Comunicação coordenada
132 | EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA | Autores: Solange de Fátima Reis Conterno (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste) ; Rosa Maria Rodrigues (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste) ; Ivy Regina Medeiros Fernandes (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste) ; Nathalia Vasconcelos Fracasso (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste) ; Stephanie Pianaro de Castro (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste) |
Resumo: EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA Introdução: A intersecção entre saúde e educação é um consenso estabelecido à longa data, entretanto, a sua articulação nos ambientes em que se podem desenvolver atividades de educação escolar e de assistência à saúde ainda se constitui em desafio. Na perspectiva das políticas públicas de saúde estabeleceu-se no Decreto Presidencial nº 6286/2007, a constituição do Programa Saúde na Escola (PSE) com a finalidade de "contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção, e atenção a saúde"1(1) reforçando a lógica de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, ganha relevância propostas de atuação em saúde na escola que reforcem um conceito ampliado de saúde e educação e que caminhem na direção da integração entre os cenários da saúde e da educação escolar. A atividade de extensão busca fortalecer as ações de ensino, através da criação de campos de atuação permanentes contemplando atividades sistematizadas, problematizadas, projetadas coletivamente pelos sujeitos envolvidos mostrando ao aluno da graduação as possibilidades de sua inserção na saúde escolar. Do ponto de vista da comunidade escolar pretende-se apoiar as ações educativas que devem acontecer na escola fortalecendo a relação entre a instituição escolar e a instituição de saúde. Objetivo: Relatar a implementação de ações direcionadas a saúde do escolar desenvolvidas por meio de projeto de extensão. Descrição metodológica: Trata-se de relato de experiência de atividades educativas desenvolvida em projeto de extensão intitulado: "Educação e saúde na escola", em que ações desenvolvidas tiveram como suporte a realidade vivenciada pelos sujeitos e a escuta e envolvimento de todos em sua implementação; compreendendo que a ação educativa é um ato intencional, amparando-se no diálogo como principal ferramenta2. Registrou-se a atividade em diário de campo. Resultados: Realizou-se diagnóstico da realidade na qual se desenvolveram as ações de saúde escolar, primeiramente, por meio de conversa com enfermeiras, pediatra, odontólogo, agentes comunitários de saúde e acadêmicas de enfermagem, em estágio curricular, que atuavam em Unidade de Saúde da Família (ESF) de um bairro do município de Cascavel (PR), para identificar quais problemas/agravos de saúde eram mais recorrentes entre as crianças e adolescentes em idade escolar. Desse primeiro diagnóstico identificou-se que a gravidez na adolescência era um problema a ser trabalhado com alunos das séries finais do ensino fundamental. Em seguida o grupo problematizou as condições identificadas e estabeleceu diálogo com a equipe pedagógica do Colégio Estadual do bairro para a definição de possíveis alternativas de atuação. A conversa com a equipe pedagógica respaldou o diagnóstico de que a gravidez na adolescência tem sido um problema que a escola tem enfrentado, pois muitas adolescentes engravidam e abandonam a rotina de estudos. Após a identificação das problemáticas definiu-se as atividades educativas a serem desenvolvidas, foi planejado uma oficina sobre a temática "Sexualidade e gravidez na adolescência" com carga horária de 4 horas/aula a ser realizada com as seis turmas da sétima série do período vespertino. Os temas abordados com os escolares foram: mudanças no corpo na adolescência; fecundação; reflexão sobre a gravidez na adolescência; métodos contraceptivos; principais IST (Infecção Sexualmente Transmissível) e Projeto de vida. Esperou-se com o desenvolvimento da oficina que os alunos conseguissem: entender o processo de fecundação, gravidez e parto; compreender a utilização dos principais métodos contraceptivos; assimilar o processo de transmissão das principais IST e refletir sobre a possibilidade de construção de projeto de vida e de planejamento do futuro. As atividades foram realizadas entre os dias 08 e 20 de junho de 2016 com todas as sétimas séries do período vespertino. Em cada tarde trabalhava-se com duas séries as quais eram distribuídas em um grupo de meninas e um grupo de meninos, adotou-se essa estratégia metodológica com o intuito de promover o diálogo e envolver os sujeitos a partir das dúvidas mais singulares. A abordagem do conteúdo ocorreu por meio de exposição dialogada mediada por diferentes recursos visuais, vídeos, dinâmica de revisão do tema trabalhado - "Quiz". Para concluir a atividade realizou-se a dinâmica sobre o projeto de vida a qual objetivou levar os adolescentes a pensarem sobre o futuro, assim foi solicitado que escrevessem em uma folha o que projetaram para viverem no futuro e colocassem em um envelope que será devolvido aos que estiverem na escola em 2021, ano que muitos deles estarão concluindo o ensino médio. No decorrer da atividade educativa realizou-se o diário de campo destacando o conteúdo trabalhado e as reações, manifestações e comportamento dos participantes. É possível registrar que as atividades educativas com os adolescentes foram significativas, pois foram sanadas muitas dúvidas, principalmente quanto às mudanças ocorridas na puberdade; sobre as primeiras experiências sexuais; dúvidas sobre a menstruação e o processo de fecundação. Notou-se que os adolescentes ainda possuem muitas dúvidas quanto ao tema sexualidade. Quanto à dinâmica de projeto de futuro foi possível perceber, de forma geral, que os adolescentes possuem valores, sonhos e intenções. Muitos pretendem seguir uma profissão, ter um "bom emprego" para poder cuidar da família, adquirir bens materiais como: casa, apartamento, carro, empresa, lan house e ter celular da moda. Foi possível perceber que muitos querem viver relacionamentos, denominados por eles como "sérios" ou "fixos". Muitos expressaram que querem ser felizes, viajar e manter amizades. Ser feliz apareceu em várias cartas, denotando que é um ideal a ser alcançado. E a felicidade para muitos não significa só estar bem economicamente, mas principalmente a família estar bem. Conclusão: A experiência possibilitou o contato com a realidade e os problemas vivenciados por adolescentes em idade escolar acerca da sexualidade; elaborar estratégias educativas para abordar a temática em questão, bem como, superar o consenso de que adolescentes não possuem valores ou perspectiva de uma vida futura, ou de que as atitudes do adolescente são condicionadas somente pelo "aqui e o agora". Contribuições para a Enfermagem: Espera-se articular ações de ensino, pesquisa e extensão relacionadas à educação e saúde na escola desenvolvendo atividades prevenção, promoção e proteção à saúde do escolar. Descritores: Enfermagem, Saúde escolar, Educação em saúde . Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Saúde na Escola. Caderno do Gestor. Brasília; 2015. 2. Freire. P. Pedagogia do Oprimido (25ª. ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. Eixo 2 - A formação em Enfermagem: da política à prática profissional Área temática - Integração Ensino Serviço- Quando o Trabalho e a escola se integram |