Roda de Conversa
360 | ENFERMEIRA NO LABORATÓRIO SIMULADO DE PRÁTICAS: EXPERIENCIA EM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Jaqueline Dias do Nascimento (Universidade Federal do Paraná) ; Elizabeth Bernardino (Universidade Federal do Paraná) ; Sandra Mara Alessi (Universidade Federal do Paraná) ; Maria Ribeiro Lacerda (Universidade Federal do Paraná) ; Solange Meira de Sousa (Universidade Federal do Paraná) |
Resumo: As práticas educativas em saúde têm avançado nos últimos anos objetivando habilitar o discente para o desenvolvimento de cuidado assertivo e seguro1. Com fundamentos logísticos, pedagógicos, científicos, técnicos e éticos, a enfermagem evoluiu ao longo dos tempos para preparar os estudantes para a execução fundamentada no contexto de ensino clínico e, então, para o mundo do trabalho2. As aulas práticas de enfermagem são o primeiro impacto do estudante com a profissão, iniciando assim o seu processo de socialização como futuro profissional, e como tal é de extrema importância para a sua formação e para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. O Projeto político pedagógico do curso de Enfermagem, aqui relatado, define o Laboratório de Simulado de Práticas de Enfermagem como um espaço de aprendizagem com infraestrutura especializada para o desenvolvimento de habilidades e raciocínio clínico, tornando-se assim ambiente para o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas que gera material para à pesquisa. Este espaço simula o real e, possibilita o desenvolvimento e execução de tecnologias de Enfermagem. É utilizado por acadêmicos, docentes e profissionais com o intuito de desenvolver habilidades procedimentais, cognitivas e atitudinais, contempladas nas disciplinas que compõem o currículo do curso. Nele desenvolve-se ensino e pesquisa relacionados ao cuidado de enfermagem, além de atividades de extensão com a comunidade, dando visibilidade ao curso. Tais ações possibilitam a aquisição de habilidades prévias ao contato com o paciente, emponderando os acadêmicos para atividades seguras, com o menor nível de ansiedade possível, que culmina, posteriormente em melhor atendimento de saúde a população. A dimensão técnica do saber em Enfermagem foi executada por anos pelo processo de imitação, sempre com os aprendizes a praticar e melhorar seu desempenho nos pacientes e, algumas vezes, neles próprios ou nos colegas em formação2. Este fazer tem sofrido alterações ao longo do tempo de tal forma que o ensino de práticas, mesmo que básicas, envolve o processo de capacitação de docentes e equipe técnica para a logística do cenário de simulação3, assim para sua execução é preciso espaço físico apropriado, investimento em materiais e equipamentos, adequação do tempo de aulas e estrutura das disciplinas, planejamento pedagógico e disponibilidade de profissional especializado, preferencialmente com experiência assistencial para o gerenciamento destes ambientes. A presença de um profissional enfermeiro no apoio pedagógico de um curso de graduação é uma estratégia de gestão de ensino inovadora, que atende a uma antiga demanda de associação entre teoria, prática de ensino e mercado de trabalho4. Objetivo: Relatar a experiência profissional do enfermeiro no Laboratório Simulado de Práticas de Enfermagem Descrição metodológica: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, decorrente da ação profissional de uma enfermeira que atua no Laboratório Simulado de Práticas de Enfermagem de um curso de graduação do sul do Brasil. Resultado: As atividades desenvolvidas pela enfermeira neste ambiente consistem em elaborar cenários de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de aulas práticas. Gerenciar equipamentos e materiais, entre eles enxoval, artigos médico hospitalares e materiais pedagógicos. Gerenciar patrimônio e participar do processo de licitações, como responsável técnico, por abertura de editais. Gerenciar resíduos e incitar práticas seguras na manipulação de resíduos perfuro-cortantes e infectantes. Oferecer apoio pedagógico para a padronização do ensino de procedimento de enfermagem, desenvolvido em diferentes disciplinas práticas no currículo do curso. E ainda participação nas atividades de educação em saúde da comunidade acadêmica, por meio de projetos de extensão, orientação de acadêmicos e monitores nas aulas de revisões dos conteúdos desenvolvidos, entre outros. Conclusão: Atuar como profissional enfermeiro em ambiente acadêmico é um desafio, principalmente quando a experiência pregressa foi estritamente hospitalar. Entretanto, é esta experiência que traz subsídios para a elaboração de cenários realísticos, e fundamentação para o gerenciamento da "unidade" laboratório. Utilizar a experiência profissional a serviço do ensino possibilita conhecer em profundidade a realidade do mundo acadêmico, já que as atividades docentes diferem expressivamente da profissão enfermeiro. Esta interação constitui uma troca benéfica, pois traz para dentro da universidade a perspectiva do cotidiano profissional do enfermeiro. Assim, gera um efeito importante, no qual o enfermeiro do curso se transforma em referência para os alunos, não só para o desenvolvimento de práticas de enfermagem, mas também para sanar inquietações do mundo do trabalho, além de ser um canal para a comunicação com os docentes. Para atuar no Laboratório Simulado de Práticas de enfermagem faz-se necessário utilizar competências gerenciais, associadas ao conhecimento assistencial e perfil acadêmico, principalmente para contribuir na elaboração de projetos, tão necessários para o financiamento de recursos nas instituições públicas. Estar inserido neste ambiente possibilita ainda, propor novas abordagens no projeto pedagógico do curso, e desenvolver materiais didáticos como, por exemplo, manuais para os alunos, com linguagem acessível, e estabelecer protocolos para o desenvolvimento de práticas. Atuar como enfermeiro neste local é uma experiência impar que contribui com a formação profissional e necessita de apoio constante da instituição e do corpo docente na integração das ações. Contribuições para a Enfermagem: Este relato contribui para o conhecimento de um novo campo de atuação do enfermeiro, possível devido à inovação dos currículos de graduação em Enfermagem e traz perspectivas para a ampliação da integração entre profissional e estudantes. Descritores: Enfermagem; Ensino; Prática Profissional. Eixo 1 - Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermagem Área temática: 2- Inovações curriculares na formação profissional Referências: 1- Oliveira SN, Prado ML, Kempfer SS. Utilização da simulação no ensino da enfermagem: revisão integrativa. Rev Min Enferm. REME. [internet]. 2014 [citado em 14 de jun. de 2016]; abr/jun; 18(2): 487-495. DOI: 10.5935/1415-2762.20140036 2- Martins JCA, Mazzo A, Baptista RCN, Coutinho VRD, Godoy S, Costa MIA et al. A experiência clínica simulada no ensino de enfermagem: retrospectiva histórica. Acta paul. enferm. [Internet]. 2012 [citado em 14 de jun. de 2016]; 25(4):619-625. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000400022&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002012000400022 3- Moraes MAA, Tonhom SFT, Costa MCG, Braccialli LAD, Mazzoni CJ. Simulação da prática profissional no processo de ensino e aprendizagem e na pesquisa qualitativa. CIAIQ [internet]. 2016 [citado em 14 de jun. de 2016]; 1:883-90. Disponível em: http://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2016/article/view/681/669 4- Rodrigues RM, Zanetti ML. Teoria e prática assistencial na enfermagem: o ensino e o mercado de trabalho. Rev.latino-am.enfermagem. [Internet]. 2000 [citado em 14 de jun. de 2016]; Ribeirão Preto, 8(6):102-109. Disponível em: file:///C:/Users/ENF2/Downloads/1522-2425-1-PB.pdf |