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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 363

Comunicação coordenada


363

DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA DE TUTORIA DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS: INOVAÇÃO CURRICULAR NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Autores:
Kleyde Ventura de Souza (Escola de Enfermagem/ Universidade Federal de Minas Gerais) ; Márcia dos Santos Pereira (Escola de Enfermagem/ Universidade Federal de Minas Gerais) ; Allana dos Reis Corrêa (Escola de Enfermagem/ Universidade Federal de Minas Gerais) ; Flávia Sampaio Latini Gomes (Escola de Enfermagem/ Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo:
INTRODUÇÃO: O Programa de Tutoria do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE/UFMG) foi criado em março de 2015, na modalidade mentoring. Essa modalidade amplia as atribuições do professor tutor, tendo em vista sua importância e contribuição tanto no processo de formação acadêmica, quanto para a identidade profissional e pessoal do estudante (1). O tutor, com atributos de mentor, é definido como o professor, que por sua experiência, guia, aconselha e ensina(2), contribuindo para a formação de estudantes, seja, apoiando-os no enfrentamento de dificuldades, seja, fortalecendo-os nas suas escolhas ou nos possíveis desafios que se apresentam durante sua trajetória acadêmica(3). Portanto, o Programa de Tutoria constitui-se como uma rede de acolhimento com a finalidade de integrar o estudante ao meio acadêmico, fortalecer seu desenvolvimento pessoal e interpessoal, acadêmico e profissional, ético e político, bem como sua autonomia ao longo do percurso de formação, qualificando o processo de ensino-aprendizagem(4). OBJETIVO: Relatar a experiência do desenvolvimento do Programa de Tutoria do curso de Graduação em Enfermagem da UFMG. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de relato de experiência, elaborado pelas autoras durante o processo de implantação do programa de Tutoria do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG. O Programa de Tutoria foi aprovado durante plenária dos professores do curso de graduação em Enfermagem da UFMG, em 03/03/2015. São apresentados os dados coletados durante os quatro encontros realizados entre os tutores e a Comissão Permanente de Tutoria, para avaliação e consolidação do Programa, no período compreendido entre março/2015 a julho/2016. Para análise, os dados foram organizados e sistematizados em dois grandes eixos: o primeiro eixo relativo a estruturação e o segundo eixo referente ao processo de desenvolvimento do Programa de Tutoria e apresentados a seguir. RESULTADOS: O Programa de Tutoria foi elaborado, fundamentando-se nas Diretrizes Curriculares do Projeto Pedagógico do Curso, durante assembleias de professores promovidas pelo Núcleo Docente Estruturante do curso de Enfermagem, ocorridas nos 1º e 2º semestres de 2015 e 1º semestre de 2016, além de reuniões da Comissão Permanente de Tutoria, instituída pela Diretoria da EE/UFMG. Com a formação da Comissão Permanente de Tutoria, vinculada ao Colegiado do Curso de Graduação em Enfermagem, e responsável por acompanhar o programa e operacionalizá-lo, elaborou-se um guia das atividades de tutoria constituído pelos seguintes elementos norteadores: a) conceitual: o que é a tutoria; princípios para o execício da tutoria: pessoal e ético-profissional; dimensões da operacionalização do Programa: administrativa, curricular e acadêmica; funcionamento da tutoria: critérios para ser tutor, adesão dos estudantes, formas de comunicação com os tutorandos, organização dos grupos de estudantes e sua distribuição entre os tutores, encontros e temas a serem desenvolvidos no processo de tutoria, monitoramento e avaliação. Esse guia apresenta, então, os aspectos que constituem a estruturação, que servem de base para o desenvolvimento do Programa de Tutoria. Assim, todos os tutores são professores do quadro permanente do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG; a adesão é voluntária, após aprovação de um do três Departamentos aos quais se encontram vinculados. Dentre os 59 professores do curso de graduação em Enfermagem, de três Departamentos, 35 (59,3%) deles são tutores: 12 (34,3%) do Departamento de Enfermagem Básica, 14 (40,0%) do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública e nove (25,7%) do Departamento de Enfermagem Aplicada. Atualmente, encontram-se matriculados no curso de graduação 465 