Roda de Conversa
13 | PLANO DE AÇÃO EM ENFERMAGEM: GRUPOS COM ADOLESCENTES | Autores: Elisabeta Albertina Nietsche (Universidade Federal de Santa Maria) ; Larice Gonçalves Terra (Universidade Federal de Santa Maria) ; Carlos Patrick Machado Palmeira (Universidade Federal de Santa Maria) ; José Victor Eiróz dos Santos (Universidade Federal de Santa Maria) ; Cléton Salbego (Universidade Federal de Santa Maria) |
Resumo: INTRODUÇÃO: A fase da adolescência é construída a partir de critérios múltiplos que abrangem a dimensão bio-psicológica, cronológica e social1. Nesse sentido, a adolescência apresenta-se como um período muito importante na vida do indivíduo, constituindo etapa decisiva e um processo de transição conflitante, a qual está exposta a muitos agravos, como por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis (DST), o consumo de drogas, do álcool, e uma atividade sexual precoce2. Assim, o adolescente pode necessitar de orientação, buscando uma atenção especial em relação à sua saúde, cuja efetividade dependerá da interação estabelecida entre o profissional de saúde e o adolescente3. Sendo a enfermagem, responsável por promover a educação em saúde, a ação educativa torna-se um de seus principais eixos norteadores, a qual se concretiza em vários espaços de realização das práticas de enfermagem4. OBJETIVO: Relatar o desenvolvimento de oficinas lúdicas com adolescentes durante o estágio supervisionado do oitavo semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em uma Escola Municipal de Santa Maria, Rio Grande do Sul (RS). DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um relato de experiência a partir do plano de ação desenvolvido no estágio supervisionado do oitavo semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM. As atividades foram desenvolvidas com adolescentes de sexto ao nono ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Diácono João Luiz Pozzobon, em Santa Maria, RS. Para o desenvolvimento das oficinas agrupou-se meninos do sexto com os meninos do sétimo ano, meninos do oitavo com os do nono ano, da mesma maneira agruparam-se as meninas. A oficina foi desenvolvida em uma sala de aula, nos turnos matutino e vespertino, no dia 30 de abril de 2015. Destaca-se que a oficina sofreu alterações conforme as necessidades de cada grupo etário. Os assuntos que foram abordados na oficina sobre sexualidade foram delimitados em sexualidade e seus conceitos, métodos contraceptivos, prevenção e saberes das DST. A oficina foi realizada em seis momentos e foram utilizadas dinâmicas apresentadas pelo Ministério da Saúde no livro intitulado Adolescer5. No primeiro momento foram realizadas as apresentações dos responsáveis pelo desenvolvimento da oficina e dos alunos, através das dinâmicas: aprendendo o nome ou me toca aqui. No segundo momento, a turma já posicionada em círculo, com a finalidade de tornar o ambiente mais acolhedor, mais dialógico, e para que todos pudessem fazer colocações sem ansiedade, foram questionados sobre o que é a sexualidade, e a partir disso, foram feitas as explicações sobre temática, sua significação, seus mitos e verdades, de acordo com as demandas que surgiram em cada grupo. O terceiro momento teve abordagem nos métodos contraceptivos: comportamentais; de barreira; contracepção hormonal e contracepção cirúrgica. Foram mostrados alguns exemplos, como preservativo feminino e masculino e o anticoncepcional hormonal para que os alunos visualizassem e questionassem sobre o uso. Bem como foram demonstrados em bonecos, a utilização correta dos preservativos. Nessa etapa foram distribuídos os estojos dos adolescentes enviados pela secretaria de saúde, contendo dois preservativos, sendo um de adolescente e outro adulto, uma escova, um creme e um fio dental, além disso, um marcador de páginas do adolescente. Como os preservativos dos adolescentes estavam com a data de validade vencida ou prestes a vencer, aproveitou-se o momento para orientar sobre os cuidados ao abrir o invólucro do preservativo. Nesse instante, solicitou-se que aqueles que desejassem manusear o preservativo, retirassem do pacote, bem como, aqueles que