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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 182

Comunicação coordenada


182

O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA COMUNICAÇÃO: CONCEITOS E EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS PARA ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

Autores:
Bruna Fernanda Barbosa Queiroz (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Camila Dalcól (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Mara Lúcia Garanhani (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Brígida Gimenez Carvalho (Universidade Estadual de Londrina - UEL) ; Lígia Fahl Fonseca (Universidade Estadual de Londrina - UEL)

Resumo:
Introdução:A enfermagem é uma ciência humana que tem como fundamento prestar cuidados aos indivíduos, doentes ou saudáveis, sendo que este processo ocorre por meio da interação humana, uma vez que ocorre um encontro entre as pessoas. Sendo o cuidado a essência da enfermagem, ao cuidar do outro ultrapassamos as barreiras técnicas, incorporando ações sensíveis, como o toque, o olhar, o ouvir, o falar, envolvendo intuição, liberdade, subjetividade e comunicação1. A comunicação para a enfermagem vai além de um instrumento básico, devendo ser uma competência interpessoal a ser alcançada2, tornando-se responsabilidade das instituições de ensino capacitar seus estudantes para desenvolverem competências, uma vez que as Diretrizes Nacionais Curriculares preconizam a comunicação como uma das seis competências essenciais para o futuro enfermeiro3. Para analisar o desenvolvimento da competência da comunicação na formação do enfermeiro, optamos por estudar um curso que utiliza uma proposta pedagógica diferenciada, o Currículo Integrado. Este busca inovar diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem, como a relação entre professores e alunos, a relação entre teoria e prática, a utilização de metodologias ativas, organização curricular modular, objetivando a atuação multiprofissional, a interdisciplinaridade e a formação do enfermeiro por meio de competências, propondo a comunicação como um dos temas transversais a serem desenvolvidos ao longo das quatro séries do curso4.Objetivo:o objetivo deste estudo foi analisar o conceito de comunicação e as experiências significativas vivenciadas por estudantes de enfermagem de um currículo integrado.Descrição metodológica: estudo qualitativo, compreensivo, do tipo estudo de caso. Justifica-se o tipo de pesquisa estudo de caso ao optarmos por um curso de enfermagem que desenvolve um Currículo Integrado há 15 anos, possuindo alguns diferenciais de outras instituições, entre eles o fato de adotar temas transversais em seu processo de ensino-aprendizagem, sendo a comunicação um desses temas. Assim, o local de estudo foi em um curso de enfermagem de uma universidade pública do sul do Brasil que utiliza o Currículo Integrado. A coleta de dados deu-se por meio de seis grupos focais realizados com 55 estudantes, em outubro de 2014 e em agosto de 2015. As discussões resultantes dos grupos focais foram transcritas na íntegra e submetidas à análise de conteúdo proposta por Bardin, e posteriormente discutidos na perspectiva do pensamento complexo de Edgar Morin5. Os participantes foram informados quanto aos objetivos da pesquisa, a audiogravação, o anonimato, e, por fim, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo contemplou a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de ensino à qual está vinculada a autora principal, conforme Resolução 466/12, com CAAE nº 18931613.5.0000.5231, em 15 de novembro de 2013.Resultados: A análise das percepções dos estudantes conduziu à construção de duas categorias: "Elementos da comunicação" e "A comunicação e experiências significativas". Nos elementos da comunicação, os estudantes citaram os conceitos de comunicação, seus conteúdos, os sujeitos envolvidos neste processo, os tipos de comunicação e as habilidades do comunicador. Os estudantes de todas as séries descreveram vários conceitos sobre a comunicação sem dificuldade, e perceberam os conteúdos da comunicação não apenas em seus aspectos técnicos e informativos, relatando conteúdos intrínsecos do ser humano, como seus sentimentos, suas experiências, opiniões, desejos e dúvidas. Os sujeitos identificados no processo comunicativo foram as pessoas, grupos, equipe de saúde e comunidade, e os tipos de comunicação citados foram verbal, não verbal, e as midiáticas que envolvem as classificações verbais