Roda de Conversa
260 | INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Lidia Dalgallo Zarpellon (Universidade Estadual de Ponta Grossa) ; Eldeni Lorena Eichelbaum (Universidade Estadual de Ponta Grossa) ; Ana Paula Veber (Universidade Estadual de Ponta Grossa) ; Maria José Silva (Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa) ; Pollyanna Kássia de Oliveira Borges (Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa) |
Resumo: INTRODUÇÃO: Para que ocorra a formação do enfermeiro é primordial que ocorra aproximação do ensino ao serviço, e vice versa, surge, por um lado, como uma estratégia de reorientação da formação em saúde, na medida em que proporciona aprendizagens significativas e, por outro, como um mecanismo para potencializações e melhorias das ações de cuidado em saúde(1). A interseção entre serviços e ensino tem papel importante na formação em saúde e para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e as consequências destas práticas refletem, para além do aprendizado dos conteúdos teóricos, em uma reflexão sobre o vivido por intermédio dos sujeitos/estudantes. Se apresentando, portanto, como espaços privilegiados para a transformação e consolidação dos modelos de atenção à saúde, pautados pelos valores do SUS. As estratégias e ações adotadas para a integração ensino-serviço, com a finalidade de facilitar o processo de formação profissional na área da saúde, em consonância com as diretrizes e princípios do (SUS). Também aponta as descobertas, os avanços, as potencialidades, as dificuldades e os pontos críticos encontrados no processo de formação profissional, facilitado pela integração ensino-serviço no contexto da Atenção Primária à Saúde. A integração ensino-serviço, com trabalho coletivo pactuado, articulado e integrado de acadêmicos e professores dos cursos de formação na área da saúde com trabalhadores que compõem as equipes dos serviços de saúde, incluindo-se aí os gestores, cuja finalidade é a qualidade de atenção à saúde individual e coletiva, proporciona a excelência da formação profissional e o desenvolvimento/satisfação dos trabalhadores dos serviços(2). A aprendizagem nos serviços potencializa o desenvolvimento curricular, favorece a aproximação das instituições de ensino superior com a comunidade, e oportuniza um espaço para reflexão crítica para a busca de solução para os reais problemas de saúde. Além disso, proporciona um espaço de troca entre acadêmico e profissional, favorecendo a chegada de novas ideias e práticas que ressignificam o trabalho do profissional(1). Diante desta realidade vivenciada, é que se fundamenta e sustenta esta iniciativa da proposta de intervenção pedagógica como importante estratégia de reflexão, discussão e instrumentalização dos docentes e profissionais de saúde que realizam supervisão dos acadêmicos de enfermagem em cenários de práticas na atenção primária à saúde. OBJETIVOS: Sensibilizar docentes e supervisores de estágio de enfermagem no processo de formação para a integração ensino - serviço. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Pesquisa de intervenção com abordagem de pesquisa-ação(3). Oficina realizada no dia 17 de junho de 2015, contou com 5 docentes/supervisores da UEPG e 13 supervisores/técnicos da Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa - PR, envolvidos no acompanhamento do estágio supervisionado de enfermagem do último ano do curso de enfermagem na atenção primária à saúde. Atendeu-se a Resolução CNS nº 466/2012. Parecer nº. 059314/2015 COEP/UEPG. Aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual. Coleta de dados gravados e transcritos, analisados pela Técnica da Análise de Conteúdo(4). RESULTADOS: Destaca-se a categoria "integração ensino-serviço": participantes descreveram de forma positiva e benéfica a integração entre o serviço público municipal em saúde e a UEPG, relacionada ao estágio supervisionado de enfermagem, ressaltando a contribuição da integração ensino-serviço na formação dos enfermeiros: "Já faz muitos anos que eu acompanho alunos da UEPG, e com algumas exceções todos estão bem colocados no mercado, então acho que a universidade em conjunto com os serviços de saúde, está cumprindo com seu papel de formador mesmo com todas as dificuldades....(Docente 2) Todos estão envolvidos, co-partícipes. Essa interação, essa participação, é que contribui para essa formação" (Supervisor 2). Formar os profissionais de saúde em consonância às diretrizes e princípios do sistema único de saúde contribuir para melhoria das condições de saúde da população. Acredita-se em propostas curriculares que aproximem-se do cotidiano dos serviços, assumindo novas posições para docentes e discentes(1). Apenas, e pouco frequente, emergiu das falas o controle social como manifestação política nas comunidades, e a importância da inserção precoce dos acadêmicos nos serviços como contribuinte para este processo: "Eu me sinto tão feliz em estar vivenciando este momento... Essa questão da união da universidade com a prática, eu vejo que favorece até a questão da politização dos alunos, ele se interessa mais em saber as coisas, e formar opinião própria, formar os conselhos locais" (Supervisor 3). Uma forma de estabelecer este processo é apostar na educação permanente, a qual possibilita, ao mesmo tempo, o desenvolvimento pessoal daqueles que trabalham na área da saúde e o desenvolvimento das instituições. Reforça a relação das ações de formação com a gestão do sistema e dos serviços, com o trabalho da atenção à saúde e com o controle social. Penso que unindo docentes, estudantes e profissionais de saúde com o foco central no usuário, esta dicotomia entre o ensino e a produção dos cuidados em saúde se ameniza, assim, é preciso investir na sensibilização dos atores inseridos nos cenários onde se desenvolvem os cuidados e o processo de ensino-aprendizagem (Docente 4). Operacionalmente, a universidade deve se preocupar em identificar necessidades dos serviços e cenários de prática, estabelecendo pactos de contribuição docente/discente para tais serviços. Devem estar incluídos nestes pactos: negociação de espaços, horários e tecnologias para adequação das atividades do serviço e das práticas educacionais. Além disso, em contrapartida, é fundamental a participação de profissionais dos serviços e usuários nas discussões educacionais de formação na área da saúde. Os profissionais do serviço devem sentir-se co-responsáveis pela formação dos futuros profissionais, assim como os docentes devem considerar-se parte dos serviços de saúde(5). Estas relações favorecem o desenvolvimento do trabalho em equipe matricial, facilita a melhoria permanente da qualidade do cuidado à saúde e a humanização do atendimento da população, contribui para o resultado da democratização dos espaços de trabalho, do desenvolvimento da capacidade de aprender e de ensinar de todos os atores envolvidos, na busca de soluções criativas para os problemas. CONCLUSÃO: Certamente a realização da oficina foi um momento ímpar de aprendizado, de troca, de reivindicar, de expor suas ideias e seus pensamentos, de compartilhar e de planejar ações voltadas para a concretização da interação ensino-serviço. CONTRIBUIÇÕES / IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Auxiliar no processo de reflexão, discussão e instrumentalização dos Supervisores/Docentes da UEPG e dos Supervisores/Técnicos dos campos de estágios de enfermagem na rede de atenção primária à saúde para a integração ensino-serviço, gestão, atenção e controle social. Espera-se contribuir para o despertar de novas ideias que venham a ser utilizadas didaticamente na formação de enfermeiros e, que estes se tornem cada vez mais reflexivos e críticos em sua atuação profissional. Descritores: Ensino, Enfermagem, Educação. |