Roda de Conversa
199 | SAMUZINHO NA SALA DE AULA: BRINCANDO E EDUCANDO PARA A MELHOR UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO | Autores: Keren Aliny de Souza (Graduanda de Enfermagem da Faculdade Pitágoras de Londrina) ; Cleiton José Santana (Enfermeiro do SAMU Regional Londrina. Docente da Faculdade Pitágoras de Londrina. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em enfermagem da UEM) ; Lucas Gabriel Capelari (Graduando de Enfermagem da Faculdade Pitágoras de Londrina) ; Kamila Costa Gonçalves (Graduanda de Enfermagem da Faculdade Pitágoras de Londrina) ; Renata Morais Alves (Graduanda de Enfermagem da Faculdade Pitágoras de Londrina) |
Resumo: O projeto SAMUZINHO é uma inciativa do Núcleo de Educação em Urgência - NEU, vinculado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU Regional Londrina, em decorrência dos elevados números de ligações indevidas (trotes). O SAMU Londrina, recebe em média 10.000 ligações por mês pelo número de urgência 192, e cerca de 10% são indevidas. Pensando na necessidade de transformação da realidade do serviço, no que concerne ao conhecimento da população sobre como utilizar o SAMU, optou-se por abordar crianças em idade escolar (cinco a doze anos) sobre o que é o SAMU e como acioná-lo? Realizando ações educativas lúdicas sobre a temática em sala de aula. As parcerias para a concretização do projeto tiveram início em abril de 2015, com as Instituições de Ensino Superior que contavam com graduação em enfermagem e os programas de residência em urgência e emergência e cuidados críticos. Estas parcerias resultaram em 29 educandos dispostos a desatar, por meio da educação em saúde, este nó que delonga e interfere na qualidade ofertada pelo serviço. Os acadêmicos iniciaram a dinâmica de elaboração das estratégias de ensino aprendizagem a serem utilizadas em maio de 2015, com foco no objetivo do projeto. Conscientizar as crianças, quanto à importância e finalidade do SAMU, informando sobre o uso adequado do serviço 192 e em quais situações devem aciona-lo, fazendo com que a criança compreenda a importância da prevenção e atuação correta em situações de risco, além de propiciar reflexão sobre a importância da vida e formação de multiplicadores. Com as estratégias lúdicas prontas para início da atuação junto as crianças, os coordenadores do projeto realizaram mais uma aliança, desta vez, junto a Secretária de Educação Municipal, que aceitou prontamente o projeto e indicou a escola Zumbi dos Palmares para realização do teste piloto. Foi agendado com a diretora da escola já mencionada as datas para realização das atividades que ocorreram em três momentos, em 01/07/2015 (no período matutino e vespertino) e em 03/07/2015 (no período vespertino). Em sala de aula no primeiro momento os alunos de enfermagem se apresentam e é questionado, se eles conhecem o SAMU e qual sua finalidade, procurando saber o nível de conhecimento que eles têm do serviço, logo em seguida as crianças são convidadas a aprenderem uma canção. A música é cantada e após o refrão é ensinado frase a frase, para que todos cantem juntos (futuros enfermeiros e crianças). Na sequência a história é contada de forma lúdica, onde ascrianças são convidadas a se sentarem no chão, em círculo, com o contador de histórias, propiciando ao grupo integração. Na atividade é abordada uma situação cotidiana de queda, onde há uma criança (de faixa etária similar facilitando a identificação), em companhia de sua avó assistindo televisão, no decorrer de toda a história as crianças são estimuladas a participar escolhendo os nomes dos personagens, o que estão assistindo, o que vão comer, tornando a história quase real. No intervalo passa uma propaganda do SAMU (aproveita-se para cantar novamente o refrão da música junto com as crianças), logo em seguida a avó se levanta para ir à cozinha preparar algo para comerem, porém ela tropeça e cai, deixando sua neta em uma situação desesperadora. Neste momento a neta se recorda da propaganda e tenta ligar para o serviço, mas suas tentativas são frustradas por outra pessoa que é exemplificada negativamente na figura de um palhaço que está