Roda de Conversa
99 | PRECEPTORIA NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: INTEGRAÇÃO ENSINO APRENDIZAGEM | Autores: Ana Angelica de Souza Freitas (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - Hospital de Câncer I - INCA-HCI) ; Maria José Coelho (Escola de Enfermagem Anna Nery - UFRJ -EEAN) ; Marcia Santos (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - Hospital de Câncer I - INCA-HCI) |
Resumo: Introdução: a estruturação desse estudo teve origem por inquie¬tações, observações e reflexões surgidas mediante a preceptoria na residência multiprofissional em enfermagem nos campo de prática da disciplina de enfermagem em oncologia cirúrgica realizada no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva-Hospital de Câncer I (INCA- HCI). Nesta instituição acontece o duplo compromisso com os profissionais envolvido na preceptoria, em especial o enfermeiro no desenvolvimento de suas competências, cumprindo o papel na organização hospi¬talar, desenvolvendo atividades administrativas e de cuidados ao paciente, ao mesmo tempo, realizando atividades ineren¬tes à preceptoria como apoio na formação de pós-graduando do curso de residência multiprofissional Enfermagem. Torna-se verdadeira a preocupação com a ligação entre teoria e prática, levando em consideração as competências e habilidades dos enfermeiros, relativos à educação permanente, a CNE /CES 1.133/2001 recomenda que devam ser capazes de adquirir conhecimentos continuamente, tanto na sua formação, quanto na prática1. Nesse sentido, as residências multiprofissionais na área profissional da saúde, criada a partir da promulgação da Lei n° 11.129 de 2005, são orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir das necessidades locais e regionais que abrangem as profissões da área da saúde2. A preceptoria em enfermagem tem o desafio de proporcionar aprimoramento aos alunos de graduação e pós-graduação acompanhar, ensinar proporcionando articulação dos conhecimentos teórico-prático na busca por qualificação no cuidado prestado ao paciente, família e comunidade contribuindo para o processo de formação. Este relato se justifica pelo fato de existirem poucas pesquisas cientificas sobre a temática a necessidade de reflexão da prática do ensino aprendizado na atividade de preceptoria em enfermagem durante a formação das enfermeiras residentes na área de oncologia. Objetivo: descrever a experiência desenvolvida na preceptoria na residência multiprofissional em enfermagem oncológica de uma instituição de saúde no municipio do Rio de Janeiro-Brasil. Metodologia: estudo descritivo com abordagem relato de experiência na atividade de preceptoria em enfermagem. As atividades ocorreram no HCI de março de 2014 à março de 2015. Os residentes de enfermagem estavam direcionados aos cuidados de enfermagem na atenção a saúde do adulto e na atenção oncológica. A residência multiprofissional em enfermagem tem duração de dois anos com a finalidade de integração ensino-serviço. A instituição do estudo caracteriza-se como referência nacional nos campos de pesquisa, ensino, assistência e prevenção do câncer, composta por 206 leitos permanentemente ocupados. As enfermeiras que habitualmente acompanham as residentes estão lotadas na clínica de oncologia cirúrgica, a equipe de enfermagem é composta por duas enfermeiras plantonistas, uma enfermeira da rotina, a gerente de enfermagem e quatro técnicos de enfermagem. O planejamento das práticas de ensino aprendizagem era discutido com as preceptoras que participavam de reuniões mensalmente com a coordenação pedagógica da residência. Pretendia-se visualizar os entraves e avanços do processo ensino-aprendizagem e avaliar as atividades desenvolvidas, cada preceptora era responsável para acompanhar quatro residentes por horário de serviço. Resultados: Contexto da experiência observou-se como as residentes estavam desenvolvendo os conhecimentos teóricos práticos nos cuidados aos pacientes. A preceptoria contribuía na aproximação da residente na dinâmica no trabalho da equipe de enfermagem, observando o desempenho do trabalho coletivo em saúde realizada na qual as competências de trabalho são autônomas. Verificou-se que as residentes