Roda de Conversa
245 | LABORATÓRIO DE PRÁTICA SIMULADA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO EM ENFERMAGEM | Autores: Eduardo Fuzetto Cazanas (Universidade do Oeste Paulista) ; Paula Miralha Guimarães de Lima (Universidade do Oeste Paulista) ; Gabriele da Silva Reis Pessoa (Universidade do Oeste Paulista) ; Kátia Cristina Candido de Oliveira Santos (Universidade do Oeste Paulista) ; Maria Nilda Camargo de Barros Barreto (Universidade do Oeste Paulista) |
Resumo: Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais de 2001, apoiadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, trouxeram indagações acerca dos currículos mínimos utilizados pelas Instituições de Ensino Superior. A partir destes marcos as Instituições ganharam autonomia para fixarem seus currículos de acordo com a diversidade dos egressos, adaptando às necessidades sócio-político-econômica da sociedade aos perfis dos discentes. Dentre as necessidades apontadas, pretende-se que as estruturas curriculares estejam pautadas na política, legislação e trabalho do Sistema Único de Saúde, de forma articulada com os segmentos de controle social. Vale considerar que o currículo almejado não se limita em proporcionar apenas destreza técnica e conhecimento biológico, mas sim a formação de enfermeiros que sejam crítico-reflexivos considerando as necessidade de saúde da sociedade e criativos para que juntos, possam superá-los. Deste modo, fomentam-se as discussões sobre novas metodologias de ensino-aprendizagem, entre as quais, se destaca as metodologias ativas e a utilização de simulações nos processos de ensino aprendizagem e avaliação formativa. As metodologias ativas e simulação, se integradas, permitem que estudantes sejam atores no processo de aprendizagem junto aos docentes que assumem o papel de mediador/facilitador, apoiando e desafiando a construção do conhecimento. A simulação é uma estratégia de ensino que imita fatos inesperados da prática profissional, permitindo aos estudantes experimentar situações reais do ambiente fora da sala de aula ou da prática em saúde da família, tendo como meta aperfeiçoar o aprendizado em grandes dimensões, onde o espaço do aluno com a sua capacidade de aprender se torna mais aguçada e maior. Entre os métodos de simulação cita-se o Objective Structured Clinical Examination, internacionalmente reconhecido e utilizado para avaliação de habilidades e competências clinicas. Este modelo de simulação representou um avanço na avaliação do estudante, superando o enfoque puramente cognitivo para uma avaliação mais adequada, envolvendo também recursos afetivos e psicomotores, sem prejuízo do paciente real. Entretanto se faz algumas críticas a esse método, pois as avaliações acontecem de forma fragmentada, a partir do momento em que as simulações são estruturadas em estações, onde os pacientes simulados representam situações distintas como: estações de exame físico do abdome; "estação de entrevista", entre outras. Foi criada então uma alternativa ao método baseada em um processo semelhante, porém utilizando estações longas, as quais destacam-se pela possibilidade de uma abordagem integral do caso com a proximidade da realidade nas práticas profissionais. Esse método recebeu o nome de Clinical Practice Examination. Ambos os métodos são internacionais, assim não trazem algumas características do Modelo de Saúde e processos de ensino aprendizagem do Brasil.2 Nessa perspectiva, em 2003 foi criado o Exercício de Avaliação da Prática Profissional (EAPP) pela Faculdade de Medicina de Marília- FAMEMA, com a intenção de agregar as características dos Modelos de Atenção à Saúde vigentes em detrimento das metodologias ativas de ensino-aprendizagem e de seu currículo integrado.2 Neste caminho, a Faculdade de Enfermagem da Universidade do Oeste Paulista, localizada no interior do Estado de São Paulo, tem se preocupado em estudar e utilizar metodologias de ensino que possam proporcionar uma formação crítico-reflexiva com olhar integral ao ser humano. No ano de 2013, foi proposto para estudantes do sétimo e oitavo termo do curso de enfermagem, um novo método de simulação elaborado por um docente com experiências prévias com a Instituição que criou o EAPP. Esse método recebeu o nome de Laboratório de Prática Simulada (LPS), com utilização de pacientes na modalidade Simulação Híbrida (role-play, paciente programado e