Comunicação coordenada
416 | AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE BOMBEIROS MILITARES | Autores: Rosana Amora Ascari (Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc) ; Lauane Nogueira dos Santos (Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc) ; Clodoaldo Antônio de Sá (Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ) ; Tania Maria Ascari (Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc) ; Liana Lautert (Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc) |
Resumo: A profissão bombeiro é uma atividade que exige conhecimento, preparo físico e psicológico para enfrentar situações desgastantes. Sempre diante do perigo e do sofrimento humano, os profissionais bombeiros passam por desafios constantes e ficam expostos a problemas de stress no trabalho, stress pós-traumático e burnout. São cobrados por respostas eficientes frentes a situações de emergência gerando aos poucos desgaste das capacidades físicas e psicológicas1. O termo qualidade de vida (QV) é considerado um bem-estar físico, mental e social. Pessoas que se consideram felizes atribuem sua felicidade ao sucesso em áreas da sua vida como a área social, afetiva, saúde e profissional2. Neste contexto, emerge a preocupação com a saúde dos bombeiros militares de Chapecó/SC, e questiona-se: Qual o risco para desenvolvimento da Síndrome de Burnout entre bombeiros militares? Tendo em vista a constante busca pela qualidade de vida, considerando ainda que este conceito é utilizado como um sinônimo de condição de saúde torna-se relevantes estudos com fatores determinantes de saúde, assim para uma melhor compreensão do verdadeiro sentido de qualidade de vida em determinados grupos sociais. Este estudo teve como um de seus objetivos analisar a qualidade de vida e conhecer o perfil dos Bombeiros Militares. Trata-se de um recorte de um estudo transversal e descritivo com abordagem quantitativa, que teve como cenário o 6º Batalhão de Bombeiros Militar de Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário composto por dados sociolaborais e de qualidade de vida. A amostra foi constituída por 51 Bombeiros Militares os quais desempenham funções administrativas ou operacionais. A qualidade de vida foi mensurada por meio da escala de avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref). O WHOQOL avalia como o indivíduo se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida, é uma versão reduzida do Word Health Organization Quality of Life 100, composto por 26 itens que aborda quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente), contemplando perguntas com opções de respostas do tipo Likert, com valores de zero a cinco. O indivíduo/participante considera os últimos 15 dias vividos para indicar uma das cinco opções de resposta em cada questão, por meio de escores que variam de um a cinco, procurando dimensionar atributos relacionados à sua qualidade de vida. O WHOQOL-Bref propõe também um domínio adicional relacionadas à qualidade de vida global, mediante resposta de duas questões de âmbito mais genérico, sendo uma relacionada à auto-percepção da qualidade de vida e a outra sobre a satisfação com a saúde. Este estudo seguiu a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC em 17 de Fevereiro de 2016, sob CAAE: 51375815.0.0000.0118. Os bombeiros militares atuantes em um município do oeste catarinense são casados ou com companheiro, com filhos, não tabagistas, tiveram problemas de saúde no último ano e não usam medicação, possuem tempo satisfatório para descanso e tempo suficiente para o lazer possui formação de soldado (54,9%), trabalham no operacional (72,5%), realizam 56 ou mais horas semanais (37,3%) com jornada de trabalho de 24 horas/dia (68%), sendo comum a realização de horas extras e atuam no operacional da corporação. Os bombeiros militares consideram o local de trabalho organizado (56,9%), atuam em escala de trabalho de 24/48 horas (70,6%), ou seja, trabalham 24 horas e folgam 48 horas, julgam o ritmo de trabalho moderado (64,7%), número de pessoas insuficiente na escala laboral (82,4%) e receberam treinamento no último ano (54,9%). Faz-se necessário ressaltar os riscos evidentes que os trabalhadores são expostos gerando agravos a sua saúde quando jornadas vão além de 48-50 horas por semana, variando assim da natureza do trabalho causando riscos na segurança do trabalhador, podendo gerar acidentes de trabalho3. Os bombeiros devem estar preparados para prestar um atendimento correto, com o menor prejuízo possível para a vítima, manobras rápidas e corretas, além de técnicas e habilidades padronizadas de cuidados. Pacientes tem o direito de receber atendimento eficaz e humanizado, o que demanda que bombeiros possuam conhecimento das inovações tecnológicas e domínio do conhecimento científico, onde a atualização constante os mantém atualizados sobre mudanças nos protocolos de atendimento4. A percepção geral da qualidade de vida foi significativamente maior (P < 0,05) entre os bombeiros que atuam no setor administrativo do que os que atuam no setor operacional. Também foi significativamente maior (P < 0,05) entre os que não fazem horas extras do que entre aqueles que fazem. Por outro lado, a satisfação com a saúde não foi diferente (p > 0,05) entre os setores operacional e administrativo e entre os bombeiros que fazem e os que não fazem horas extras. De forma geral, os bombeiros militares apresentaram níveis Regulares de qualidade de vida, embora neste estudo o domínio psicológico tenha revelado diferença significativa entre os setores de trabalho. No domínio Meio Ambiente foram encontrados os piores valores. Os trabalhadores que não fazem horas extras apresentaram diferença estatisticamente significativa sobre os que realizam horas extras e os participantes avaliaram sua qualidade de vida como Regular em todos os domínios do WHOQOL-Bref. Apesar dos bombeiros militares atuantes no administrativo apresentarem os maiores valores para todos os domínios em relação ao operacional, para os domínios Físico, Psicológico e Relações Sociais não foram encontradas diferenças significativas Diversos fatores podem afetar a qualidade de vida, entre eles: ter dois empregos, trabalhar mais de um turno, permanecer cerca de doze horas na rua sem intervalos para refeições, trabalhar sob pressão, permanecer alerta e dormir pouco, além das atividades desgastantes inerentes a própria profissão, o que gera irritabilidade, insônia e envelhecimento precoce devido ao estresse5. Os resultados obtidos nesta pesquisa nos permitem inferir que, de forma geral, os bombeiros militares apresentaram níveis Regulares de qualidade de vida, embora o domínio psicológico tenha revelado diferença significativa entre os setores de trabalho. No domínio Meio Ambiente foram encontrados os piores valores. Os trabalhadores que não fazem horas extras apresentaram diferença estatisticamente significativa sobre os que realizam horas extras e os participantes avaliaram sua qualidade de vida como Regular em todos os domínios do WHOQOL-Bref. As considerações sobre a qualidade de vida desta pesquisa comprovam equivalência com outros estudos os quais demandam investimentos em saúde do trabalhador. |