Comunicação coordenada
535 | A INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS EGRESSOS DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM | Autores: Maria José Clapis (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo) ; Adriana Katia Corrêa (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo) ; Elisa Maria de Oliveira Grotti (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo) ; Iamara dos Santos (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo) ; Natália Del Angelo Aredes (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo) |
Resumo: Introdução: O curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP) foi implantando em 2006 com o objetivo de formar o Enfermeiro com Licenciatura em Enfermagem. A proposta pedagógica visa articular a formação do enfermeiro com conhecimento pedagógico consistente, capacitado para a prática de docência na educação profissional em enfermagem e para a realização de ações promotoras de saúde no âmbito da educação básica; bem como capacitado para a prática assistencial de enfermagem nos distintos campos de atuação; com competência técnica, científica, política, ética e humana, socialmente crítico e responsável pelos destinos de uma sociedade que se deseja justa, democrática e auto-sustentável1. Atuando como professoras desde a primeira turma de ingressantes e vinculadas à gestão do Curso de Licenciatura em Enfermagem, nos sentimos comprometidas em avaliar o impacto do curso na vida profissional de seus egressos; bem como analisar dados de inserção no mercado de trabalho e potencialidades do projeto político pedagógico. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil demográfico e profissional e analisar a inserção de enfermeiros egressos de um Curso de Licenciatura em Enfermagem. Metodologia: Pesquisa descritivo-exploratória, de natureza quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de um questionário on line, com dados do perfil demográfico e de inserção profissional. Para o contato inicial com os egressos, utilizamos meios de comunicação disponíveis (endereços eletrônicos, telefone e redes sociais). Os egressos foram convidados a participar da pesquisa e o consentimento foi considerado o envio do questionário respondido, tendo em vista que na mensagem de convite havia a orientação sobre o caráter voluntário da pesquisa, confidencialidade, possibilidade de retirar consentimento a qualquer momento, contato dos pesquisadores e do Comitê de Ética em Pesquisa, da EERP/USP (Protocolo CAAE: 37355014.5.0000.5393), atendendo à Resolução 466/2012. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva utilizando o SPSS 20. A população deste estudo são os enfermeiros licenciados, egressos do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da EERP/USP formados entre 2010 e 2014. Dos 207 enfermeiros licenciados formados no período, obtivemos contato de e-mail de 204 para os quais enviamos o convite de participação e questionário. Dentre eles, 94 egressos (46%) responderam ao convite; destes, 16 foram excluídos da amostra por não terem completado o questionário. Os sujeitos da pesquisa foram, então, 78 egressos (38,2%), dos quais, as respostas ao instrumento utilizado para a coleta dos dados possibilitaram a análise. Resultados: A maioria dos egressos é do sexo feminino 68 (87,2%) mantendo o predomínio de mulheres na profissão. A idade mínima foi de 25 e a máxima de 54 anos, com maioria na faixa de 25 a 30 anos. 71,8% fizeram ou estão fazendo algum Curso de Pós-Graduação, dos quais 41% stricto sensu (mestrado ou doutorado) na saúde (37,2%) e educação (5,1%). A inserção no mercado de trabalho também se deu majoritariamente na área da saúde (69,2%), com predomínio no hospital (57%). 75,7% possuem mais de um emprego e apenas 12 (15,4%) egressos atuam como professores, 10 (83,3%) na educação profissional técnica de nível médio, sendo 7 (58,33%) em instituições privadas. 54 (69,2%) dos egressos não estão satisfeitos com a remuneração, no entanto, 45 egressos (57,7%) enfatizaram que, dentre possíveis motivos de já terem pensado em não exercer mais a profissão, em sua maioria não estão relacionados apenas à questão da remuneração incompatível, mas pela falta de reconhecimento e valorização da profissão, apontado por 31 egressos (25,2%). Quanto à inserção no mercado de trabalho, 40 egressos (51,3%) mencionaram dificuldades, sendo a mais citada a falta de experiência por 44 egressos (40,7%), seguida por ausência de vagas na cidade onde reside para 23 egressos (21,3%). A insegurança no início da vida profissional foi indicada por 55 egressos (70,5%). Por outro lado, 48 egressos (61,5%) não encontraram dificuldades para colocar em prática o aprendizado da graduação. A característica mais citada como potencialidade adquirida na graduação foi a habilidade de busca contínua pelo conhecimento, seguida por educação crítico-reflexiva e humanização. 45 egressos (57,7%) destacaram habilidades para atuação em diversos contextos tanto na área da saúde como na educação. Os egressos indicaram que o Curso os preparou para atuação tanto na área da saúde (82%) como na área da educação (93,6%), revelando como a graduação contribuiu para a formação dos enfermeiros licenciados. Dos egressos que atuam na área de educação profissional, 100% (10) referem satisfação pessoal. No entanto, 100,0% (78) dos egressos do estudo indicaram que a remuneração na educação profissional é inadequada, 94,9% egressos (74) que a profissão não tem reconhecimento e valorização, além de fatores citados com carga horária inadequada e falta de perspectivas e planos de carreira na área da educação profissional. Dentre as questões sobre os motivos de permanência na profissão destacamos: satisfação pessoal 52 (40,3%) e necessidade de renda 32 (24,8%). Discussão: Estudos sobre egressos possibilitam identificar qual a contribuição da escola na formação dos profissionais, conhecer a situação profissional, permitir ao egresso avaliar a formação que recebeu, entre outras questões. A integração curricular, melhor aproveitamento das experiências de práticas clínicas, valorização da pesquisa, importância da formação pautada no diálogo entre discentes e docentes é ressaltada a partir de estudo de egresso2. Ainda, a avaliação de egressos segundo gestores evidenciou a importância da adoção de estratégias de ensino que promovam um aprendizado significativo, reafirmando a eficácia das metodologias ativas e da inserção precoce dos estudantes nos cenários da prática3. Conclusão: Os egressos indicaram que o Curso os preparou para atuação tanto na área da saúde (82%) como na área da educação (93,6%), revelando como a graduação contribui para a formação dos enfermeiros licenciados. A inserção no mercado de trabalho ocorreu majoritariamente na área da saúde, com predomínio na área hospitalar. A maioria dos egressos possui mais de um emprego. A atuação na educação profissional técnica de nível médio não é a principal escolha dos egressos para a inserção no mercado de trabalho. Os egressos indicam como fatores a remuneração inadequada, a falta de reconhecimento e valorização e a falta de perspectiva e plano de carreira na área da educação profissional. Contribuições / implicações para a Enfermagem: Ser licenciado é um diferencial do egresso envolvido neste estudo. Em sua visão, o curso favoreceu ter conhecimentos que o habilita a atuar com segurança nesse cenário de trabalho. Todavia, a maioria não opta por ele, tendo em vista as precárias condições de trabalho e de salário. É importante lembrar que os técnicos de enfermagem representam o maior contingente de profissionais no campo da saúde, sendo fundamentais na prestação do cuidado, nos diversos níveis de atenção, o que implica em afirmar o quanto é importante a sua atuação para a construção das mudanças propostas pelo SUS. Nesse sentido, é essencial discutir a formação do enfermeiro licenciado que se responsabiliza, por sua vez, como professor, pela formação dos auxiliares/técnicos de enfermagem, todavia atrelada às condições de trabalho ofertadas pelas escolas técnicas4. Descritores: educação em enfermagem; egressos; enfermagem. |