fazendo "brincadeiras", a utilização da palavra "trote" é vetada para não instigar a curiosidade das crianças. Finalmente quando a menina consegue falar com o atendimento, ela é orientada a manter a calma e passar as informações necessárias ao atendimento, neste momento são citados os profissionais que trabalham na intervenção do SAMU (médico, enfermeira e condutor socorrista). A avó recebe o atendimento, porém para demonstrar as consequências da demora no atendimento, a avó fica com sequelas, enfatizando o quão ruim pode ser a prática de "ligações indevidas". A última atividade aplicada é o quis. Nesta atividade os alunos permanecem sentados e são divididos em dois grupos, com um integrante do projeto em cada para auxiliá-los no decorrer do jogo. As crianças são orientadas para falar baixo para o grupo não fique sabendo de suas respostas antes da revelação final. O quiz é composto por várias questões relativas ao atendimento do SAMU e como ele funciona, com questionamentos simples como qual número ligar, horário de funcionamento, profissionais atuantes no serviço e para onde os pacientes atendidos podem ser levados. Os integrantes do projeto ensaiaram exaustivamente todas as estratégias e realizam revezamento na aplicação das mesmas. Além disso, no decorrer da atividade é realizado o levantamento do número de alunos que participaram da ação educativa. Na escola onde o teste piloto foi realizado foram atendidas 212 crianças sendo 114 meninas e 98 meninos, no total até o presente momento o projeto já atendeu a aproximadamente 3200 crianças. A ação educativa piloto possibilitou a percepção de que as estratégias de ensino aprendizagem escolhidas foram assertivas, por possibilitar integração com as crianças e uma melhor compreensão da finalidade e funcionamento do serviço, porém, necessidade de pequenas adequações nas atividades aplicadas foram percebidas. Como exemplo, o tamanho da história que ficou muito grande para manuseio e também o tamanho dos desenhos e letras utilizados que ficaram pequenos prejudicando a visualização. Durante o teste piloto percebeu-se que o quis apresentava muitas repostas certas na mesma alternativa, sendo necessário trocá-las. Também já foi possível observar um leve declínio no número de "trotes" de 10% ao mês para 7% após o início da atuação do Samuzinho, o que traz ao projeto satisfação e entusiasmo de saber que o objetivo da ação está sendo aos poucos alcançado. Espera-se que não apenas as crianças, mas também a população em geral possa entender a importância que tem o serviço do SAMU, o que ele tem a oferecer a população, que mesmo as crianças se bem orientadas pelo serviço podem ajudar no atendimento de uma vítima, e o quanto as ligações indevidas podem prejudicar no atendimento, na recuperação ou até mesmo na vida da pessoa que precisa do atendimento. Com a conscientização e consequente redução do número de ligações indevidas, aumenta-se a qualidade do atendimento prestado, diminui o tempo de espera, aumentando as chances de recuperação da vítima em situação emergencial. O projeto propicia o desenvolvimento do papel de educador incumbido ao enfermeiro como atribuição da profissão, desde a verificação de sua real necessidade, seu planejamento, elaboração, implementação, recursos financeiros e humanos necessários e avaliação, fortalecendo a categoria profissional por destacar o enfermeiro como o profissional da saúde melhor preparado para a realização de educação em saúde para a população e equipe de saúde. Aos graduandos de enfermagem, o SAMUZINHO ensina como lidar com as dificuldades para obter recursos e materiais, desenvolvimento e elaboração de ideias para serem colocadas em prática e seus métodos de aprendizagem para os alunos das instituições de ensino fundamental, propiciando a criatividade e a conduta inovadora.Referências: Portal Educação [homepage na Internet]. SILVA IV. Educação em Saúde: o papel do enfermeiro como educador em saúde [acesso em 20 jun 2016]. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/21586/educacao-em-saude-o-papel-do-enfermeiro-como-educador-em-saude Descritores: SAMU, Educação em Saúde, Samuzinho |