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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 539

Roda de Conversa


539

A RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA E A INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: O QUE DIZEM OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM?

Autores:
Maria Lucélia da Hora Sales (Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL) ; Danielly Santos dos Anjos Cardoso (Universidade Federal de Alagoas - UFAL e Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL) ; Célia Alves Rozendo (Universidade Federal de Alagoas - UFAL)

Resumo:
A RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA E A INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: O QUE DIZEM OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM? Anjos, Danielly Santos dos Cardoso1 Rozendo, Célia Alves2 Sales, Maria Lucélia da Hora3 Introdução: De acordo com o que sugere as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Enfermagem - DCNEnf desde a sua regulamentação em 07/11/2001 pela Resolução CNE/CESNº 03, a estrutura dos cursos devem garantir: a articulação entre ensino-pesquisa-extensão e assistência, um ensino crítico, reflexivo e criativo, que leve a construção do perfil desejado; que as atividades teóricas e práticas estejam presentes desde o início do curso, permeando toda a formação do enfermeiro, de forma integral e interdisciplinar; educando para o desenvolvimento da cidadania, participação e compromisso social1. Neste sentido, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) torna-se um instrumento essencial para a escola por abordar aspectos políticos, teóricos e metodológicos que determina as políticas para a organização administrativa e pedagógica das instituições de ensino e norteia as ações em direção ao perfil do egresso a ser formado, sua missão e objetivos. Objetivo: analisar a relação entre teoria-prática e ensino-serviço descrita nos PPC dos cursos de graduação em enfermagem de Maceió-Al. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa com uma abordagem exploratório-descritiva que utilizou para produção das informações a técnica da análise documental. As fontes primárias foram sete, dos nove PPC dos cursos de graduação em enfermagem de Maceió/AL. Resultados: Foram analisadas as condições, atividades e estratégias desenvolvidas para efetivar a relação teoria-prática e a aproximação e articulação entre ensino-serviço presente nos PPC estudados. No geral, os PPC não apresentam as estratégias, instrumentos e como se estabelece as relações e aproximações com os cenários de prática, nem no âmbito dos serviços como da gestão, quando descrevem falam dessa relação superficialmente, indiretamente ou pontualmente. Este caminho/percurso a ser desenhado no PPC é uma situação importante de ser considerada, pois é uma condição para direcionar e consensuar essa prática no currículo, entre os professores, estudantes e coordenadores de áreas/disciplinas. Quanto à estrutura física oferecida pelas IES para formação dos egressos dos cursos de graduação em enfermagem analisados o que foi possível identificar é que a maioria deles apresentam em seus PPC as condições estruturais mínimas exigidas para sua abertura, ao menos no que consta o roteiro para autorização de cursos de graduação em enfermagem construído pela comissão de especialistas de ensino de enfermagem CEE/ENF/SESu/MEC e portaria SESu/MEC nº1.518 de 14/6/20002. No entanto, é importante ressaltar que dois dos cursos, não trazem descritos em seus PPC qualquer menção sobre a estrutura física, condição essa essencial para a relação teoria-prática. A relação e articulação entre teoria-prática pressupõem um conjunto de ações e estratégias pedagógicas que, ultrapassem os limites da academia. A teorização da prática dá-se nos diversos espaços e cenários de ensino-aprendizagem em que o processo de trabalho da enfermagem nos várias ___________________________________________________________________________ 1 Enfermeira. Mestra em Enfermagem-ESENFAR/UFAL. Profª Assistente da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas-ESENFAR/UFAL e Profª Auxiliar na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL; 2. . Enfermeira. Doutora em Enfermagem USP/Ribeirão Preto. Pós-doutorado na Faculty of Nursing, University of Alberta, Canadá. Profª Associada da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas-ESENFAR/UFAL; 3.. Enfermeira. Doutoranda em Educação-UNIFESP. Profª