Roda de Conversa
127 | EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO PERMANENTE | Autores: Rosa Maria Rodrigues (Enfermeira. Doutora em Educação. Professora Associada no Curso de Graduação em Enfermagem e no Mestrado de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste/Cascavel/PR.) ; Solange de Fátima Reis Conterno (Pedagoga. Doutora em Educação. Professora Adjunta no Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste/Cascavel/PR.) ; Gilson Fernandes da Silva (Enfermeiro. Núcleo de Educação Permanente da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Cascavel/PR. Aluno do Mestrado de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste/Cascavel/PR.) ; Elaine Maria Dainez (Enfermeira. Diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel/PR.) ; Marta Ferreira de Souza (Enfermeira. Diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel/PR.) |
Resumo: Introdução: A educação permanente se impõe como política para as instituições que prestam serviços de saúde a partir de 2004, com a emissão da Portaria 198/2004, do Ministério da Saúde versando sobre o tema, a qual foi reformulada pela Portaria 1996/2007-MS, vigente até o momento. Neste documento entende-se que a educação permanente se direcione aos problemas da realidade considerando conhecimentos e experiências dos atores envolvidos. Indica como metodologia a problematização do processo de trabalho e defende que as necessidades de educação dos trabalhadores se alicercem nas necessidades de saúde das pessoas e populações1. Relata-se experiência de educação permanente integrando o curso de enfermagem e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), de um município paranaense. O Curso de bacharelado em enfermagem funciona de forma integrada com a licenciatura na qual os acadêmicos desenvolvem atividades docentes em Centro Estadual de Educação Profissional de Técnicos em Enfermagem e atividade de educação permanente em instituições de saúde, no Estágio Supervisionado em Prática de Ensino, no qual o acadêmico precisa cumprir uma carga horária docente de 16horas. Objetivo: Relatar a experiência de educação permanente entre universidade e serviço. Descrição metodológica: Trata-se de relato de experiência de atividade desenvolvida em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde através da Divisão de Gestão de Pessoas e do Núcleo de Educação Permanente, para levantamento de necessidades de educação permanente e desenvolvimento de ação docente diante das necessidades identificadas. Resultados: Realizou-se levantamento das necessidades de educação permanente entre os trabalhadores da Sesau em janeiro de 2015, através do envio, pelo Secretário de Saúde, de instrumento de coleta de dados para esta finalidade. Neste mês eram trabalhadores no setor, 1978 pessoas. Retornaram preenchidos 603 instrumentos, os quais foram sistematizados quanto à frequência das sugestões de atividades de educação permanente na perspectiva dos trabalhadores da Sesau. Os dados foram digitados pelos acadêmicos no decorrer das atividades preparatórias do estágio em sala de aula e seu tratamento foi dado pelas coordenadoras do estágio. Dessa sistematização, as coordenadoras avaliaram que os acadêmicos, naquele momento, poderiam assumir, como parte do Estágio de Prática de Ensino II, atividade obrigatória da licenciatura, as atividades junto ao setor de endemias. Esta decisão se pautou no número expressivo de trabalhadores que devolveram o instrumento de coleta de dados e o número de trabalhadores deste setor, que fez referência a necessidade de conhecer mais sobre temas específicos. Além disso, considerou-se que seria mais viável organizar uma atividade num setor que pudesse reunir os trabalhadores em um mesmo espaço e a disponibilidade do setor de endemias. Outro aspecto considerado foi que se levantaram as expectativas de educação permanente de todos os trabalhadores da Sesau, desde os de nível sem formação aos de nível superior, mas o aluno da graduação em enfermagem, não atua com as categorias de nível superior no cumprimento da educação permanente prevista em sua formação. As temáticas emergentes, coletadas com os servidores do setor de endemias e que serviram de base para a organização da atividade educativa foram: o agente de endemias e o serviço público de saúde; animais peçonhentos. Organizou-se uma atividade de educação permanente de 8 horas em dois dias com grupos pequenos de trabalhadores. Elaborou-se um projeto de ensino quefoi a base para que todos os grupos desenvolvessem seus projetos particulares, pois eles poderiam acrescentar elementos, buscar outras bibliografias. Entretanto, as coordenadoras montaram pasta com a bibliografia básica obrigatória, material que foi disponibilizado a cada grupo, conforme iam se inserindo nos estágios de acordo com o cronograma geral de estágios do curso de enfermagem. Buscou-se assessoria com técnicos da Secretaria Estadual de Saúde da Décima Regional de Saúde e do curso de Ciências Biológicas especialmente no que se referia aos animais peçonhentos. As ações docentes foram simuladas em sala de aula, antes de ser desenvolvidas possibilitando que todos aprendessem e que se aproximassem efetivamente do que era esperado no setor de endemias. O setor de endemias disponibilizou a lista de todos os trabalhadores e eles foram distribuídos em 12 grupos de trabalhadores os quais foram assumidos por seis grupos de alunos do curso de enfermagem. Segundo a avaliação das(os) acadêmicas(os), a atividade foi enriquecedora, pois estudaram um assunto pouco abordado durante a graduação. Relataram durante a atividade de avaliação da disciplina que tiveram dificuldade em tratar um assunto que não tinham vivência, mas que isso fez com que aprendessem muito. Inserir os alunos da graduação em enfermagem em atividades de educação permanente não é tarefa fácil, pois o aluno ainda em fase de formação, nem sempre estará a vontade ou terá o preparo suficiente para partilhar com profissionais atuantes, experiências ou conhecimentos teóricos. Entretanto, um preparo qualificado dá condições para que ele exerça com competência esta importante face da atuação profissional do enfermeiro que é atuar na formação contínua dos trabalhadores em saúde, especialmente as categorias de nível técnico. Ao final da atividade participaram, 124 trabalhadores. Dentre eles, 13 compareceram um dia e receberam certificado de 4 horas e, 111 cursaram as 8 horas previstas sendo certificados integralmente. Os certificados foram confeccionados pelo Núcleo de Educação Permanente e foram entregues no setor de endemias em dezembro de 2015. Neste ano, as atividades dos alunos serão com os Agentes Comunitários de Saúde ainda atendendo ao diagnóstico feito em 2015. Conclusão: A experiência possibilitou à escola de graduação em enfermagem abrir campo qualificado para atuação de seus alunos, uma vez que ações de educação permanente nem sempre acontecem rotineiramente nos serviços, nas quais os alunos possam vivenciar esta dimensão da licenciatura prevista no curso. Para o serviço, a proposta de parceria com a universidade, através da Educação Permanente em Saúde veio ao encontro das necessidades e demandas da Secretaria de Saúde em atender as expectativas destes profissionais, tornando-os mais participativos, respeitando os seus conhecimentos e ampliando os espaços de aprendizagem no próprio local de trabalho e oportunizando a interação entre instituição de ensino e serviços de saúde através da troca de experiências, discussão e construção de saberes coletivos, e ainda estabelecendo vínculo com a universidade possibilitando a continuidade de formação desses e/ou outros profissionais de saúde. Contribuições para a Enfermagem: O aluno que vivencia na graduação estas ações está sensibilizado para assumir como tarefa a ele inerente, a formação dos demais trabalhadores experienciando que é possível a construção de ações de educação permanente nos serviços. Referência 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em saúde. Brasília; 2007. Descritores: Enfermagem, Educação em Enfermagem, Educação Permanente. |