manequim), por meio de metodologias ativas de ensino aprendizagem, tendo como eixo norteador a integralidade do cuidado. Para tanto utilizou-se o referencial teórico pautado na Pedagogia Histórico-Crítica se concretizando através de metodologias ativas para momentos de síntese provisória e nova síntese. Metodologia: O Laboratório de Prática Simulada está cadastrado como Projeto de Extensão número 04240/2016. O LPS foi elaborado e estruturado embasado em alguns autores como Vásquez na compreensão da práxis, Saviani no que diz respeito à Pedagogia Histórico-Crítica, Berbel com a proposta da Metodologia da Problematização com Arco de Maguerez, Pichon-Rivière no entendimento do processo grupal, Bloom no que diz respeito a elaboração de questões de ensino aprendizagem, Cecílio para elaboração dos casos simulados e os Cadernos da Faculdade de Medicina de Marília no que se refere aos ciclos de aprendizagem. Esta modalidade de simulação acontece no Estágio Supervisionado e Atividades Práticas que ocorrem na Atenção Primária à Saúde. As simulações são conduzidas por dois professores, com a função de mediador. O método constiui-se de duas etapas, onde o um grupo de no máximo 12 estudantes participam, sendo a primeira etapa denominada de síntese provisória, na qual um estudante atende o paciente simulado. Seguido ao atendimento ocorre o debriefing, a problematização, elaboração de questões de aprendizagem e avaliação do momento nos aspectos de dramatização, organização, desenvolvimento discente e docente. No segundo encontro com nome de nova síntese, os estudantes trazem suas questões respondidas por meio de busca qualificada e os professores ainda no papel de mediadores do processo de ensino aprendizagem os ajudam a chegar na compreensão que possibilite o aprimoramento das condições da prática e finaliza-se com auto-avaliação/avaliação grupal. As simulações acontecem ao longo do semestre e está condicionada aos tamanhos das turmas, sendo realizadas de duas a cinco simulações para cada grupo ao longo do semestre. Resultados: Verifica-se ao longo dos três anos de Projeto que estudantes e professores envolvidos, tem identificado que a proposta metodológica, contribui significativamente quanto aos aspectos do cuidado individual numa perspectiva de integralidade, uma vez que a abordagem promove aos estudante atuar e refletir sob os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, através da articulação dos domínios cognivitos, afetivos e psicomotores, fortalecendo assim o raciocínio clínico e possibilidades ampliadas de intervenções. É possível inferir que os estudantes tornam-se mais autônomos no processo de ensino aprendizagem pelo fato da associação da simulação com metodologia ativa. Observa-se ainda que os professores o ao participarem do processo, conseguem fazer um diagnóstico sobre a necessidade de avançarmos novas propostas curriculares, no sentido de formarmos um estudante de forma mais integrada. Discussão: O Laboratório de Prática Simulada tem se mostrado importante ferramenta de ensino, porém necessita de estudos, validação, expansão e pesquisa em outros termos da Faculdade, na intenção de verificar se a respostas dos estudantes e professores são homogênias aos da Atenção Primária. Contribuições para enfermagem: O método tem possibilitado uma prática de ensino que vai ao encontro das orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais, no sentido de promover ambiente no qual o estudante possa ser criativo, reflexivo, crítico, generalista e que seja preparado para atuar no Sistema Único de Saúde. Descritores: Comunicação Interdisciplinar; Internato não médico; Simulação de Paciente Eixo 1- Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermage REFERÊNCIAS 1. MORAES, M.A.A. Avaliação nos cursos de Medicina e Enfermagem: perspectivas e desafios. Curitiba: CRV, 2012. 2. WATERKEMPER, R.; DO PRADO, M. L. Estratégias de ensino-aprendizagem em cursos de graduação em Enfermagem. Av.enferm., Bogatá , v.29, n.2, Dec. 2011. 3. SANVEZZO, V.M.S., MILHORANÇA, A.F., CAZAÑAS, E.F. Simulação como metodologia de ensino e avaliação na perspectiva da integralidade. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 21, 2015a, Presidente Prudente. Anais do Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão - ENEPE. Presidente Prudente, UNOESTE, 2015. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2016. |