Roda de Conversa
22 | EXPERIÊNCIA PRÁTICA ENSINO- SERVIÇO- COMUNIDADE COM O PET REDES URGÊNCIA/EMERGÊNCIA NA UFBA | Autores: Alyne Henri Motta Coifman (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Larissa Chaves Pedreira Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) |
Resumo: INTRODUÇÃO: No processo formativo de profissionais da área de saúde, visando a efetivação da humanização e integralidade da atenção, são necessárias novas dinâmicas, reorientando as relações entre profissionais da saúde, instituições de ensino e comunidade1. Nesse sentido, o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde), regulamentando através da Portaria Interministerial MS/MEC no 421 de 3 de março de 2010, trouxe como um dos pressupostos a educação pelo trabalho baseada na integração ensino-serviço-comunidade2. O PET-Saúde/Redes além desses pressupostos, traz a educação pelo trabalho por meio do fomento de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito do desenvolvimento das redes de atenção à saúde, sendo instrumento para formação dos estudantes dos cursos de graduação em saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS), e elegeu com uma das áreas temáticas prioritária a Rede de Atenção às Urgências e Emergências3. OBJETIVO: Relatar a experiência de integração ensino-serviço vivenciada por tutores (docentes), preceptores (profissionais do serviço) e discentes (bolsistas e voluntários) dos cursos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Fonoaudiologia e Odontologia da Universidade Federal da Bahia, participantes do PET- Saúde/ Redes Urgência e Emergência. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um relato de experiência desse PET, vinculado a Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (EEUFBA), em parceria com um Hospital Geral (HG), localizado no município de Salvador - Bahia. A matriz da qual esse recorte faz parte, foi aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da UFBA sob parecer 43523315.5.0000.5531. RESULTADOS: A integração resultou no desenvolvimento do projeto "Acolhimento e Cuidado na Unidade de Emergência", que proporcionou a mobilização conjunta de toda a equipe do PET, objetivando intervir nos fatores que dificultavam o fluxo de usuários na unidade. Os objetivos específicos consistiam em: Caracterizar as pessoas atendidas na UE; Conhecer o percurso dessas pessoas até o atendimento na UE; Conhecer as práticas de acolhimento e classificação de risco adotadas na unidade; Descrever o atendimento dessas pessoas desde a sua entrada na unidade até o desfecho; Levantar as facilidades e dificuldades relatadas pelos profissionais para o fluxo de pacientes na UE ; Levantar as facilidades e dificuldades relatadas pelas pessoas no acesso a UE. As atividades ocorreram entre agosto de 2013 a agosto de 2015. As ações do projeto permitiram construir o itinerário terapêutico das pessoas atendidas na Unidade de Emergência (UE) do HG. Para atingir aos objetivos propostos, os discentes, tutores e preceptores realizaram reuniões periódicas para adquirir embasamento teórico sobre temas como A Política Nacional de Atenção à Urgência/Emergência; Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco; Rede de Atenção às Urgências4. Para inserção e observação ativa em campo, os discentes foram divididos em grupos, obedecendo a uma escala fixa de um turno semanal, e cada um deles encaminhados a um preceptor. O objetivo inicial era o de perceber a participação de cada ator (usuários, acompanhantes e profissionais) no processo e como ocorria a dinâmica do serviço de emergência desde o Acolhimento até a resolução do atendimento. Os discentes permaneceram por um período de 5 meses no processo de observação e reconhecimento do campo. Semanalmente estes realizavam observações sistemáticas nos diversas setores da UE, a exemplo da Recepção, Portaria, Sala de Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco, Sala Amarela, Verde e Vermelha, além de acompanhar a dinâmica dos serviços de Gestão de leitos e Regulação externa. Dessa forma, foi possível, por meio das observações, compreender a dinâmica do serviço, construir o itinerário terapêutico do usuário, perceber a visão dos acompanhantes sobre o serviço e seu acolhimento e identificar facilidades e dificuldades dos profissionais, no andamento do serviço. Todas as observações diárias eram registradas em um diário de campo e discutidas com o preceptor ao final do turno e, quinzenalmente, com todo o grupo do PET, a fim de respaldar e compreender o que estava sendo observado, e iniciar os debates diante das situações encontradas com base na literatura, visando o planejamento de ações de intervenção, a serem implementadas ao longo do segundo ano do PET. Ao final do primeiro ano do programa foram priorizados problemas e estratégias de intervenção a serem adotadas na unidade lócus, sendo apresentadas as propostas ao Núcleo Gestor do Hospital e, após a sua aprovação, iniciaram-se as intervenções. Nesse cenário, dentre as diversas situações observadas pelo grupo, a superlotação da UE destacou-se como o principal problema que deveria sofrer uma intervenção pelo PET e elegeu-se como prioridade, no sentido de auxiliar no controle dessa situação na unidade. Diante dos problemas observados que impactavam nesta, a realização de uma articulação com a atenção primária de saúde e os demais componentes da rede assistencial no distrito sanitário onde está inserido o HG foi imprescindível, sendo confeccionado um folder com informações sobre as unidades funcionantes, tipos de atendimentos oferecidos por estas, horário de funcionamento e endereço completo, após visita em cada unidade, sendo disponibilizado para os profissionais do serviço e usuários. Outra estratégia de intervenção realizada foi a realização de salas de espera com os usuários, onde estes eram orientados, com a utilização de material ilustrativo, sobre a função de cada unidade de saúde pertencente ao distrito sanitário, conforme o seu grau de complexidade. Esta atividade acontecia de segunda à sexta-feira, no período matutino e vespertino, através de uma escala pré-determinada, e o espaço físico utilizado era a recepção da UE. Durante a sala de espera era possível solucionar as dúvidas de cada usuário que buscava o atendimento no hospital, além de permitir que essa pessoa pudesse escolher outras opções de unidades para receber seu atendimento. CONCLUSÃO: O fortalecimento da integração ensino-serviço através do uso de propostas focadas no eixo do cenário de prática, como o que foi alcançado com o projeto PET-Saúde/ Redes Urgência e Emergência permitiu a problematização e o diálogo envolvendo discentes, docentes, equipe de saúde do serviço e os usuários do SUS, permitindo que os discentes estivessem envolvidos com o contexto sócio-histórico-cultural, atuando em uma perspectiva de atenção à saúde de forma intersetorial. CONTRIBUIÇÕES/ IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A formação profissional pautada em novas dinâmicas que permitam o cuidado integral, inter-relacionando promoção, prevenção e assistência à saúde em consonância com princípios e diretrizes do SUS. |