Roda de Conversa
212 | UMA REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE ONCOLOGIA NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Paloma Coutinho Campos (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Jordana Aparecida de Paula (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Maria Carmen Simões Cardoso de Melo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) |
Resumo: INTRODUÇÃO: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são atualmente as principais causas de morte no mundo. Cerca de 80% das mortes por DCNT ocorrem em países de baixa e média renda. A maioria dos óbitos por DCNT são atribuíveis às doenças do aparelho circulatório, ao câncer, à diabetes e às doenças respiratórias crônicas (1). O câncer, considerado um problema de saúde pública de alta incidência, mesmo entre os países desenvolvidos é conhecido historicamente como doença associada ao sofrimento e ao medo, devido aos desagradáveis efeitos colaterais das drogas e ao risco de morte. Na literatura sobre o tema, os dados ratificam a importância das práticas preventivas e de aperfeiçoamento quanto à terapêutica, bem como melhores condições de assistência de enfermagem ao paciente oncológico (3). Também já fazem parte do perfil epidemiológico brasileiro e segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se para o biênio 2016-2017 mais de 600 mil novos casos de neoplasias no Brasil. Com a incidência aumentando a cada ano em várias partes do mundo, as neoplasias configuram-se como doenças cujo tratamento tem alto custo, é de difícil seguimento e requer assistência multiprofissional e especializada. Dentre os diversos tipos, destacam-se o de próstata, com mais de 61 mil casos, seguido pelo câncer de mama feminina, com 58 mil novos casos (2). Ao considerarmos as questões acima apresentadas, destacamos que o Ensino de Graduação em Enfermagem deve ser orientado aos problemas mais relevantes do país, fundamentado nos diferentes níveis de atuação do enfermeiro subsidiado no desenvolvimento progressivo de suas competências (4). Cuidar do paciente oncológico configura-se um desafio aos já profissionais e aos futuros enfermeiros (5). Os acadêmicos de enfermagem prestam cuidados supervisionados a pessoas com câncer, em seus diversos tipos, em diferentes etapas do tratamento e durante considerável parte do curso de graduação. Esta condição, aliada à magnitude já apontada da doença, evidencia a necessidade da adequada formação dos profissionais tanto para a prevenção, quanto para o cuidado ao paciente oncológico. OBJETIVO: Refletir sobre a importância do ensino de oncologia no currículo da graduação em enfermagem. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de estudo reflexivo que emergiu de docentes e discentes do Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora, no decorrer da disciplina de Práticas de Ensino, que integram aulas teóricas e práticas para a Graduação em Enfermagem, concomitantemente. As reflexões conduziram à problematização de assuntos relevantes e atuais sobre o processo de ensino-aprendizagem da enfermagem, levando a indagações sobre a importância do ensino de oncologia na graduação em Enfermagem. RESULTADOS: O exercício das atividades de enfermagem na prática docente no cotidiano de instituição especializada no cuidado oncológico, revelou a pertinência de sua inserção na grade curricular da Graduação em Enfermagem, como uma disciplina eletiva ou ainda como conteúdo dissolvido nas Etapas Curriculares. O desenvolvimento desta temática se mostrou favorável à formação e aprofundamento dos futuros profissionais, tanto nas múltiplas possibilidades de abordagens de aspectos educativos, nos moldes a promoção da saúde e da prevenção do câncer, em qualquer nível de atenção, quanto no cuidado à pessoa, em suas diversas necessidades e dimensões. CONCLUSÕES: O acentuado crescimento do câncer na população brasileira sinaliza a relevância do desenvolvimento do tema, em suas diversas nuances, como conteúdo obrigatório no decorrer do processo de formação do enfermeiro em uma abordagem generalista. Apesar da oncologia ser abordada transversalmente nas demais disciplinas do curso de Enfermagem, ela não atinge o aprofundamento necessário para uma assistência adequada. Ao se deparar com esta superficialidade da temática, o Enfermeiro se vê diante da necessidade de buscar uma formação complementar, geralmente em cursos de especialização, o que depende de uma disponibilidade financeira e de oferta do curso. Assim, os conteúdos curriculares, devem ter a abrangência da atenção à pessoa, às famílias e à comunidade, nas práticas promotoras e mantenedoras da saúde, da prevenção primária, secundária e terciária, do cuidado à pessoa durante as variadas terapêuticas, assim como da terminalidade da vida e na morte. Portanto, a inserção do conteúdo de oncologia em cursos de graduação em Enfermagem, no formato de disciplina regular ou não, é mais que necessária e sua implementação depende de um esforço mútuo, com vistas a oferecer uma melhor assistência ao paciente que sofre com o câncer. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Todo processo educacional tem como horizonte a formação de um sujeito, com habilidades e competências específicas. Esta é mediada pelo currículo, que busca atender às necessidades de um contexto social. Ao repensar um determinado curso, estamos adequando este sujeito à essa nova realidade. É imprescindível ter em mente que o mercado de trabalho exige competências essenciais aos profissionais, tornando essencial o atendimento das demandas, sob pena de enfrentarem no seu exercício, obstáculos e dificuldades desnecessárias. Essa reflexão contribui para que as instituições de ensino de enfermagem possam repensar seus currículos, com vistas à qualidade da formação. No que concerne à oncologia, evidencia-se oportunizar aos acadêmicos de enfermagem o desenvolvimento de competências e habilidades, que os capacitem ao adequado desempenho de suas funções em consonância com as áreas prioritárias e de maior complexidade do Sistema Único de Saúde. Entendendo que a qualidade da atenção à saúde está diretamente relacionada às condições da formação dos profissionais, a inserção e aprofundamento na temática oncológica como conteúdo obrigatório impactam diretamente na assistência à pessoa e comunidades, nos aspectos da promoção da saúde e também da prevenção, do prognóstico e da reabilitação do câncer. REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes e recomendações para o cuidado integral de doenças crônicas não-transmissíveis: promoção da saúde, vigilância, prevenção e assistência. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 72 2. Brasil. Ministério da Saúde. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil. Instituto Nacional do Câncer [serial online] 2015 [cited 2016 Jun]. Available from: URL: http://www.inca.gov.br/ 3. American Cancer Society. Economic impactof cancer. American Cancer Society [serial online] 2009 [cited 2016 Jun]. Available from: URL: http://www.cancer.org/Cancer/CancerBasics/economic-impact-of-cancer 4. Calil AM, Prado C. Cali. Ensino de oncologia na formação do enfermeiro. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 jul-ago; jul-ago; 63(4): 671-4. 5. Fontes CAS, Alvim NAT. Human relations in nursing care towards cancer patients submitted to antineoplastic chemotherapy. Acta Paul Enferm 2008; 21(1):77-83. Descritores: Educação em Enfermagem; Oncologia; Competência Profissional. |