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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 430

Comunicação coordenada


430

EGRESSOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: CARACTERIZACÃO SOCIODEMOGRÁFICA E OCUPACIONAL

Autores:
Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza (Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ)) ; Kelly Fernanda Assis Tavares (Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ)) ; Lolita Dopico da Silva (Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ)) ; Ariane da Silva Pires (Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ)) ; Ana Terra Porciúncula Baptista (Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ))

Resumo:
Sabe-se que a Enfermagem hoje, é uma área do conhecimento que compreende atividades do cuidar, do administrar, do gerenciar e do educar, realizadas nos diferentes cenários em que a prática profissional é exercida1 e sem se restringir aos sujeitos em situação de doença. Dentre as diversas formas de atuação do enfermeiro na sociedade moderna, a prática educativa é considerada a principal estratégia de promoção da saúde2, a qual podemos considerar tanto entre os trabalhadores quanto para a população em geral. Constata-se que, nos diferentes cenários de atuação da prática profissional de Enfermagem, existem diversas situações que podem ser associadas às infidelidades do meio e que têm grande potencialidade para alterarem a economia psicossomática dos trabalhadores e gerarem doenças. De fato, têm sido verificados trabalhadores vivendo processos patológicos físicos e/ou mentais decorrentes da não adaptação ao meio laboral, que se mostra adverso. Ademais, a margem de tolerância e de segurança do trabalhador, em tais condições, é, muitas vezes, deficitária, conduzindo-o ao sofrimento e, posteriormente, ao adoecimento3. Destaca-se que autores discorrem sobre a possibilidade de esses profissionais estarem inseridos em contextos laborais com inadequadas condições de trabalho, baixos salários, pouco reconhecimento social e profissional, dupla e tripla jornadas de trabalho, que, por sua vez, impedem ou reduzem significativamente as horas de lazer, o que pode potencializar os riscos de adoecimento 4,5. Sabe-se também que trabalhadores da área da saúde, em seu cotidiano de trabalho, também estão expostos a diversos riscos ocupacionais. Refletindo-se sobre a presença desses riscos, os quais podem conduzir a processos patológicos, torna-se relevante a compreensão do coletivo profissional para se ter conhecimento de como esses riscos agem no corpo do trabalhador, quais são seus efeitos no processo saúde-doença, que medidas de proteção contra tais riscos e ações podem ser adotadas para que neutralizá-los nos contextos laborais5. Com relação aos riscos à saúde do trabalhador, depreende-se que o ambiente laboral, com suas nuances físicas, químicas, biológicas e ergonômicas, quando inadequadas, podem ocasionar adoecimento ao trabalhador da saúde e, consequentemente, interferir na qualidade da assistência prestada aos usuários. A exposição aos riscos na saúde dos profissionais de Enfermagem pode ser expressa por meio de estresse, cansaço, distúrbios osteomusculares, úlceras gástricas, aumento da tensão pré-menstrual, varizes, doenças neoplásicas, alergias, asmas, entre outros. A realidade vivenciada pelos enfermeiros conduz à certeza de que são necessários planejamento e implementação de ações em prol da promoção da saúde desses trabalhadores. E, ainda, infere-se que tais ações devem se iniciar na graduação, por meio de discussões de conteúdos que venham instrumentalizar os futuros enfermeiros a atentarem para as adversidades do mundo do trabalho em saúde e a adotarem medidas para prevenção de doenças e promoção da saúde nos ambientes laborais3. A complexidade da problemática, envolvendo saúde e trabalho, bem como as ações no campo da saúde do trabalhador, tem como foco as mudanças nos processos laborais e na forma como eles são idealizados pela organização do trabalho, além da busca de melhores condições laborais, objetivando, assim, promover a saúde, prevenir agravos e recuperar a saúde do