estudantes, do primeiro ao décimo períodos. Deles, 251 ingressaram no curso no segundo semestre de 2013 em diante e eram elegíveis a tutorandos. Porém, 293 estudantes foram divididos entre os tutores, compreendendo que outros estudantes de qualquer período poderiam ser incluídos durante o processo de tutoria, avaliada a necessidade. Percebeu-se que, no decorrer dos três semestres de acompanhamento, 59 estudantes selecionados evadiram do curso e 259 encontram-se regularmente matriculados. O Programa prevê que a vinculação do estudante ao Programa poderá render-lhe aproveitamento conferido por meio de créditos, após análise da documentação apresentada por ele à Comissão de Flexibilização Curricular. Assim, os tutorandos são convidados a assinar o termo de vinculação com o Programa de Tutoria. Dos 259 estudantes, 67 (25,9%) assinaram o termo. O Programa prevê que a vinculação do estudante ao Programa poderá render-lhe aproveitamento conferido por meio de créditos, após análise da documentação apresentada por ele à Comissão de Flexibilização Curricular. Assim, os tutorandos são convidados a assinar o termo de vinculação com o Programa de Tutoria. No primeiro semestre de desenvolvimento do programa a maioria dos tutores (37,6%) realizou um contato com o grupo. No segundo semestre, mais da metade (55,0%) realizou de dois a três contatos com os tutorandos. Como forma de contato predominou a comunicação por e-mail (96,0%). Os encontros individuais ocorreram com maior frequência e a maioria dos tutores concretizou até dois encontros em grupo. A incompatibilidade de horários e datas foi apontada por 77,0% dos tutores como a principal dificuldade para a realização dos encontros em grupo. Para avaliar as temáticas abordadas nos encontros com os tutorandos optou-se por um referencial que subdivide os assuntos discutidos em seis dimensões(4): dimensão tutorial curricular que aborda questões relacionadas ao currículo e ao projeto pedagógico; dimensão tutorial formativa que auxilia o aluno no direcionamento de seu percurso formativo; dimensão tutorial personalizada que abrange aspectos pessoais, dificuldades/potencialidades particulares; dimensão tutorial em período de práticas e vivências que se refere às orientações sobre a prática profissional; dimensão da tutoria como atenção à diversidade, que acolhe alunos com diferentes problemáticas, como consequência das suas características pessoais, fenômenos sociais, econômicos e de caráter cultural, e a dimensão da tutoria entre pares/iguais. Nos encontros individuais a dimensão mais trabalhada foi a curricular (informações sobre o programa de tutoria, normas acadêmicas relacionadas a flexibilização curricular, formação complementar, planejamento de disciplinas a serem cursadas, mobilidade estudantil, trabalho de conclusão de curso entre outros), seguida pela dimensão formativa (projetos de extensão, pesquisa, monitoria, plano de estudos, estratégias de ensino-aprendizagem) e dimensão tutorial personalizada (expectativas em relação ao curso, áreas de interesse, problemas de ordem privada, sofrimento psíquico, entre outros). Nos encontros em grupo foram abordadas questões relacionadas à dimensão tutorial curricular além da leitura e discussão da temática definida pelo grupo de tutores que teve por base o texto "Pipoca ou Peruá" de Rubem Alves. Ressalta-se, como uma das limitações desse relato de experiência, o fato de não apresentar uma avaliação do Programa pelos tutorandos, já prevista para as próximas etapas. CONCLUSÕES, PERSPECTIVAS E IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: esse relato não esgota a experiência dos atores envolvidos no Programa. Espera-se que sua divulgação possa contribuir para fomentar reflexões e fortalecer caminhos voltados à sua consolidação, como também motivar e subsidiar Programas de Tutoria que se encontrem em fase inicial, como o apresentado, de modo a qualificar a formação em Enfermagem. REFERÊNCIAS: 1-Bellodi PL, Chebabo R, Abensur SI, Martins MA. Mentoring: ir ou não ir, eis a questão: um estudo qualitativo. Rev. bras. educ. med. 2011; 35 (2): 237-45. 2-Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev. bras. educ. med. 2008;32(3): 363-73. 3-Gonçalves MCN, Bellodi PL. Ser mentor em medicina: uma visão arquetípica das motivações e transformações na jornada. Interface. 2012; 16 (41): 501-14. 4-Simão AMV, Flores MA, Fernandes S, Figueira C. Tutoria no ensino superior: concepções e práticas. Sísifo: Revista de Ciências da Educação. 2008; 7: 75-88.