Roda de Conversa
216 | PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA CUIDADOS COM O BEBÊ: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO | Autores: Pollyanna de Siqueira Queiros (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO (UNEMAT)) ; Daniela do Carmo Oliveira (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO (UNEMAT)) ; Ana Carolona Macri Gaspar (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO (UNEMAT)) ; Denize Jussara Rupolo Dall´agnol (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO (UNEMAT)) |
Resumo: Introdução: As vivências oportunizadas pelo projeto de extensão universitária é fundamental para a formação universitária, propiciando experiências ampliadas aos graduandos, muito além daquelas obtidas nos moldes tradicionais de formação dentro da sala de aula1. A experimentação de novas realidades relacionadas ao processo saúde-doença e o aprendizado em tecnologias de intervenção como a educação em saúde, contribuem de modo significativo para a formação crítico-reflexivo, valorizando a interdisciplinaridade e os aspectos humanísticos, além da efetivação de serviços de saúde resolutivos, voltados para as necessidades de saúde da população1. O profissional enfermeiro possui um perfil de educador com vistas à promoção da saúde, prevenção de agravos e redução das vulnerabilidades associadas à saúde da criança e seus familiares. No intuito de desenvolver o perfil de educador no acadêmico de enfermagem, assim como contribuir para a melhoria da qualidade de vida das crianças e suas familiares, a extensão universitária torna-se um elemento essencial para atingir tais objetivos. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos e docentes de enfermagem oportunizadas pelo projeto de extensão universitária. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) campus Tangará da Serra/MT, oportunizados pelo projeto de extensão intitulado "Cuidados com o bebê: ações de promoção da saúde e prevenção de agravos" institucionalizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UNEMAT. As atividades de educação em saúde são desenvolvidas com vistas à promoção da saúde e prevenção de agravos direcionados aos neonatos, lactentes e suas famílias. Este projeto conta com uma equipe de professores e acadêmicos, destes, dois são bolsistas e quatro são voluntários. As estratégias de promoção de saúde e prevenção de agravos aos neonatos e lactentes são realizadas junto à grupos de familiares/responsáveis legais pelas crianças; conduzidas por discentes do curso de enfermagem sob a supervisão dos enfermeiros responsáveis pelo projeto extensionista. As ações são realizadas em sala de espera de um hospital privado, especializado na saúde materno-infantil, localizado no município de Tangará da Serra/MT. Esta instituição de saúde é parceira dos projetos apresentados e já foi campo de práticas de campo da disciplina Saúde da Criança e do Adolescente II e dos Estágios Supervisionados I e II, da UNEMAT campus de Tangará da Serra/MT. As atividades de educação em saúde foram realizadas quinzenalmente nos períodos matutino e vespertino em dias alternados desde agosto à dezembro de 2015. No início das atividades do projeto, foi definido um cronograma com as datas e temas das atividades e de acordo com a disponibilidade dos acadêmicos, grupos de 03 componentes se revezam por encontro. Participaram em média dez adultos por encontro. Os acadêmicos utilizaram recursos materiais educativos, como folders e cartazes confeccionados pelos acadêmicos dos projetos de extensão. Resultados e discussão: Diversas temáticas foram trabalhadas até o momento, pois elas não se repetem nos encontros. Algumas delas foram, "benefícios do aleitamento materno para o binômio mãe-filho"; "nutrição da criança a partir dos seis meses de idade"; "os malefícios da utilização de bicos, chupetas e mamadeiras"; "cuidados e técnicas maternas para a amamentação"; "mitos e verdades da amamentação"; "intolerância e alergias alimentares na infância". Inicialmente para o desenvolvimento das ações, os acadêmicos devidamente uniformizados e identificados se apresentavam as pessoas que aguardavam consulta médica na sala de espera e as convidavam para participarem de uma roda de conversa. Imediatamente os acadêmicos explanavam o tema que seria trabalhado naquele dia, o tempo de duração e explicavam ainda que