Comunicação coordenada
465 | INOVAÇÃO NO ENSINO DE DIDÁTICA APLICADA À SAÚDE NA PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA | Autores: Rafaela Braga Pereira Veloso (Universidade Estadual de Feira de Santana) ; Maria Geralda Gomes Aguiar (Universidade Estadual de Feira de Santana) |
Resumo: Introdução: A Didática sempre desempenhou um papel importante na formação de profissionais, principalmente no que diz respeito ao exercício do magistério. Nessa perspectiva, caracteriza-se pela mediação entre as bases teórico-científicas da educação e a prática docente. Para Masetto¹, didática é o estudo do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus resultados, o qual envolve uso de meios e recursos para facilitação da aprendizagem dos alunos. Esse componente curricular estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem e tornou-se um instrumento de cooperação entre docentes e discentes. Para o aluno a adoção de diferentes estratégias de aprendizagem tem a possibilidade de atender as diferenças individuais e permear a construção coletiva da produção do conhecimento, além de quebrar a monotonia do processo de ensino-aprendizagem com enfoque no modelo tradicional. Segundo Tardif (2006)² uma boa parte do que os professores sabem sobre o ensino, sobre os papéis do professor e sobre como ensinar provêm da sua própria experiência de vida, principalmente de sua socialização com os alunos. Outrossim é importante considerar as vivências pregressas dos alunos e o compartilhamento de saberes até então construídos. No entanto, o modelo de ensino hegemônico é caracterizado pela valorização do conhecimento científico, aquisição de conteúdos e maior acúmulo de informações, o que traz como desvantagens, a instituição de uma relação verticalizada entre educador e educando e a formação de um indivíduo mero receptor de informações, que pode não saber manejar e aplicar na sua realidade. Atualmente, busca-se superar o processo ensino-aprendizagem vigente que tem se restringido à reprodução do conhecimento, no qual o docente assume um papel de transmissor de conteúdo, ao passo que, ao aluno, cabe a retenção e repetição dos mesmos em uma atitude passiva e receptiva, tornando-se mero expectador, sem a necessária crítica e reflexão. Ao contrário, a passagem da consciência ingênua para a consciência crítica requer a curiosidade criativa, indagadora e sempre insatisfeita de um sujeito ativo, que reconhece a realidade como mutável3. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada na disciplina Didática Aplicada à Saúde como componente curricular obrigatório em pós-graduação stricto sensu a nível acadêmico em saúde coletiva no período de novembro de 2015 a março de 2016 na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência da vivência na disciplina Didática Aplicada à Saúde em programa de pós-graduação em saúde coletiva na UEFS caracterizada pela inserção de metodologias ativas de aprendizagem e inovações curriculares. Resultados: Durante o desenvolvimento da disciplina houve vários momentos interessantes e significativos. Ao início tivemos a oportunidade de construir mapas conceituais sobre o tema didática, técnica nunca antes utilizada na formação da maioria dos mestrandos. Através desse dispositivo foi possível realizar uma construção individual e posteriormente coletiva de representações gráficas com o objetivo de possibilitar a aproximação aos conceitos de didática. Em outros encontros realizamos debates, seminários, painéis integrados, aulas e também participamos do processo avaliativo, fazendo a nossa autoavaliação, bem como a avaliação de nossos pares e da docente, utilizando para tal, critérios previamente acordados. Outra questão fundamental quando se propõe um ensino centrado no aluno e que privilegia a participação dos alunos, é que os temas abordados nas aulas eram objeto de leituras prévias, o que ampliava as discussões e favorecia uma participação efetiva da turma. O uso de metodologias ativas de aprendizagem tornou o processo de ensino aprendizagem mais prazeiroso e foi fundamental para que de fato tivesse êxito. Ao longo da disciplina construímos nossos portfólios que apresentavam as vivências e atividades realizadas durante a disciplina e levantavam reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem vivenciado. A cada encontro havia a participação dos discentes, o compartilhamento de vivências desde a inserção no ambiente escolar até o momento atual, o relato de fatos e situações que haviam marcado a formação acadêmica, discussões sobre o estágio docência que muitos estavam realizando, as dificuldades, facilidades e desafios que este encerrava. Pelo fato da turma ser constituída por alunos de diferentes categorias da saúde, foi possível debater algumas diferenças no processo formativo, mas também semelhanças no modelo de ensino adotado pela maioria dos cursos, pautado na educação bancária. A vivência nessa disciplina permitiu que experimentássemos uma vivência nova, a partir de uma educação problematizadora, passando a perceber que nós alunos éramos protagonistas do processo de ensino-aprendizagem, que estávamos construindo trabalhos em equipe, de uma maneira colaborativa e reflexões ricas sobre o aprender e ensinar na universidade, as quais poderiam impactar em nossa docência futuramente. Pela simultaneidade com o estágio docência, que realizávamos, foi possível implementar metodologias e estratégias que havíamos aprendido em diversos, pois percebíamos que é possível fazer um ensino diferente. Para isto é fundamental considerar as particularidades e contexto da turma, os recursos disponíveis além do respeito as individualidades dos atores sociais envolvidos. Diante desse contexto, ocorreu um processo de encorajamento à mudança frente aos modelos de ensino até então vivenciados, que se concentravam na transmissão do conhecimento, na relação vertical com o aluno, no papel do docente como detentor do saber na sala de aula e na avaliação punitiva, pois evidenciamos que essa relação poderia ser mais democrática e os momentos vividos em sala de aula mais participativos. Contribuições/implicações para a Enfermagem: Evidenciou-se que, a formação em saúde pode ser enriquecida com a inclusão de diferentes metodologias no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, ao comparar a vivência na disciplina Didática Aplicada à Saúde ofertada na pós-graduação com aquelas experimentadas na maioria dos componentes curriculares cursados na graduação em enfermagem percebeu-se a predominância do modelo tradicional de ensino no âmbito da graduação. Diante disso, é possível afirmar que as aulas expositivas ofertadas pelos docentes, pautados na transmissão do conhecimento deixam à margem do processo de ensino aprendizagem os saberes prévios dos alunos. Essa realidade, favorece a desmotivação para o estudo e desvalorização do público alvo, de forma a distanciá-lo das temáticas abordadas em sala. Destaca-se que a relação docente-discente deve ser permeada pela horizontalidade no processo de ensino aprendizagem e na medida do possível utilizar a inserção de práticas pedagógicas pensadas e planejadas levando em consideração o contexto do ensino, a dimensão coletiva do conhecimento e as singularidades dos aprendizes. Descritores: educação, ensino, saúde pública. Referências ¹ MASSETO, M.T. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003. ² TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 3 FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33. ed. São Paulo: Paz e Terra; 2006. |