu papel como profissional de saúde na comunidade e promover a realização das ações de vigilância em saúde da mulher, conforme os problemas já identificados. A 2ª ETAPA- foi com o grupo de mulheres da comunidade, trabalhando sob a ótica de empoderamento desse grupo, sobre o seu direito a sexualidade, sobre o Planejamento Familiar, saúde sexual, e controle das ISTs. Já a 3ª ETAPA foi a oficina de sexualidade na adolescência, com encontros mensais na escola da área de abrangência a fim de realizar uma reflexão com os adolescentes sobre saúde sexual e projetos de vida. Assim, para os acadêmicos de enfermagem, possibilitou reconhecer a importância do trabalho em grupo, na contribuição para registrar as informações e dialogar os achados, ao conviver com outros alunos, bolsistas, de outras formações, muito se agregou com as suas experiências distintas. Para o acadêmico de psicologia, além do conhecimento e pratica do tripé que sustenta a universidade, possibilitou a rica vivência do trabalho multiprofissional que deve e pode ser executado entre os profissionais de saúde e como sua articulação pode somar para uma prática mais eficiente e de melhor qualidade á comunidade. Para a saúde coletiva, é um programa articulador, promovendo maior conhecimento científico, a trandisciplinariedade, reflexão e postura crítica à cerca da realidade. É importante também para formação de profissionais com perfis diferenciados, pautados nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Já pra a acadêmica de Ciências Biológicas, o PET proporcionou na formação acadêmica a oportunidade de atuação na área da saúde que a graduação normalmente não oferece. Conhecer a sistematização do SUS através da extensão universitária e de um trabalho em equipe multidisciplinar foi singularmente proveitoso e válido. A experiência possibilitou conhecer melhor o SUS, bem como atuar ao lado de diversos profissionais sob outros olhares com potenciais diagnósticos para solução de dado problema. Conclui-se que a utilização da Metodologia da Problematização, possibilitou intervir de maneira eficaz de modo que partiu-se dos pontos elencados pelos profissionais e comunidade como problemas reais da ESF e a teorização destes forneceu o suporte para que efetivassem as ações transformadoras. A contribuição deste estudo para a saúde, além de mudanças de práticas no local de estudo, também possibilita a reflexão dos acadêmicos e profissionais acerca do planejamento de suas ações em saúde, além de fortalecer a integração ensino-serviço-comunidade e estimular o olhar crítico dos docentes e profissionais a partir de problemas reais existentes na comunidade, levando não apenas a reflexão da temática, mas também a aplicação de estratégias e ações a realidade, visando a solução ou a minimização dos problemas elencados. Educação. Formação acadêmica. Interdisciplinaridade. 1 Ministério da Saúde (BR). Programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde (PET-Saúde). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde. Disponível em: http://www.prosaude.org/noticias/sem2011Pet/index.php. Acessado em: 03/05/15. 2 Ministério da Saúde (BR). Ministério da Educação (BR). Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET - Saúde. Brasília: 2008. 3 Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui a Rede Cegonha, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília, 2011. 4 Berbel, NN. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface - Comunicação, Saúde, Educação 2(2):139-54, 1998. 5 Bordenave JD, Pereira AM. Estratégias de Ensino- Aprendizagem. 12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1991. 9-11 p.