Roda de Conversa
257 | PRÁTICA MEDITATIVA MINDFULNESS NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE: BIBLIOMETRIA | Autores: Aline Corrêa de Araujo (Escola Paulista de Enfermagem UNIFESP) ; Luiza Hiromi Tanaka (Escola Paulista de Enfermagem UNIFESP) |
Resumo: Introdução: Estudos mostram um alarmante aumento de transtornos mentais da população nos grandes centros urbanos, causados pelo estresse, que vem sendo considerado um problema de saúde pública1, sendo inerente aos profissionais da atenção primária à saúde realizarem ações promotoras de saúde minimizadoras de agravos. Com isso, as instituições formadoras necessitam incluir dentro do seu currículo, metodologias para o processo de ensino e aprendizagem de forma que os acadêmicos primeiramente aprendam a cuidar de si, reconheçam os seus valores humanos e adquiram a competência para saber cuidar do outro no aspecto emocional e relacional. Paralelamente, estudos têm mostrado que os estudantes da área de saúde também têm sofrido estresse, depressão e ansiedade, o que levam muitas vezes, ao enrijecimento emocional, distanciando-os dos pacientes e familiares2,3. Por outro lado, pesquisas demonstram a efetividade das práticas meditativas para o manejo do estresse e o desenvolvimento dos valores humanos com os acadêmicos da área da saúde, sobretudo, da enfermagem e medicina. E ainda, que meditação é uma das práticas mais estudadas para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais e que pode ser definida como um "estado acrítico de auto-observação", no qual se observa o pensamento, sem pensar; o sentimento, sem envolver-se nele e se observa qualquer conteúdo cognoscitivo, sensorial, emocional, fisiológico ou comportamental de maneira passiva. É uma técnica de autocontrole, auto-regulação, auto-observação, controle de estímulos e controle do pensamento, onde ocorrem relaxamento e inibição recíproca dos conteúdos cognitivos e suas conseqüentes reações, mas não limitados a eles4. Sugerindo, portanto, que durante a formação profissional práticas de mente-corpo sejam aplicadas para potencializar a capacidade relacional por meio do autoconhecimento e autogerenciamento das emoções5. Objetivo: descrever a produção científica sobre a aplicação da prática meditativa mindfulness em estudantes da área da saúde. Metodologia: Estudo descritivo, bibliométrico, realizado no mês de maio de 2016. Busca foi feita na base de dados da Pubmed, sem restrição de data, tendo como critério de inclusão para seleção dos artigos: a prática meditativa mindfulness no manejo de emoções ou sofrimento mental relacionados à ansiedade, estresse e depressão e critério de exclusão: os artigos repetidos. A procura foi feita com os seguintes descritores como tópico principal: mindfulness and mental health, onde foram encontrados 25 artigos e 9 selecionados; mindfulness and students health occupations com 17 encontrados e 13 selecionados; mindfulness and students medical com 12 encontrados, 8 repetidos e 1 selecionado; mindfulness e students nursing foram encontrados 5 artigos repetidos; por fim, na busca com mindfulness associados a students dental e, posteriormente, com students pharmacy nada foi encontrado. Os artigos selecionados foram tabulados, em planilha Excel, e organizados quanto ao ano de publicação, à população estudada (geral ou estudantes), para qual curso de graduação se aplicou o estudo, qual o país de origem do artigo, quanto ao tipo de estudo, se fez uso de instrumentos de avaliação e quanto à conclusão. Resultados: Dos 23 artigos selecionados 11 foram publicados no ano de 2015, 6 em 2014 e 6 em 2013, percebe-se a atualidade do assunto e de maneira crescente. Os estudos fizeram a intervenção das práticas meditativas com a população geral em 4 dos artigos selecionados, com meditadores em 1 artigo e com estudantes de graduação em 15 das publicações (65,21%), ainda encontrou-se três revisões de estudos. Os cursos de graduação contemplados foram: medicina com 10 artigos (43,47%) publicados, enfermagem com 4 artigos (17,39%), odontologia com 1 artigo e psicologia também com 1 artigo, ainda houve um estudo com pós graduandos de medicina, com isso vimos que existe uma preocupação, ainda que assisada, em preparar e amparar os estudantes de graduação quanto ao manejo das emoções e dar um suporte à saúde mental deles, principalmente nos estudantes de graduação de medicina e de enfermagem. Os países que publicaram os estudos foram 10 (43,47%) da Europa: Alemanha-3, Holanda-3, Noruega-1, Islândia-1, França-1, Espanha-1 e Escócia-1, sendo que um dos estudos foi em parceria de dois países; 8 dos estudos (34,78%) da América: Estados Unidos da América-7 (30,43%) e Canadá- 1; e ainda, Austrália com 3 publicações, China com 1 e Coréia do Sul-1. Excetuando a Austrália, nesta busca não se encontrou países do Hemisfério Sul, e infere-se que a utilização da meditação como instrumento para promoção de bem estar e manejo de emoções parece emergir no Ocidente. Em relação ao tipo de estudo tiveram: 11 ensaios clínicos (47,82%), estudos exploratórios foram 8 (34,78%), revisão de literatura integrativa foram 3 e um de revisão sistemática com metanálise, a maioria dos estudos clínicos fez uso de instrumentos psicométricos como métodos de avaliação quantitativo, logo foram estudos de abordagem quantitativa, ainda foi encontrado um com abordagem qualitativa e um com abordagem mista. Os artigos encontrados se propuseram, de maneira geral, avaliar a eficácia da prática meditativa no manejo do estresse, da ansiedade, promovendo saúde mental, e os resultados encontrados foram positivos em 86,95%, em 2 artigos demonstrou dúvida quanto a eficácia da prática meditativa e um negou sua eficácia. Conclusão: Ao descrever a produção científica sobre a aplicação da prática meditativa mindfulness em estudantes da área da saúde o trabalho apresentou benefícios para estes estudantes no manejo de suas emoções, e ainda, um crescente interesse de pesquisadores no assunto com preocupação na preparação destes futuros profissionais. Contribuições para Enfermagem: O estudo serve de subsídio para refletir sobre o impacto emocional dos cursos de graduação, tanto de enfermagem quanto de outros da área da saúde, nos estudantes e sugere proposta para amenizar as dificuldades encontradas. Referências: 1.Andrade LH, Wang YP, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER,Nishimura R, Anthony JC, Gattaz WF, Kessler RC, Viana MC. Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoSONE. 2012 Feb; 7(2):e31879. 2.Gramstad TO, Gjestad R, Haver B. Personality traits predict job stress, depression and anxiety among junior physicians. BMC Med Educ. 2013 Nov 9;13:150. 3.Basnet B, Jaiswal M, Adhikari B, Shyangwa PM. Depression among undergraduate medical students. Kathmandu Univ Med J (KUMJ). 2012 Jul-Sep;10(39):56-9. 4. Aguilar G, Musso A. La meditación como proceso cognitivo-conductual. Suma Psicol.2008 mar; 15(1):241-58. 5.Bond AR, Mason HF, Lemaster CM, Shaw SE, Mullin CS, Holick EA, Saper RB. Embodied health: the effects of a mind-body course for medical students. Med Educ Online. 2013 Apr30;18:1-8. |