poderiam se ausentar da discussão caso fossem chamados para a consulta médica. Desse modo, todas as pessoas que aguardavam naquele local aceitavam participar. Posteriormente os acadêmicos discorriam sobre a temática a ser trabalhada naquele dia, conforme cronograma prévio. A roda de conversa era desenvolvida com base na literatura científica atual e também com exemplificações de situações problemas vivenciadas no cotidiano das pessoas. Durante a explanação, os acadêmicos incentivaram a participação das pessoas, para discorrerem sobre as suas experiências, dúvidas, medos e crenças. Para facilitar a discussão, utilizavam cartazes ilustrativos e folderes confeccionados pelos próprios acadêmicos. Os folderes eram doados aos sujeitos participantes das rodas de conversas. Em todos os encontros, houve a participação ativa dos familiares responsáveis legais pelas crianças, em geral eram puérperas e seus companheiros; com a efetiva sensibilização dos participantes sobre a importância da promoção da saúde e prevenção de agravos aos neonatos, e lactentes, tornando-os multiplicadores de conhecimento e consequentemente na melhoria da qualidade de vida desses indivíduos. Além dos inúmeros benefícios para a comunidade que participa dos projetos, as ações extensionistas proporcionam aos acadêmicos de enfermagem, a oportunidade de lapidar o perfil de enfermeiro educador, de apreender o conhecimento popular agregando-o ao científico, de testar e treinar a implementação de novas técnicas educativas para a comunicação eficaz e eficiente com vistas a promoção da saúde e prevenção de agravos direcionados ao público infantil, permitindo um crescimento profissional significativo desse futuro enfermeiro. As práticas educativas que foram desenvolvidas, permitiram também aos acadêmicos ampliar os seus conhecimentos, habilidades e atitudes para estratégias de promoção da saúde e prevenção de agravos relacionados aos neonatos e lactentes; para o amadurecimento crítico-reflexivo do acadêmico, o fortalecimento do comprometimento social e ético do acadêmico-enfermeiro na assistência à saúde. Considerações finais: A educação em saúde possibilitou a troca de conhecimentos, experiências e vivências entre os sujeitos envolvidos e os acadêmicos de enfermagem na construção do conhecimento coletivo. Os participantes verbalizaram grande interesse em compreender o conhecimento científico e apreender as práticas assertivas para a tomada de decisão nos cuidados com a saúde que visem o bem estar e a qualidade de vida. Ressalta-se a receptividade dos indivíduos que aguardavam consulta médica em sala de espera e que aceitarem o convite de participar das rodas de conversa com o compartilhamento das experiências a partir da temática proposta no dia. A respeito da relevância dessa experiência para os estudantes de graduação em enfermagem, a extensão universitária proporcionou espaço de vivência, experimentação e construção de uma formação integral, crítica, reflexiva e técnico-científica. Evidencia-se a importância do profissional de enfermagem para realização das orientações, desde os casos mais simples aos mais complexos para que haja uma reeducação das práticas de saúde e desmitificação de mitos. Recomenda-se que a enfermagem utilize a sala de espera para a implementação de estratégias de educação em saúde, a fim de criar espaços para que os familiares das crianças troquem experiências. As atividades também permitiram o fortalecimento do vínculo entre os sujeitos participantes e os discentes. Implicações para a enfermagem: A extensão universitária permitiu um espaço de experimentação de diversas situações relacionadas ao processo saúde-doença das crianças e suas famílias, contribuindo para uma formação qualificada, generalista, humanizada e crítico reflexiva. Ressalta-se que além de ser essencial para a formação acadêmica do enfermeiro educador, esse projeto contribuiu para a melhoria da qualidade de vida dos bebês, lactentes e suas famílias. Descritores: Saúde da criança; Estudantes de Enfermagem; Relações comunidade-Instituição Referências: 1. Biscarde DGS, Pereira-Santos M, Silva LB. Formação em saúde, extensão universitária e Sistema Único de Saúde (SUS): conexões necessárias entre conhecimento e intervenção centradas na realidade e repercussões no processo formativo. Interface Comunicação Saúde Educação. 2014; 18(48):177-861. |