Roda de Conversa
567 | INTEGRAÇÃO ENSINO E EXTENSÃO - ATIVIDADE EDUCATIVA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM REGIÃO DE TRÍPLICE FRONTEIRA, FOZ DO IGUAÇU - PR. | Autores: Marieta Fernandes Santos (Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE - Foz do Iguaçu) ; Michele dos Santos Hortelan (Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE - Foz do Iguaçu) ; Janielle Chrislaine Moro (Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE - Foz do Iguaçu) ; Gabriela Kauana Silva (Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE - Foz do Iguaçu) ; Sheila Cristina Rocha Brischiliari (Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE - Foz do Iguaçu) |
Resumo: Introdução: A educação em saúde tem sido uma das estratégias de ensino adotadas no Curso de Licenciatura em Enfermagem para ensinar as diferentes abordagens frente às temáticas desconhecidas ou mesmo pouco relatadas durante a graduação. O nosso relato é de um projeto de extensão do Núcleo de Estudos em Saúde da Mulher, do Adolescente e da Criança (NESMAC/UNIOESTE/CNPq) com objetivo de possibilitar aos alunos de graduação a oportunidade de aprender e compartilhar esse aprendizado com os profissionais da rede de saúde pública do município de Foz do Iguaçu, frente aos problemas da violência doméstica. A violência doméstica é considerada além de uma violação aos direitos humanos, um importante problema de saúde pública, podendo desencadear o adoecimento físico e mental as vítimas, bem como gerar graves consequências ao ambiente familiar1. Pela ampla cobertura, atuação mais próxima aos lares das pessoas e o vínculo estabelecido, a rede básica e a Estratégia Saúde da Família (ESF) configura-se cenário propício para a identificação de agravos à saúde na comunidade, sendo de extrema relevância para a detecção da violência doméstica2. Ressaltando também que a frequente utilização dos serviços de saúde possibilita não só o reconhecimento da vivência de violência, como também os encaminhamentos necessários3. Faz-se necessário, portanto, que os profissionais estejam preparados e, principalmente, atentos para identificar o fenômeno, que nem sempre apresenta marcas visíveis4. Todavia, o despreparo dos profissionais para o reconhecimento desse agravo, vem sendo constantemente apontado pela literatura nacional. Estudos apontam que muitos profissionais atuantes em equipes de referência da ESF não se sentem preparados para identificar nem lidar com a complexidade deste fenômeno. Neste sentido, não identificando a violência, não a registram em prontuários de atendimento e também não direcionam ações de apoio à mulher5. No sentido de colaborar para desmistificar a violência doméstica junto aos profissionais de saúde se propôs um projeto de extensão com financiamento público e participação de acadêmicos e recém-graduados em Enfermagem, buscando a visibilidade das mulheres que sofrem violência junto às equipes de saúde da família. Objetivos: Promover a capacitação sobre violência doméstica aos profissionais que atuam na atenção básica e ESF do município de Foz do Iguaçu-PR, avaliando os conhecimentos prévios e adquiridos desses profissionais após as capacitações sobre violência doméstica. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, realizado com profissionais de saúde da rede de atenção básica e ESF do município de Foz do Iguaçu-Pr. Para avaliação da capacitação foi aplicado um pré-teste para identificar o conhecimento pré-adquirido dos profissionais sobre violência doméstica e após a apresentação da capacitação um pós-teste para avaliação da efetividade da ação desenvolvida. Quanto aos aspectos éticos, vale ressaltar que foram esclarecidos aos participantes os objetivos, a importância e o direito de optar pela participação da pesquisa, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Oeste do Paraná - UNIOESTE, processo nº 988.528/2015. Resultados: Participaram das capacitações 273 profissionais de saúde que atuam na rede básica e ESF do município de Foz do Iguaçu-Pr. A análise demonstrou aumento significativo de acertos pela grande maioria dos participantes no pré-teste. Em relação ao nível de conhecimento, em todas as questões abordadas houve um aumento significativo na variável excelente/bom. Em relação a variável locais de atendimento observou-se desconhecimento dos profissionais, no entanto, o pós-teste confirmou o reconhecimento destes locais pelos profissionais para o encaminhamento de mulheres vítimas de violência. Conclusões: Percebe-se que a capacitação trouxe resultados positivos com a finalidade de aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde sobre os diversos tipos de violência doméstica, é perceptível o aumento da taxa de acerto após a realização dos questionários de pré-teste e pós-teste. Contribuições/Implicações para enfermagem: Os resultados dessa pesquisa podem contribuir para a melhoria da atenção prestada aos usuários, constituindo-se como importante meio para informação de profissionais, bem como subsídio para a preparação de programas de formação continuada dos mesmos. Recomenda-se que ações de saúde semelhantes sejam realizadas regularmente, com os profissionais da atenção básica e ESF, por se tratar de profissionais que atuam de forma mais próxima da comunidade e por isso tem melhores condições de identificar problemas e fazer orientação quando identificados. No caso da violência doméstica é fundamental o conhecimento para suspeitar e ou identificar, visto que é um problema muitas vezes encoberto pela vítima e, também possibilitar uma aproximação à temática durante a formação de enfermeiros e outros futuros profissionais de saúde. Palavras-chaves: Violência Doméstica, Promoção à Saúde, Estratégia Saúde da Família. Referências 1. World Health Organization. Global and regional estimates of violence against women: prevalence and health effects of intimate partner violence and non-partner sexual violence. Geneva: World Health Organization; 2013. 2. D'Oliveira PL, Schraiber AFB, Hanada H, Durand J. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero - uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009 Fev; 14(2):39-47. 3. Bonfim, EG., Lopes, MJM., & Peretto, M. (2010). Os registros profissionais do atendimento pré-natal e a (in)visibilidade da violência doméstica contra a mulher. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, 14(1), 97-104. 4. Vieira EM, Perdona GSC, Santos MA. Fatores associados a violência física por parceiro íntimo em usuárias de serviço de saúde. Rev Saúde Pública 2011 Dez; 45(4):730-7. 5. Gomes NP, Silveira YM, Diniz NMF, Paixao GPN, Camargo CL, Gomes NR. Identificação da violência na relação conjugal a partir da estratégia saúde da família. Texto & Contexto - Enferm. 2013; 22(3):789-796. |