coletivo trabalhado3. Assim, traçar as características sociodemográfica e ocupacional dos egressos deve permitir conhecer e mapear as condições que estes se encontram no mundo do trabalho. Trata-se de um estudo cujo objeto foi a caracterização sociodemográfica e ocupacional dos egressos da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Objetivos: a) Caracterizar os egressos do curso de graduação em enfermagem com relação às situações sociodemográfica e ocupacional e b) analisar os resultados acerca das caracterizações sociodemográfica e ocupacional dos egressos de enfermagem. Método: Estudo quantitativo, transversal e observacional, cujo projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 360.021. Estudo realizado no período de dezembro de 2013 a maio de 2014 com egressos das turmas de 2000 a 2010. Para coleta de dados foram utilizadas as estratégias: presencial e on-line, através de um questionário autoaplicável. Totalizaram-se 147 questionários respondidos. Aplicou-se o teste exato de Fisher (p = 0,05). Resultados: População com o predomínio do sexo feminino (88,4%), média de idade de 32 anos (± 1), maioria residindo no Estado do Rio de Janeiro (96,6%), com renda familiar = 3 salários mínimos (96,6%) e até três dependentes da renda (81%). A maioria possuía mais de um emprego (53,7%) e cumpria carga horária de trabalho semanal superior a 30 horas (80,3%). Não houve diferença quantitativa entre os grupos em relação às escalas de trabalho diurna e noturna. Sobre as diferenças entre os grupos G1 e G2, verificou-se aumento significativo dos egressos com vínculos laborais não celetista e não estatutário (p = 0,0244) no G2; redução do salário dos enfermeiros que constituíram o G2 (p = 0,0015); e aumento da atuação na área hospitalar dos egressos inseridos no G2 (p = 0,0018) quando comparados à saúde pública, à pesquisa e ao ensino. Conclusão: Os efeitos do neoliberalismo e a consequente precarização das condições de trabalho impactaram negativamente nas condições sociodemográficas e ocupacional dos egressos. Vislumbra-se, que esta pesquisa seja desencadeadora de estudos multicêntricos, no qual se desenvolvam investigações com outras escolas de Enfermagem do Rio de Janeiro, a fim de se obter os perfis sociodemográfico e laboral dos demais egressos, mapeando, de forma mais ampla, os enfermeiros formados no mesmo período. Considera-se, dessa forma, que a pesquisa pode incentivar outras escolas a investigarem a situação de seus egressos e a fortalecerem esse tipo de avaliação, auxiliando, a partir de um estudo multicêntrico, a Associação Brasileira de Enfermagem e o Conselho Regional de Enfermagem no conhecimento acerca desses profissionais. Esta pesquisa busca também impactar outras Instituições de Ensino Superior, possibilitando a visualização de aspectos importantes, tanto para o processo educativo quanto para a avaliação pedagógica. Descritores: Educação em enfermagem. Currículo. Enfermagem. Referências 1 - BUBOLTZ, F. L. et al. Educação em saúde como competência gerencial do enfermeiro nos serviços de saúde da criança: revisão integrativa. Rev enferm UFPE online., Recife, v. 8, n. 4, p. 1038-47, abr. 2016. Disponível em: . Acesso em: 18 ago. 2014. 2 - CARNEIRO, A. C. L. L. et al. Educação para a promoção da saúde no contexto da atenção primária. Rev Panam Salud Publica, Washington, v. 31, n. 2, p.115-20, 2012. 3- SOUZA, N. V. D. O. et al. Perfil socioeconômico e cultural do estudante ingressante no curso de graduação de enfermagem. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, RJ, v. 21, n. (esp.2), p. 718-22, dez. 2013. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2016. 4- MAURO, M.Y.C. et al. Condições de trabalho da enfermagem nas enfermarias de um hospital universitário. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v.14, n.2, p.13-18, jan./mar. 2010. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2015. 5- RODRIGUES, M. N. G.; PASSOS, J. P. Trabalho de Enfermagem e exposição aos riscos ocupacionais. Rev. de Pesq.: cuidado é fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 353-359, set./dez. 2009. Disponível em: . Acesso em: 28 out. 2015.