Comunicação coordenada
550 | ENSINO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA | Autores: Karisa Santiago Nakahata (UNISA - Universidade de Santo Amaro) ; Anna Maria Chiesa (Escola de Enfermagem da USP - Universidade de São Paulo) ; Roseli de Lana Moreira (UNISA - Universidade de SAnto Amaro) |
Resumo: Introdução: A participação da enfermagem na puericultura ocorre desde 1925, quando os educadores sanitários passaram a atuar nos centros de saúde. Todavia, o enfermeiro exerceu suas atividades durante muitos anos na Atenção Básica focado no atendimento e nas prioridades dos processos físicos, nas doenças e na prática curativista e preventivista1. Atualmente, sobretudo em decorrência da Estratégia Saúde da Família, o enfermeiro dispõe de abertura para realizar consultas, grupos educativos e visitas domiciliares a gestantes e crianças. Entretanto, apesar dessas oportunidades assistenciais, esses espaços não têm sido ocupados da melhor maneira dado que, muitas vezes, os profissionais não possuem formação direcionada para as carências da população, pois os currículos enfatizam majoritariamente os aspectos patológicos. As Diretrizes Curriculares Nacionais ressaltam a necessidade e o dever, por parte das Instituições de Ensino Superior, de formar profissionais de saúde voltados para todos os níveis de atendimento2. Objetivo: Identificar as experiências de ensino de Desenvolvimento Infantil saudável nos cursos de graduação e pós-graduação em Enfermagem. Método: Foi feita uma Revisão Sistemática Qualitativa, seguindo-se as recomendações metodológicas do Instituto Joanna Briggs (JBI). A estratégia de busca utilizada para a revisão concentrou-se em identificar estudos publicados em dez bases de dados/portais com recorte temporal até junho de 2013. O maior número de estudos foi verificado no período de 2000 a 2012, obtendo-se uma somatória de 60% da amostra, o que significa que os estudos são atuais e podem estar relacionados com as evidências das neurociências. Os descritores foram adaptados para atender às especificidades de cada base de dado/portal. Resultados: A metodologia acima descrita permitiu que fossem resgatados da literatura científica 694 estudos, cujos resumos foram analisados e, aplicando-se os critérios de exclusão, chegou-se a um conjunto de 52 trabalhos. Após a leitura integral dos estudos, foi identificado um grande número de trabalhos que não abordam a experiência no ensino, além de não contemplar a estratégia PICo, tanto na questão dos Participantes, como no Contexto. Os estudos excluídos tratam de propostas inovadoras para enfermeiros, experiência profissional, programas multidisciplinares e direcionados para profissionais, práticas profissionais, dificuldades encontradas pelo enfermeiro na detecção precoce dos desvios no desenvolvimento infantil, experiência com adolescentes, conhecimentos das enfermeiras escolares, reflexão médica, suporte para enfermeiros pediátricos que atuam nas creches, compreensão dos enfermeiros consultores sobre a Promoção da Saúde, avaliação do conhecimento das alterações física, psicológica e neurológica, habilidades com dor, emergência e medicamentos, mas não discutem o desenvolvimento infantil saudável. A seleção final contou com 25 estudos, sendo 12 deles nacionais, os quais foram analisados a partir de uma experiência exitosa de promoção do DI. Os principais Participantes dos estudos foram os estudantes de graduação em Enfermagem, com 20 estudos; os estudantes de pós-graduação estavam em cinco estudos e os docentes, em quatro, havendo casos de experiência de docentes/estudantes de graduação e pós-graduação. Os principais Fenômenos de Interesse foram técnicas de ensino por meio de diários, projetos com famílias, desenhos, brinquedos (o mais vivenciado pelos estudantes), observação/reflexão, registro de atividades, técnica de entrevista, teatro, instrumentos norteadores, dinâmicas, cinemas, capacitações, programas de especializações e ferramentas de software. Sendo assim, o ensino de Desenvolvimento Infantil saudável ultrapassa o ensino tradicional, de cunho conteudista. A maioria dos estudos demonstrou que a melhor forma de ensinar é por meio de técnicas criativas e inovadoras, desenvolvendo a competência dos discentes e envolvendo-os. Apesar da formação tecnicista desenvolvida no modelo biomédico, as experiências demonstraram um rompimento desse processo a partir de uma participação crítica e criativa, além da prática social da universidade frente à comunidade3. Segundo Southall (2010), os estudantes descreveram a tarefa como mais agradável e gratificante. Comentaram que ficaram surpresos e aprenderam sobre o desenvolvimento da criança, sobretudo porque precisavam avaliar criticamente as informações e priorizar o que era essencial. Expressaram ter se lembrado da informação com muito mais facilidade do que se tivessem aprendido por meio do método tradicional4. Quanto ao Contexto da estratégia PICo, os mais relevantes são: Desenvolvimento Infantil na graduação, seguido de creches, escolas, Unidades de Saúde, aproximação da academia e serviço de assistência pediátrica, assistência domiciliar, laboratórios clínicos e centro de integração familiar. A creche como um laboratório de análises clínicas pode proporcionar múltiplas e variadas experiências de aprendizagem para os graduandos de Enfermagem. A creche serve como um útil ambiente para desenvolver habilidades de observação e avaliação e para fazer julgamentos sobre crianças com base no progresso do desenvolvimento5. Os principais referenciais teóricos mencionados nos estudos foram Erikson (teoria psicossocial do desenvolvimento), Piaget (teoria do desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da afetividade), Promoção da Saúde (eixo do desenvolvimento das habilidades), Denver (escala de triagem do desenvolvimento), Berlinguer (alojamento conjunto), Kohlberg (desenvolvimento moral), Ludke e André (ênfase em estudos de casos), Paulo Freire (pedagogia crítica), Brazelton (necessidades essenciais da criança) e Freud (teoria psicanalítica). Dessa forma, notou-se que as experiências podem ser ensinadas com base em diferentes teorias. Esse aspecto reforça a compreensão de que o desenvolvimento infantil constitui um fenômeno complexo que abarca a diversidade e a pluralidade de abordagens. Conclusão: O ensino de Desenvolvimento Infantil saudável ultrapassa o formato de ensino tradicional, de caráter conteudista. A maioria dos estudos apontou que a melhor forma de ensinar é por meio de técnicas criativas e inovadoras, desenvolvendo competência dos discentes e envolvendo-os. Palavras-chave: Enfermagem, Ensino, Desenvolvimento Infantil. |