Auxiliar na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL. luceliahsales@gmail.com áreas de atuação profissional acontecem2. Entende-se que o PPC deve prevê não só a vivência da prática, teorização e atuação do estudante de forma a favorecer o processo de ação-reflexão-ação, mas inclusive priorizar e valorizar os processos de articulação com os serviços de saúde, trabalhadores e gestão seja no contexto público, preferencialmente, ou privado, não só no PPC mas efetivamente na prática cotidiana3. Com relação aos estágios supervisionados, de maneira geral os cursos, em seus PPC, procuram cumprir as orientações que as DCNEnf e a Lei de Estágio Nº 11.788/2008 preconizam para os Cursos de Graduação em Enfermagem, quanto a carga horária no curso, cenários, períodos que acontecem e papel do professor-supervisor e enfermeiro-preceptor. No entanto, apenas nas IES públicas é mencionada a realização de convênios e seguros entre a IES e as instituições públicas/privadas e municípios. Quanto à compreensão do papel do estágio supervisionado e das atividades práticas supervisionadas, é possível identificar concepções, entendimento e práticas diferentes descritas no PPC. Três dos cursos merecem destaque; dois por apresentarem um entendimento diferenciado e distanciado das concepções progressistas e complexas sobre a finalidade do estágio supervisionado, enfatizando uma formação voltada para o mercado de trabalho como prioridade, características das correntes liberalistas, ao mesmo tempo em que o entende como uma possibilidade de completar o aprendizado que deveriam estar sendo potencializadas pois já foram desenvolvidas no decorrer da formação. E um terceiro por não trazer descrito no PP sua compreensão e operacionalização do estágio supervisionado. Conclusão: a partir da análise dos PPC, pode-se constatar que os cursos de graduação em enfermagem ao falarem da relação entre teoria-prática, procuram atender as orientações contidas nas DCNEnf. Em sua maioria os PPC não trazem descritas as relações e articulações previstas nos cursos quanto essa aproximação e integração entre teoria-prática e ensino-serviço, porém mencionam no decorrer do PPC a importância de realizá-la. A inserção antecipada dos estudantes na realidade social e a diversidade dos cenários de prática tem sido um princípio presentes em todos os PPC estudados, apesar de não especificarem, contextualizarem ou qualificarem como acontece. Por outro lado, a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento de habilidades e técnicas não é identificada e descrita com frequência nos PPC. Outro aspecto a ser considerado, é o estágio supervisionado, espaço destinado no currículo para o exercício do ser enfermeiro em sua integralidade, percebe-se que é entendido por alguns dos cursos, a partir de uma concepção mais voltada para a potencialização ou complementação de competências, habilidades e atitudes que atendam o mercado de trabalho, tornam evidente a influência de correntes liberais na prática pedagógica. Acredita-se que a fragilidade no diálogo com os serviços, gestão e trabalhadores da saúde no âmbito do SUS, especialmente com os enfermeiros, tem refletido diretamente na articulação com esses espaços e adesão e participação desses atores, por isso não se encontra descrita nos PPC. Contribuições para Enfermagem: A partir do estudo espera-se contribuir com os cursos de graduação em Enfermagem para a discussão sobre a necessidade e importância de se estabelecer um diálogo ativo e efetivo com os cenários de prática, trabalhadores e gestores da saúde, com vistas à operacionalização dos PPC numa perspectiva mais inovadora, integradora e comprometida socialmente e com o fortalecimento do SUS. Referências: 1. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/ CES n. 3, de 7 novembro de 2001. Institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Enfermagem. Diário Oficial da República Federativado Brasil. Brasília (DF), 9 nov. 2001. Seção 1, p. 37 2. Lopes Neto D, Teixeira E, Vale EG, Cunha FS, Xavier IM, Fernandes JD, et al. Aderência dos Cursos de Graduação em Enfermagem às Diretrizes Curriculares Nacionais. Rev Bras Enferm 2007; nov-dez; 60(6):627-34. 3. Silva RHA da, capin LTS. Utilização da avaliação formativa para a implementação da problematização como método ativo de ensino-aprendizagem. Est. Aval. Educ., São Paulo, 22(50), p. 537-552, set./dez. 2011. Descritores: Currículo, Educação e Enfermagem, Programas de Graduação em Enfermagem.