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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 52

Roda de Conversa


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PERFIL ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA EM PROJETOS PEDAGÓGICOS DE CURSOS PÚBLICOS DE ENFERMAGEM EM SANTA CATARINA

Autores:
Carine Vendruscolo (Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)) ; Sonia Dal Magro (Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)) ; Claudio Claudino da Silva Filho (Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)) ; Edlamar Katia Adamy (Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)) ; Lucinéia Ferraz (Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC))

Resumo:
Introdução: A violência é um fenômeno complexo, resultante de uma dinâmica social, na qual é importante considerar as relações de poder que se estabelecem. Desde o início dos tempos já estava presente, hoje encontra-se com dimensões cada vez maiores, sendo motivo de preocupação. No contexto das Instituições de Ensino Superior (IES), o tema violência permeia o processo de formação, tanto em relação às vivências em aulas teórico-práticas, como também no dia a dia do ambiente universitário. No curso de Enfermagem a formação tem a oportunidade de minimizar as conseqüências quando se trata da temática, além de que vários tipos de violência podem ser estudados. Cumpre destacar que, em se tratando da violência no âmbito da formação, a violência simbólica ou psíquica é menos nítida socialmente do que a física, devido ao fato de que essa não causa lesões e/ou hematomas nos indivíduos afetados. A violência simbólica gera danos morais e é praticada quando, por exemplo, um professor deixa seus alunos à mercê, não dando explicações suficientes sobre algum assunto tratado em sala ou não tirando dúvidas. Esses acabam sentindo-se vulneráveis com a situação, tendo que procurar outros meios de aprendizado1. O Plano Pedagógico do Curso (PPC) torna-se um método desenvolvido pela comunidade escolar como algo que os orienta nas práticas de educação. Para a elaboração de um PPC, é necessário que haja um estudo profundo e reflexivo das ações desenvolvidas. Diante disso, exploramos o tema violência e suas diversas faces, a partir do estudo dos PPC de enfermagem de duas Universidades Públicas do sul do Brasil, tendo por base a seguinte pergunta de pesquisa: qual o perfil e como a temática violência se apresenta nos PPC dos Cursos de Graduação de Enfermagem? Objetivo: Este estudo teve como objetivo identificar o perfil e como o tema violência se apresenta nos PPC de Graduação de Enfermagem. Descrição Metodológica: Trata-se de uma pesquisa documental de natureza qualitativa. A coleta de dados ocorreu no mês de outubro de 2015 e deu-se por meio da leitura dos PPC de duas Instituições de Ensino Superior do sul do Brasil. Foram elaborados instrumentos de registro para a organização dos dados do PPC e, posteriormente, na medida em que estes foram considerados insuficientes para a análise, buscou-se também os Planos de Ensino das disciplinas e/ou componentes curriculares dos cursos. Nesse sentido, vale destacar que uma das IES não disponibilizou os Planos. A análise de dados ocorreu através da proposta operativa de Minayo3. Por tratar-se de uma pesquisa documental em que todos os elementos são públicos, esse documento não foi submetido ao Comitê de Ética por não abordar seres humanos. Contudo, algumas questões éticas foram respeitadas, no sentido de assegurar o anonimato das instituições estudadas, identificado-as pela sigla IES seguidas das primeiras letras do alfabeto: IES-A e IES-B. Resultados: Na IES-A, o curso de enfermagem tem carga horária total de 4.824 horas e na IES-B, o curso de enfermagem apresenta uma carga horária total de 4.395 horas. A Resolução CNECES no.04 de 2009 dispõe que a carga horária mínima e procedimentos relativos a integralização na modalidade presencial enfermagem deve ser de 4000 horas integralização, sendo 5 (anos) e 10 (dez) semestre letivos4. Sendo assim, as duas instituições excedem a carga horária mínima estipulada. Essa carga horária excedente se atribui, possivelmente, a outras normas e resoluções internas de cada IES. Considera-se que ambos os cursos orientam a formação em enfermagem de acordo com as normativas vigentes, destacando-se, nesse sentido, o objetivo de formar enfermeiros éticos e humanizados, com o propósito de qualificar o Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados em relação a apresentação do tema violência nos documentos formais dos cursos mostraram que apenas a IES-A apresenta, em algumas de suas disciplinas, a temática violência de maneira mais evidente. A IES-B não apresenta em nenhum dos componentes curriculares o tema, evidenciado. Contudo, ambos os cursos, como era de se esperar, apresentam possibilidades para a abordagem da temática, tanto em âmbito teórico como em atividades praticas. Esses resultados nos levam a pensar que, embora com essas possibilidades, a violência precisa ser mais explorada, talvez de maneira transversal, nos cursos de enfermagem, sem necessariamente estar explicita nas disciplinas e/ou componentes curriculares, mas com visíveis metodologias pedagógicas que propiciem ao futuro enfermeiro tomar contato, refletir e propor estrategias de enfrentamento a essa realidade. É de extrema necessidade o amadurecimento do discente, tanto pessoal quanto profissional, assim ele conseguirá tratar com maior coerência os usuários acometidos por situações de violência. Não é apenas a experiência profissional que irá proporcionar a melhor conduta, é um conjunto de experiências e habilidades: habilidade comunicativa, confiança, conhecimento do tema, das leis que regem o usuário. Assim, ele saberá como lidar com a vítima e tomar a conduta correta5. Conclusão: Os dois cursos se preocupam em manter a formação voltada as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Enfermagem, contudo os PPCs não preparam, adequadamente os futuros profissionais para o manejo das situações de violência, se considerarmos as disciplinas que contemplam a temática mais objetivamente. Os PPCs dos cursos de enfermagem abordam a violência de forma muito simplista e subjetiva, caracterizando uma defasagem nos mesmos quando se trata do tema, fazendo pensar que, em muitos momentos, pode ser desvalorizado. Considera-se que muitas disciplinas dos cursos podem explorar a temática, como, por exemplo, o Estagio Supervisionado, no final dos cursos, em que - supõe-se - pela extensa carga horaria, os estudantes poderiam, em diversas situações da pratica de enfermagem, ter contato, refletir e aprofundar a temática. Sugere-se que sejam realizados estudos que analisem mais profundamente as praticas pedagógicas, percepções e preparo dos estudantes para o enfrentamento das violências. Implicações para a Enfermagem: O processo de formação em enfermagem precisa ser revisto do ponto de vista da transversalidade de conteúdos como a violência, nos PPC. Acredita-se que instrumentalizar os futuros profissionais para a abordagem de temas que representam problemas atuais no campo da saúde coletiva e fundamental e que esse enfoque precisa ser realizado na revisão das Diretrizes Curriculares para a Enfermagem. Referências: 1. Abramovay M, Rua MG. Violência nas Escolas. Brasília: UNESCO, 2002. 2. Gonçalves GSQ, Abulmassih MBF. O projeto político: algumas considerações. Revista profissão docente (online). 2001;1(1):36. 3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed. São Paulo: Hucitec; 2010. 4. Fernandes JD, Rebouças LC. Uma década de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Graduação em Enfermagem: avanços e desafios. Rev. bras. enferm. 2013;(66):95-10. 5. Moreira GAR et al. Instrumentação e Conhecimento dos Profissionais da Equipe Saúde da Família Sobre a Notificação de Maus-Tratos em Crianças e Adolescentes. Revista Paulista de Pediatria, 2013. Disponível em: Acesso em: 28 de janeiro de 2016. Descritores: Violência. Enfermagem. Projeto Político Pedagógico.