Comunicação coordenada
189 | O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE (PET-SAÚDE) COMO INDUTOR DE INOVAÇOES PEDAGÓGICAS NO CURSODE MEDICINA E ENFERMAGEM DE UNIVERSIDADE PÚBLICA - SÃO PAULO | Autores: Maria Helena Borgato (Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina de Botucatu-) ; Regina Stella Spagnuolo (Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina de Botucatu-) ; *cassiana Mendes Bertoncello Fontes. (Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina de Botucatu-) |
Resumo: Introdução: A evolução das práticas de saúde e as novas concepções sobre a efetividade da atenção em saúde em todos os níveis de atenção exigem profissionais críticos, capazes de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. A proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino superior no Brasil, para todas as profissões da área da saúde, concebe um perfil generalista, com sólida formação técnico-científica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde. Nesse propósito, mudanças estão sendo instituídas no ensino superior, buscando a integração com os serviços de saúde e com a comunidade, para favorecer o processo de ensino- aprendizagem. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é uma das ações intersetoriais direcionadas à condução da interação ensino- serviço comunidade, eixo básico para reorientar a educação na área da saúde. Tem como objetivo fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, denotando um instrumento para a qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como para a iniciação ao trabalho, de acordo com as necessidades do SUS Desenvolvida no âmbito do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) da Universidade Estadual Paulista - UNESP e Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu, São Paulo a disciplina Integração Universidade, Saúde e Comunidade - IUSC contempla alunos do segundo ano dos cursos de graduação de medicina e Enfermagem. Trabalha na perspectiva do diálogo interdisciplinar, problematização acerca da realidade na rede de atenção básica, na comunidade e na sociedade, com participação ativa do estudante no seu processo de formação. O processo de ensino começa com a inserção precoce dos estudantes na área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde/Unidade Saúde da Família (UBS/USF), onde se deparam com a história e os problemas da comunidade, buscando apreender a vida cotidiana. A disciplina proporciona ao estudante um contato permanente com a comunidade, com a criação de espaços de prática, discussão, capacitação e intervenção nas dimensões sociais e psíquicas do ser humano, para uma prática clínica voltada à promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. (Cyrino et al., 2006) Enfatiza-se a importância do reconhecimento das condições de vida e saúde da população e o conhecimento do território onde o grupo de alunos atua. A partir do conhecimento e da aproximação com o território da UBS/USF criam-se condições para que os estudantes sejam capazes de identificar problemas e necessidades da região. Depois ampliam-se as habilidades voltadas para o planejamento, execução e avaliação de atividades de educação em saúde, buscando promover a saúde a partir de demandas identificadas. Busca-se a integração dos conhecimentos das disciplinas cursadas e em andamento; Planejamento e sistematização do trabalho desenvolvido para fins de avaliação, produção de conhecimento, publicações e/ou participação em evento(s) científico(s). Objetivo: Relatar projeto de ensino com alunos dos curso de graduação em medicina e enfermagem, em integração com a comunidade. Método: A disciplina IUSC trabalha com atividades que privilegiam a integração teórico-prática utilizando a metodologia da problematização. Os conhecimentos científicos integram percepções, emoções, conhecimentos, representações de pessoas envolvidas no problema, permitindo que diferentes saberes sejam compartilhados na construção do conhecimento. (BERBEL,1998). Utiliza-se de trabalho e discussão em grupo regulares, com orientação do professor tutor que busca resgatar conhecimentos e experiências prévias articulando e problematizando conteúdos; Trabalho de campo nos territórios das UBS/USF onde os alunos estão inseridos; Aula expositiva dialogada; Estudo dirigido em grupo e individual; Elaboração de relatórios escritos em grupo e individual; Discussão individual e em grupo das sínteses produzidas, avaliação periódica do material, devolutiva dos pontos importantes dentro de um processo de avaliação formativa. Desenvolvimento: Realizam-se encontros semanais de oito horas-aula em um total de 100 horas letivas anuais organizados em dois momentos: primeiro realizaram-se encontros de quatro horas aulas semanais do IUSC para sensibilização e introdução aos temas dos eixos temáticos contextualizados no cenário da APS onde se levanta o conhecimento prévio dos alunos, partindo-se da realizada vivida e problematizando a vivencia a ser realizada.No segundo momento encontros do PET-Saúde, num total de 4 horas aulas semanais compoem um corpus teórico e prático. Após, os alunos discutem critica reflexivamente a importância da construção de um projeto de pesquisa do seu escopo ao seu desenvolvimento e conclusão. Além disso, no processo de aprender e construir, responde-se o que o projeto se propõe a fazer, e para quem. É o período mais longo da experiência, muito rico em aprendizados articulados entre a teoria e a prática em que o tutor faz a síntese teórica precedendo a prática e sistematizando o conhecimento apreendido. Ao propor a problematização nos encontros PET e IUSC como estratégia no processo de aprender e transformar, busca-se proporcionar aos alunos o reconhecimento de seu papel de construtores ativos e pertencentes à um sistema dinâmico e vivo, tanto da FMB-UNESP quanto à comunidade e profissionais da rede de saúde envolvidos. A articulação dos referenciais teóricos pedagógicos da problematização e do SUS que norteiam as práticas em saúde, pode materializar as transformações para as mudanças necessárias. Conclusões. O desenvolvimento articulado da disciplina IUSC e do projeto PET-Saúde tendo como fio condutor a construção crítico- reflexiva e participativa partindo-se da realizada vivida e problematizadora dos alunos da graduação em medicina e enfermagem pode revelar um processo ensino aprendizagem produtivo e significativo para todos os envolvidos, alunos, tutores e profissionais da rede de saúde. Nesse contexto é fundamental o instrumental pedagógico ativo envolvendo os alunos enquanto sujeitos dessa construção. Os alunos podem vivenciar sentimentos de pertença e a construção de vínculos relacionais com outros profissionais da rede de saúde local durante o percurso construtivo da disciplina e do projeto PET Saúde, além de conhecerem recursos estratégicos que ampliaram a capacidade de análise e a tomada de decisão. A inserção precoce do aluno de graduação nos campos de prática aliado ao aporte teórico e crítico das pedagogias ativas pode proporcionar e revelar uma maior aproximação da universidade com a rede de saúde, particularmente a Estratégia Saúde da Família, proporcionando mudanças da formação nas graduações a partir das reflexões-ações de professores e estudantes no ato de ensinar e aprender, ensinar a viver e ensinar ser. Descritores: Enfermagem, Educação em Saúde, Metodologia Ativa Referências: Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Secretaria de Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde: Pró-Saúde. Brasília 2005. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação.Portaria Interministerial n. 1.802, 26 de agosto 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: PET-Saúde. Brasília 2008. BERBEL, NAN. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes cominhos? Interface Comun Saúde Educ. 1998;2(2):139-54. CYRINO, E. G. et al. Em busca da recomposição da arte do cuidado e do fazer/aprender: a interação universidade, serviço e comunidade na Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. In: Pinheiro, R.; Ceccim, R. B.; Mattos, R. A. (Orgs.). Ensino-trabalho-cidadania: novas marcas ao ensinar integralidade no SUS. Rio de Janeiro: Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva-CEPESC, 2006. v.1, p.71-84. |