não desejassem não procedessem com a atividade prática, somente abrissem o invólucro. Porém, todos os alunos dos quatro grupos retiraram o preservativo da embalagem para manusear. Após, foram elucidados saberes sobre: herpes genital; sífilis; condiloma acuminado; gonorreia e AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida), bem como foram fornecidos aos estudantes folders sobre tais doenças, com imagens ilustrativas. O quarto momento foi composto pela dinâmica do concordo ou discordo, que teve seu foco também nas DST, porém nos mitos e verdades. Em todos os momentos, uma caixa foi passada, de aluno em aluno, para que pudessem ser colocadas as dúvidas apresentadas por eles, escritas em papel ofício. Salienta-se que o esforço foi em tentar deixar a sala de aula um ambiente propício para um bom diálogo, em que os alunos não tivessem medos, nem constrangimentos ao realizar questionamentos e colocações. O número total de alunos que participaram dessa atividade foi de 64 alunos, sendo 44 alunos do sexto e sétimo ano, e 20 alunos do oitavo e nono ano O último momento foi a avaliação da atividade, a qual ocorreu mediante preenchimento do instrumento de avaliação da oficina pelos estudantes envolvidos. RESULTADOS: Quanto às respostas acerca dos assuntos abordados, dos 64 alunos, 38 alunos consideraram os assuntos ótimos, 21 alunos consideraram os assuntos bons e cinco alunos consideraram os assuntos regulares. Além disso, quando questionados sobre o seus sentimentos em relação a oficina, 34 deles responderam gostaram muito e 30 gostaram. Essa avaliação mostra que não houve sentimentos ruins em relação a oficina, todos gostaram ou gostaram muito. Isso facilitou bastante o desenvolvimento da atividade, pois todos mostraram satisfação durante a realização da oficina. Quando questionados acerca da importância da oficina, 59 alunos responderam que sim, foi importante, somente cinco relataram que a atividade foi mais ou menos importante. Salienta-se que nenhum aluno referiu a oficina como não importante. O último questionamento do instrumento referia-se às dúvidas dos alunos, se todas ou algumas dúvidas haviam sido respondidas, ou nenhuma dúvida respondida. Dos 64 alunos, 37 referiram que todas as dúvidas haviam sido respondidas, 24 deles relataram algumas dúvidas foram respondidas e três dos alunos referiram que nenhuma dúvida foi respondida. Essa questão torna claro que a maioria dos alunos teve todas as suas dúvidas respondidas, dois estudantes escreveram que nenhuma foi respondida por que não haviam dúvidas. Isso mostra que a oficina foi efetiva, cumpriu seus objetivos, respondendo aos anseios dos adolescentes. CONCLUSÃO: Conclui-se que o desenvolvimento das oficinas lúdicas foi em encontro com as necessidades dos usuários adolescentes. Além disso, destacam-se por serem atividades com foco preventivo, que visam resultados a curto e longo prazo, sendo avaliadas de maneira efetiva pelos próprios adolescentes. CONTRIBUIÇÕES/ IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A realização dessas oficinas fortaleceu o papel do enfermeiro enquanto educador em saúde e estimulou os profissionais a desenvolverem ações lúdicas e interativas com o público adolescente. REFERÊNCIAS: 1. Ferreira MA, et al. Saberes de adolescentes: estilo de vida e cuidado à saúde. Texto Contexto - Enferm. Florianópolis, v.16, n. 2, p. 217- 24, abr. jun, 2007. 2. Torres GV, Davim RMB, Nóbrega MML. Aplicação do processo de enfermagem baseado na teoria de orem: estudo de caso com uma adolescente grávida. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 7, n. 2, p. 47-53, Ribeirão Preto, abril 1999. 3. Ramos FRS, Pereira, SM, Rocha, CRM. Viver e adolescer com qualidade IN: RAMOS FRS. Adolescer: compreender, atuar e acolher, Brasília (DF): ABEn: MS.. p. 12-31, 2001. 4. Acioli S. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Pública. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 61, n.1, p. 117-21, jan-fev, 2008. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Adolescer: compreender atuar acolher: projeto acolher/ Associação Brasileira de Enfermagem. Brasília: ABEn, 2001. 304 p. |