Comunicação coordenada
185 | O DESAFIO DA INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE COMO TEMA TRANSVERSAL NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Bruna Fernanda Barbosa Queiroz (Universidade Estadual de Londrina) ; Elias Pedro da Silva Junior (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Mara Lucia Garanhani (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Marli Terezinha Oliveira Vannuchi (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Elisabete Fatima Polo Almeida Nunes (Universidade Estadual de Londrina - UEL) |
Resumo: Introdução:A formação em saúde tem utilizado diversas estratégias, dentre elas a relação teoria e prática, metodologias ativas de ensino, avaliações formativas, entre outras, com vistas a utilizar-se da diversificação de cenários de ensino-aprendizagem que aproximem o estudante dos espaços sociais extramuros. Esta ação visa propiciar a construção de pensamento crítico e reflexivo sobre a realidade que cerca o estudante, sobretudo no que diz respeito à valorização de culturas diversas na construção de um ambiente saudável .Assim, podemos constatar que propostas de articulações entre o Ensino, Serviços de saúde e a Comunidade no processo de formação profissional é antiga, tendo sido motivo de variadas experimentações, algumas das quais resultaram em avanços ao longo das últimas décadas no Brasil2.Inserido neste processo de evolução histórica da Enfermagem no cenário nacional está o Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que nasceu em 1972 e passou por sete reformulações curriculares, sendo que a ultima culminou com a criação do Currículo Integrado (CI).Esta proposta instaurou uma integração com os diferentes saberes, valorizando, no processo de ensino e aprendizagem, a ação-reflexão-ação. A construção do conhecimento parte dos conhecimentos prévios dos acadêmicos, permeando pelos novos saberes, habilidades e pensamento crítico3. Este projeto pedagógico tem sido e continua sendo um grande desafio para professores e alunos, na busca de atender às necessidades da saúde da população, inserido no mundo do trabalho em saúde. A prática pedagógica do curso desenvolve também temas transversais, ou seja, conteúdos que transpassam todas as séries de maneira crescente, articulados com os desempenhos essenciais a serem atingidos pelos estudantes. Dentre os doze temas transversais estabelecidos destaca-se o que trata da Integração Ensino-Serviço-Comunidade (IESC).Definido como a articulação entre os centros formadores de graduação e pós-graduação com os serviços de saúde nos diversos níveis de atenção e esferas governamentais e a participação social nesse processo, sendo esse o objeto de estudo na perspectiva dos estudantes.Objetivos: Compreender como o tema transversal Integração Ensino-Serviço-Comunidade é desenvolvido em um Currículo Integrado na ótica dos estudantes; analisar como o tema Integração Ensino-Serviço-Comunidade está delimitado nos módulos interdisciplinares das quatro séries de um currículo integrado de enfermagem; identificar experiências significativas de aprendizagem relacionadas a Integração Ensino-Serviço-Comunidade na formação do enfermeiro e analisar as concepções de Integração Ensino-Serviço-Comunidade para estudantes de enfermagem.Descrição metodológica: Trata-se de um estudo exploratório e compreensivo, com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, realizado no curso de enfermagem da UEL. As fontes de dados foram constituídas pelos cadernos de planejamento e desenvolvimento dos módulos interdisciplinares e pelos estudantes do curso, que participaram de seis grupos focais. Os cadernos foram submetidos à análise documental, seguindo as leituras: exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. Os encontros com os estudantes foram gravados, filmados, transcritos na íntegra e submetidos à análise temática. Participaram da pesquisa 37 estudantes. A coleta de dados ocorreu de novembro de 2014 a agosto de 2015. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da universidade em estudo com CAAE n°18931613.5.0000.5231.Resultados: Os resultados foram discutidos em três eixos temáticos: percepções da inserção da IESC no currículo em estudo, experiências significativas de IESC nos campos de prática; e concepções de IESC atribuídos pelos estudantes. A análise documental permitiu refletir que o tema transversal está sendo apresentado de forma mais implícita do que explicita, mas permite afirmar que está presente em todas as séries do curso. No entanto, no relato dos estudantes pode ser constatado por meio de atividades reflexivas sobre aspectos teóricos e práticos em todas as séries, evidenciando o desenvolvimento do tema.Várias experiências significativas de IESC nos campos de prática foram relacionadas pelos estudantes indicando que os conhecimentos adquiridos têm sentido quando aplicados à pratica. Os módulos PIM I e II que abordam as Práticas Interdisciplinar e Multiprofissional sobressaíram nas percepções dos estudantes, associados diretamente com as visitas domiciliares, sendo fonte norteadora de aprendizagens significativas, articulando diferentes conceitos teóricos do ciclo básico e profissional, ampliando conhecimentos acerca das realidades sociais, gerando independência na atuação do estudante e vivência de sentimentos que culminam com a apropriação de concepções da IESC. As concepções de IESC descritas pelos estudantes evidenciaram associações da IESC com: união de pessoas, interdisciplinaridade, processo de trabalho em saúde, relações interpessoais, integralidade e humanização. Merece destaque a interdisciplinaridade, o processo de trabalho em saúde e as relações interpessoais. Em relação às relações interpessoais trouxeram a necessidade de comunicação, participação, cooperação, empatia, respeito, harmonia, aprendizado e de valores e princípios.Conclusão:Constatamos a presença do tema transversal nos documentos dos planejamentos dos módulos interdisciplinares e nas atividades teórico práticas desenvolvidas nas quatro séries do curso em estudo. Destacamos que a organização didática do tema transversal ainda necessita de aprimoramentos, principalmente visando atingir uma maior relação e articulação das partes com o todo, religando essas partes e fazendo com que elas dialoguem entre si. Isto possibilitaria um maior aprofundamento do aprendizado e reflexão do tema. Ressaltamos a importância da IESC na formação do enfermeiro em um processo integrado entre instituições de ensino, representadas por professores, funcionários e estudantes e, enfermeiros dos serviços e demais profissionais da área da saúde, bem como com a comunidade como partícipes com caráter ativo.Contribuições:Associando os resultados da análise realizada com as premissas do conhecimento pertinente de Edgar Morin4 podemos observar que o ensino não é um conhecimento por si só, mas sim reflexo da realidade, que para ser aprendido necessita ser contextualizado, trabalhado em sua multidimensionalidade e de maneira global. A pretensão deste estudo não é apenas relatar e analisar o desenvolvimento da IESC em um currículo integrado de Enfermagem, mas estimular o desenvolvimento deste tema como possibilidade de tema transversal na formação do enfermeiro e que possa também ser desenvolvido em outras instituições de ensino. Descritores: Ensino, Serviço, Comunidade Referencias 1. Verdi M, Finkler M, Matias MCS. A dimensão ético-estético-política da Humanização do SUS: estudo avaliativo da formação de apoiadores de Santa Catarina (2012-2014).Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, n. 3, p. 363-372, 2015. 2. Costa RRO, Medeiros SM, Martins JCA, Menezes RMP, Araújo MS. O uso da simulação no contexto da educação e formação em saúde e enfermagem: uma reflexão acadêmica. Revista Espaço Para A Saúde, 6(1):59-65; 2015. 3. Vilela SC, Carvalho AMP, Carvalho LJ. Relação interpessoal como forma de cuidado em enfermagem nas estratégias de saúde da família. RevEnfermUERJ.2014; 22(1):96-102. 4. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Edgar Morin; tradução: Eliane Lisboa. 5ª edição. - Porto Alegre Sulina, 2015a, 120p. |