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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 496

Comunicação coordenada


496

A DOCÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA É UM AGENTE ESTRESSOR PARA EQUIPE DE ENFERMAGEM?

Autores:
Rosilda Silva Dais (Universidade Federal do Maranhão) ; Apoana Câmara Rapozo (Universidade Federal do Maranhão) ; Ingrid de Campos Albuquerque (Universidade Federal do Maranhão)

Resumo:
INTRODUÇÃO: A presença do estresse na equipe de enfermagem é uma temática que vem sendo amplamente investigada, uma vez que esses profissionais lidam com uma sobrecarga física e psicológica, havendo a possibilidade de se manifestar nos três pilares básicos da enfermagem: assistência, pesquisa e ensino. No que tange as atividades de ensino, a afirmativa de que o enfermeiro é um educador nato tem controvérsias, visto que as habilidades didáticas necessárias para a efetividade da construção do conhecimento são desenvolvidas em longo prazo1. Entretanto, ao longo da sua trajetória o enfermeiro atua como educador voltando-se tanto para a educação em saúde com foco ao atendimento das necessidades comunitárias, quanto na função de supervisor na equipe de enfermagem e docente em nível técnico e superior. Os técnicos e auxiliares de enfermagem, também vivenciam as práticas de ensino, principalmente em instituições hospitalares universitárias ao repassarem seus conhecimentos teóricos e práticos aos estagiários de cursos técnicos de enfermagem2,3. Em relação ao contexto hospitalar, este retrata um ambiente rico em agentes estressores, sendo que o mais descrito na literatura é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por haver exposição da equipe de enfermagem a diversas situações relacionadas ao paciente (gravidade do quadro clínico, instabilidade hemodinâmica e risco iminente de morte) e ao próprio ambiente (temperatura fria, iluminação artificial e bipes constantes dos aparelhos) aumentam o nível de tensão, e deixam os profissionais em constante estado de alerta refletindo no adoecimento físico e psicológico4. Somado tudo isso, a presença do aluno pode ser observada tanto como um fator positivo quanto desgastante, tendo em vista que em maiores ou menores proporções, interfere na rotina do setor, além do grau de responsabilidade que envolve a relação aluno-professor. Esses fatores aos quais se submetem os docentes são capazes de influenciar suas práticas de ensino e, consequentemente, interferir negativamente na qualidade do processo de formação de futuros profissionais, os alunos. Quando estressados, os professores podem gerar ou intensificar o estresse do aluno, levá-lo à ansiedade, reduzir a motivação, prejudicar a qualidade e o resultado do ensino, entre outros e implicar na efetividade dos cuidados de enfermagem5. OBJETIVO: Verificar se o ensino caracteriza uma condição estressora para a equipe de enfermagem que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa realizado nos meses de abril a junho de 2016, com 38 profissionais da equipe de enfermagem no Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra, vinculado à Universidade Federal do Maranhão, o qual foi avaliado a variável ensinar o aluno do Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE), além de um questionário semiestruturado com dados socioeconômicos e ocupacionais. RESULTADO: Da amostra de 38 profissionais de enfermagem, 78,9% eram mulheres, 18,4% homens e 2,6% não se identificaram. A faixa etária de 60,6% foi entre 26 a 35 anos. A escolaridade de 23,7% é ensino superior, destes, 44,7% com especialização. A renda de 44,7% corresponde 3 a 4 salários mínimos. A variável ensinar o aluno foi referida por 52,7% dos participantes como "nunca/raramente" é fator de tensão ou estresse; para 36,8% "alguma vezes" e para 10,6% esta variável corresponde à frequência "muitas vezes/sempre". CONCLUSÃO: Esse estudo demonstrou uma baixa frequência de profissionais que consideraram a atividade de docência como agente estressor na UTI, entretanto ressalta-se que por se tratar de um hospital escola a instituição é campo de prática no processo ensino-aprendizagem dos estudantes de nível médio e superior de enfermagem, cabendo aos profissionais das equipes de enfermagem juntamente com os docentes fomentar base prática para essa clientela. Uma possível explicação está na subjetividade da percepção dos agentes estressores e na capacidade adaptativa do indivíduo, uma vez que a presença de alunos pode interferir na dinâmica do setor. Ainda, há outros agentes estressores no desempenho do trabalho docente como as sobrecargas de atividades associadas a um ambiente desconfortável de trabalho, caracterizando possíveis elementos geradores de estresse. Portanto, é importante identificar o que está causando o estresse, pois uma situação ou fator estressante pode não ter a mesma repercussão para todas as pessoas. Dessa maneira, buscar estratégias alternativas de enfrentamento ao estímulo estressor resultará em uma relação aluno-professor satisfatória. CONTRIBUIÇÃO/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A presença do aluno no hospital deve ser analisada sob a ótica de duas vertentes. Primeira, a percepção do profissional da equipe de enfermagem com relação ao aluno que entende a presença deste como um auxílio no desenvolvimento de atividades voltadas ou não ao cuidado do paciente ou como um fator dificultador deste processo, ao passo que demanda atenção, supervisão e tempo no desenvolvimento das atividades pelos alunos devido ao quantitativo elevado e diversificação das diversas áreas atuação, podendo gerar desconforto na relação ao aluno-professor. Em contrapartida, é necessário ponderar a percepção do aluno, posto que este anseia por colocar em prática a teoria abordada em sala de aula, e espera que os profissionais ali presentes sejam facilitadores desse processo, porém algumas vezes há pouca receptividade por parte dos profissionais da instituição ou estes afirmam que há diferenças entre a teoria e a prática, dificultando o processo de aprendizagem. Desta forma, observa-se que embora a presença do aluno possa alterar a rotina do setor, é uma prática imprescindível para o preparo do futuro profissional do mesmo. Diante disso, a enfermagem deve prezar por princípios que favoreçam a qualidade do ensino dos estudantes de enfermagem como não superlotar o setor, aliar a teoria a prática, fornecer carga horária suficiente para o conhecimento da rotina do setor e primar pela presença de um professor/tutor para fornecer a atenção demandada por esse público. REFERÊNCIAS: 1. Martins Luciana Monteiro Mendes, Bronzatti Jeane A. G., Vieira Carmem Silvia de Campos A., Parra Silvia Helena Baffi, Silva Yara Boaventura da. Agentes estressores no trabalho e sugestões para amenizá-los: opiniões de enfermeiros de pós-graduação. Rev. esc. enferm. USP. 2000; 34(1): 52-58. 2. Godinho Romulo Lima Prado, Oliveira Luanna de Abreu, Ferreira Jéssica da Silva, Santos Naira Agostini Rodrigues dos, Velasco Aline Ramos, Passos Joanir Pereira. O estresse ocupacional e os docentes de enfermagem. Revista Pró-UniverSUS. 2015 Jul./Dez.; 06 (3): 17-22.jul/ago; 6(4): 217-26. 3. Cremonese Tamires Santos, Marques Isaac Rosa. Significados das primeiras experiências do estudante de enfermagem nos estágios clínicos. Revista de Enfermagem UNISA. 2011; 12(2): 94-9. 4. Santos Flávia Duarte dos, Cunha Mércia Heloísa F., Robazzi Maria Lúcia do Carmo Cruz, Pedrão Luiz Jorge, Silva Luiz Almeida da, Terra Fábio de Souza. O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma revisão da literatura. SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas. 2010; 6(1), 1-16. 5. Miranda Lívia Ceschia dos Santos, Pereira Caroline de Aquino, Passos Joanir Pereira. O estresse nos docentes de enfermagem de uma universidade pública. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online. 2009; 1(2).