adquiriram habilidades e competências no autoaprendizado nas ações de cuidado ao paciente. Tiveram oportunidades de problematizar sobre a realidade dos serviços de saúde, contribuindo para possíveis mudanças na forma de pensar fazer Enfermagem, favorecidas por ações educativas e projetos de intervenções. Nas atividades da preceptoria, houve dificuldades em gerenciar ansiedade das residentes nos procedimentos técnicos de cuidado ao paciente como ações educativas para a alta hospitalar e dificuldades em manter um diálogo de escuta e comunicação ativa com os pacientes e familiares. Dessa forma, ciente da relevância na formação no ensino-aprendizagem da enfermeira residente a preceptoria buscou trabalhar essas dificuldades apresentadas. As residentes sugeriram apresentar estudos clínicos com as temáticas que tinham dificuldades na prática de cuidado embasado com discussão e resultados dos cuidados de enfermagem e assim foi feito. Penso que essas questões precisam ser discutidas no momento que o residente as vivência, pois, quando se compreende no processo ensino aprendizagem , estará capacitando-se para o cuidado a pessoa doente ou sadia. Depois foi solicitado pela preceptoria uma auto avaliação das residentes quanto o seu desenvolvimento na prática do processo ensino-aprendizagem com resultados positivos. Notou-se que a participação efetiva das residentes na resolução de problemas apresentados no processo de aprendizagem significou uma ruptura com a rotina educativa caracterizada pela fragmentação e pelo tecnicismo3. Além disso, a residência multiprofissional em enfermagem oferece oportunidades de crescimento pessoal e profissional para os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, aliando a arte de cuidar como ciência do cuidado e fortalecendo a Enfermagem como ciência em construção justificado por atos das enfermeiras como prática do cuidado de enfermagem de efeito teorizante4. Dessa forma, a enfermeira ao admitir o papel de preceptora, deve estar de acordo com o projeto ético político da profissão com os princípios do SUS, compreender os determinantes sociais do processo saúde-doença-cuidado e conhecer os cenários da prática de cuidado. Assim, a preceptoria ao dedicar-se no processo ensino-aprendizagem, além da assistência e gerência, considera uma honra o ato de ensinar a cuidar as enfermeiras residentes. Conclusão: Notou-se que as atividades desenvolvidas pela preceptoria estão diretamente ligadas ao grau de interesse e compromisso das residentes no processo de ensino-aprendizagem. A preceptoria foi responsável para estimular, ajudar e orienta-las sobre o pensar e fazer em Enfermagem de maneira crítica e reflexiva. Enfim, que esse relato, traga contribuições que se constituem a necessidade de reflexão como os desafios e investigações sobre a temática, com possibilidades de estudo no campo da Enfermagem no processo ensino-aprendizagem. Implicações para Enfermagem: Atualização na troca dos conhecimentos técnicos científicos adquiridos com as residentes, resultando em crescimento profissional, social e contribuindo para o campo de formação em saúde e Enfermagem. Descritores: Educação em enfermagem; Preceptoria; Hospitais de ensino. Referências 1. Ministério da Educação e Cultura (BR). Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES n° 3, de 7 de novembro de 2011. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília: Ministério da Educação e Cultura; 2001. 2. Ministério da Educação e Cultura (BR). Conselho Nacional de Educação. Ministério da Saúde. As residências multiprofissionais e em área profissional da saúde, criadas a partir da promulgação da Lei n° 11.129 de 2005. Brasília: Ministério da Educação e Cultura; 2005. 3. Tavares PEN, Santos SAM, Comassetto I, Santos RM, Santana VVRS. A vivência do ser enfermeiro e preceptor em um hospital escola: olhar fenomenológico. Rev. Rene Fortaleza. 2011; 12 (4): 798-807. 4. Carvalho. V de. Por uma epistemologia do cuidado de enfermagem e a formação dos sujeitos do conhecimento na área da enfermagem - do ângulo de uma visão filosófica. In: Carvalho. V.de. Para uma epistemologia da enfermagem- Tópicos de crítica e contribuição. Rio de Janeiro: Anna Nery, 2012.p.433-455. |