e não verbais ao mesmo tempo, como jornais, televisão, internet, rádio, música, entre outros. Os discentes das quatro séries abordaram várias habilidades importantes do comunicador, destacando o feedback, a empatia, a compreensão das limitações do outro, a maturidade e a escrita adequada. As experiências significativas para o desenvolvimento da competência em comunicação ocorreram durante os estágios obrigatórios, tanto da área hospitalar como de saúde coletiva, projetos de extensão e durante o internato. Estas experiências mostraram as percepções dos estudantes sobre a comunicação escrita, oral e não verbal, principalmente com os pacientes e equipe, identificando-as como possibilidades de desenvolvimento de técnicas comunicativas, para o alcance da competência.De acordo com Edgar Morin, para o alcance da compreensão intelectual, a explicação se faz suficiente, porém para que ocorra a compreensão humana, é necessário um conhecimento de sujeito a sujeito, com quem nos identificamos. A compreensão intelectual pode ser alcançada por meio da explicação, e a humana pelo processo de identificação e empatia entre os sujeitos. Sendo assim, compreender é um processo de identificação, projeção e empatia, de maneira intersubjetiva5. Podemos observar que, na primeira categoria, os estudantes de todas as séries do curso de enfermagem conseguiram desvelar os elementos teóricos que envolvem a comunicação, alcançando desta forma a compreensão objetiva, no âmbito intelectual. No entanto, alguns estudantes se aproximaram da compreensão humana, quando mencionaram questões relacionadas à empatia e preocupação com o outro. Porém, quando os alunos vivenciaram experiências significativas para o desenvolvimento da habilidade comunicativa ultrapassaram a compreensão intelectual sobre os conceitos e elementos que abrangem o tema e avançaram para o encontro com o outro de maneira empática, desenvolvendo a compreensão humana.Conclusão: Ao conceituarem a comunicação, os estudantes conseguiram atingir a compreensão intelectual sobre o tema e se aproximaram da compreensão humana. Porém, ao vivenciaram suas experiências, no encontro com o outro, no desenvolvimento da empatia, conseguiram avançar em sua compreensão, aproximando-se ainda mais da compreensão humana. Sendo assim, podemos inferir que, em diferentes momentos, o currículo de enfermagem em estudo proporcionou o desenvolvimento da competência em comunicação, ora por meio teórico e ora por meio prático. O desenvolvimento de atitudes rumo à autonomia também foi vivenciado pelos acadêmicos nos campos de práticas, quando se tornavam atores principais de suas ações, desenvolvendo habilidades comunicativas. Sendo a comunicação primordial no cuidado da enfermagem e constituindo um instrumento básico da profissão, é essencial a formação de um profissional consciente e competente no que diz respeito a esta temática.Contribuições:Para a compreensão da comunicação, é necessário ultrapassar as fronteiras conceituais e avançar para um caminho onde possamos nos encontrar com o outro de maneira empática e humana, interligando os conhecimentos e aproximando-se da compreensão em sua dimensão mais abrangente, a compreensão humana. Esta compreensão deve ser alcançada pelos futuros enfermeiros, do curso em estudo e de outras instituições de ensino, sendo papel das instituições de ensino superior abordar este tema de forma transversal, facilitando a construção desta nova concepção. Desta forma, esperamos contribuir com outras instituições de ensino na abordagem da comunicação de forma transversal, facilitando o desenvolvimento desta competênciapelos futuros enfermeiros. Descritores: Comunicação; Educação em enfermagem; Currículo. Referências: 1.Ferreira, MA. A comunicação no cuidado: uma questão fundamental na enfermagem. Rev. Bras. Enferm. 2006; 59( 3): 327-30. 2.Araújo MMT, Silva MJP,Puggina ACG. A comunicação não-verbal enquanto fator iatrogênico. Rev. Esc. Enferm. São Paulo, 2007; 41(3): 419-25. 3. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara da Educação Superior. Parecer nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Enfermagem. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2001. 4. Garanhani ML, Vannuchi, MTO, Pinto AC, Simões TR, Guariente MHDM.Integrated nursing curriculum in Brazil: A 13-year experience. Creative Education, USA;Dec. 2013; 4(12): 66-74. 5. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Edgar Morin; tradução: Eliane Lisboa. 5ª edição. - Porto Alegre Sulina, 2015, 120p