Comunicação coordenada
279 | O CONTROLE DE INFECÇÕES NO ENSINO DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: UMA PROPOSTA PARA INSERÇÃO CURRICULAR | Autores: Jussara Gue Martini (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC) ; Aline Massaroli (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC) ; Rodrigo Massaroli (HOSPITAL SANTA CATARINA - Blumenau - SC) ; Mariely Carmelina Bernardi Fornari (Hospital São Lucas de Cascavel-PR.) ; Saionara Nunes de Oliveira (Hospital São Lucas de Cascavel-PR.) |
Resumo: Introdução: As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são um grave problema de saúde pública devido à proporção das infecções, as possibilidades de tratamento, de controle e prevenção. Este problema torna-se mais intenso e urgente quando nos deparamos com as mutações de bactérias e a resistência aos antimicrobianos, registrando cada vez mais óbitos e ou lesões permanentes devido ao desenvolvimento de uma infecção pelo paciente. Frequentemente nos deparamos com resultados de estudos que registram a fragilidade do conhecimento e adesão dos enfermeiros e de outros profissionais de saúde com relação às práticas de prevenção e controle de infecções1, outros estudos que buscam identificar o conhecimento e adesão dos estudantes de graduação com relação a estas práticas registram déficits na aprendizagem dos estudantes2 e enfatizam a necessidade de rever o processo de ensino deste tema nos cursos de graduação destas profissões3. Acredita-se que a efetivação das práticas de controle e prevenção de IRAS se efetivará nos serviços de assistência à saúde quando os profissionais desenvolverem estas competências desde o início e durante todo o processo de formação. Objetivo: Construir uma proposta de inserção do ensino das competências para o controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, nos currículos dos cursos de graduação em enfermagem do Brasil. Descrição metodológica: Estudo de abordagem qualitativa e quantitativa, inicialmente foi realizado um estudo com a Técnica Delphi4, com 37 profissionais experts em controle de infecções para a definição das competências para o controle de infecções do enfermeiro generalista no Brasil. Foram realizadas quatro rodadas de proposições no período de agosto de 2015 até fevereiro de 2016. Em seguida, foi construída uma proposta de como desenvolver estas competências no ensino dos cursos de graduação em enfermagem no Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, parecer número 818.839/2014. Resultados: A partir da Técnica Delphi foi elaborada uma lista com 14 competências para o controle de infecções que devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro generalista no Brasil. Estas competências são: Reconhecer o processo da cadeia de transmissão microbiana; Manutenção da cadeia asséptica; Higiene de mãos; Uso das precauções padrão e específicas; Uso de equipamentos de proteção individual; Limpeza e desinfecção de ambientes e superfícies; Limpeza, desinfecção e esterilização de produtos para a saúde; Identificar riscos de infecção; Reconhecimento da problemática das IRAS; Colaborar com a vigilância epidemiológica e conhecer o perfil epidemiológico do serviço de saúde; Manejo de exposição ao material biológico; Manejo de resíduos dos serviços de saúde; Implementar ações de prevenção de infecções; Cuidados ao paciente com infecção. Após a definição destas competências foi elaborada uma proposta curricular visando viabilizar o seu desenvolvimento nos cursos de graduação em enfermagem. Devido à importância e complexidade das práticas de prevenção e controle de infecções propõe-se que este tema seja abordado como um eixo transversal no currículo de enfermagem, todavia este eixo transversal deve ser trabalhado em uma disciplina específica que se desenvolva durante todo o curso de graduação, que acompanhe o desenvolvimento das competências clínicas do estudante, articulada com suas experiências, articulando teoria e prática. Nos primeiros semestres faz-se uma abordagem dos conceitos gerais sobre IRAS, posteriormente incluem-se informações mais aprofundadas sobre o tema gradativamente conforme o desenvolvimento e a organização das outras disciplinas e áreas no currículo do curso. Para o desenvolvimento desta disciplina recomenda-se o uso de métodos blended e flipped classroom, o primeiro prevê o uso combinado de diferentes estratégias metodológicas, mesclando o ensino à distância com encontros presenciais que permitam a discussão e interação coletiva. O segundo prevê a inversão dos métodos tradicionais de aula, sendo que o estudante inicialmente tem um momento prévio de estudo sobre o tema que será abordado, posteriormente se realiza uma avaliação do conhecimento do estudante, para que o professor trabalhe de modo mais específico de acordo com as necessidades de aprendizagem dos estudantes. Como a disciplina se desenvolve durante todo o curso, espera-se utilizar as experiências dos estudantes nos campos de atividades teórico práticas e estágios supervisionados, para instigar a discussão e a reflexão deste tema, a partir das experiências dos estudantes nos cenários reais de assistência à saúde. Conclusão: Espera-se que esta proposta curricular favoreça a compreensão da complexidade e importância das IRAS entre os estudantes de graduação em enfermagem, contribuindo para a melhoria das práticas de prevenção e controle das IRAS nos serviços de saúde. Além disso, esta organização curricular estimula que o estudante desenvolva sua capacidade de formação independente e permanente por meio da busca ativa de informações, o que é extremamente necessário neste período de constante e grande geração de novos conhecimentos. Contribuições para a Enfermagem: A possibilidade de vislumbrar inovações curriculares para a graduação em enfermagem é de grande importância para o processo de desenvolvimento e consolidação do ensino crítico e reflexivo, que favoreça a formação de profissionais autônomos e proativos, com capacidade para identificar situações de risco e intervir precocemente evitando a ocorrência de danos desnecessários aos pacientes. Referências 1. Massaroli, A., & Martini, J. G. Interface entre educação permanente e controle de infecção hospitalar. Saarbrücken, DE: Novas Edições Acadêmicas; 2014. 2. Gould D, Drey N. Student nurses' experiences of infection prevention and control during clinical placements. American Journal of Infection Control 2013. 41(9):760-763. 3. Giroti, S. K. O., Garanhani, M. L., Guariente, M. H. D. M., & Cruz, E. D. A. (2013). Teaching of Health Care-Related Infections within an Integrated Nursing Curriculum. Creative Education, 4(12B), 83-88. 4. Keeney, S., Hasson, F., & McKenna, H. The Delphi Technique in Nursing and Health Research. Oxford, UK: Wiley Blackwell; 2011. Palavras-chave: Currículo, Educação em Enfermagem, Controle de Infecções. |