Roda de Conversa
424 | A PROBLEMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO MESTRADO ACADÊMICO | Autores: Lielma Carla Chagas da Silva (Universidade Federal do Ceará) ; Karina Oliveira de Mesquita (Universidade Federal do Ceará) ; Gervania Bezerra Gomes (Universidade Federal do Ceará) ; Maria Socorro de Araújo Dias (Universidade Estadual Vale do Acaraú) |
Resumo: Introdução: Historicamente, a formação dos profissionais de saúde tem sido pautada no uso de metodologias tradicionais, sob forte influência da reforma flexneriana na Educação Médica (1). Entretanto, essas metodologias, centradas no docente, vem sendo substituídas por metodologias ativas, centradas no estudante, sob orientação das teorias construtivistas da aprendizagem, fomentando inclusive a reorganização curricular em torno destas. Tais estratégias metodológicas de ensino surgem de modo a provocar reflexão crítica e contribuir na reconstrução do papel social das instituições formadoras. Uma estratégia de ensino aprendizagem utilizada no ensino das profissões da saúde é a Problematização, um método que se baseia na análise de problemas da realidade. Essa metodologia é organizada por meio do arco de Marguerez, onde partindo da observação da realidade, o estudante levanta pontos-chave a serem objeto de teorização, com o intuito de elaborar hipóteses de ações aplicáveis na própria realidade (2). Diante do exposto, torna-se imperioso rediscutir os processos de ensino-aprendizagem da formação para o trabalho em saúde, com ênfase nos cursos de pós-graduação stricto sensu, onde, segundo a Lei de Diretrizes e Bases dá-se a formação docente para o ensino superior. Objetivo: Descrever uma experiência de utilização da Problematização como metodologia de ensino-aprendizagem em um Curso de Mestrado Acadêmico na Área da Saúde. Metodologia: Estudo reflexivo, do tipo relato de experiência. Realizado nos meses de maio e junho de 2016, por alunos de um curso de Mestrado Acadêmico em Saúde da Família, durante o desenvolvimento da disciplina de Didática do Ensino Superior na Saúde, na qual abordava e se estruturava pela utilização da metodologia da Problematização como instrumento pedagógico de ensino-aprendizagem dos mestrandos. Os achados são apresentados de forma descritiva apresentando as principais reflexões propositivas vivenciadas nos encontros que foram no total de oito (8). Resultados: A utilização da problematização como estratégia de ensino configura-se como uma importante iniciativa para provocar a reflexão dos estudantes, tanto acerca do verdadeiro papel desempenhado pelos atores envolvidos, quanto pela necessidade de organização que o método exige. Nesse contexto, o professor, considerado pelos tradicionais como aquele que detém todo o conhecimento e o repassa para o aluno, agora é visto como o facilitador da aprendizagem, ou seja, aquele que norteia o caminho que o estudante deve seguir na construção do seu saber. Da mesma forma, o estudante, antes tido como um ser passivo e recebedor de informações, passa a ser considerado a peça chave para o desenvolvimento da aprendizagem, atuando como um agente reflexivo, crítico e autônomo. No âmbito da formação em saúde, o uso de metodologias ativas torna-se ainda mais importante, visto as exigências do mundo atual que possui necessidade constante de inovações. O caso da pós-graduação stricto sensu, especialmente do tipo acadêmico, exige esse comportamento autônomo do aluno, que será formado para ser formador. Diante disso, a problematização contribui para o desenvolvimento desse tipo de estudante e permite a liberdade de análise da realidade, reflexão sobre problemas e possibilidade de busca por soluções, colocando o mestrando como o principal agente transformador de suas práticas. Essa mudança na visão do estudante, possibilitando-o compreender que a utilização desses métodos de ensino pode levar a melhores resultados de aprendizagem, é motivador e capacita-o indiretamente na escolha das melhores estratégias para a resolução de problemas. O uso dessa metodologia ainda possibilita torna-lo um estudante e profissional organizado, que seja capaz de planejar suas práticas a fim de obter melhores resultados e atingir de forma mais clara seus objetivos. Corroborando com esta discussão, Maia(3) afirma que as metodologias problematizadoras, articuladas na base conceitual da aprendizagem significativa e da aprendizagem de adultos, ensejam uma formação contemporânea, voltada para o futuro das compreensões e intervenções do profissional em seu cotidiano, num mundo onde as mudanças oriundas das ininterruptas descobertas desafiam um conjunto de competências atualizado e resolutivo. Isto provocou nos discentes um posicionamento crítico-reflexivo quanto ao processo de formação dos profissionais da saúde, quanto as estratégias pedagógicas utilizadas neste processo. Acreditando que as propostas metodológicas já vêm sendo repensadas, mas há necessidade de maior empoderamento por parte dos docentes para que possam integrar teoria e prática, serviço e ensino. Conclusão: A utilização da metodologia da problematização instiga os futuros docentes, alunos do mestrado, a repensar suas responsabilidades enquanto professor, que estimula o pensamento crítico reflexivo dos seus alunos. Fomenta discussões acerca das novas concepções de saúde e educação, e define o perfil profissional para atuar no sistema de saúde vigente. Além de democratizar as relações entre alunos e professores. Partindo da premissa de ser uma estratégia comprometida com a educação libertadora, que valoriza o diálogo, estimula a transformação social através da prática conscientizadora e crítica. Contribuições/ implicações para a enfermagem: A utilização de metodologias ativas no ensino-aprendizagem da formação em saúde contribui não só para o conhecimento científico dos alunos, como também para transformação do contexto, lócus, universitário, estimulando nos alunos a reflexão e a elaboração para si de conceitos que envolvem a promoção de sua autonomia intelectual, o desenvolvimento do senso crítico e de valores, além de o desenvolvimento de competências éticas, políticas e técnicas inerentes ao profissional. Sendo a educação uma das funções inerentes do enfermeiro, no que se refere à assistência e ao ensino, torna-se imperioso conhecer os métodos de ensino. REFERÊNCIAS 1. Bordenave, JD; Pereira, AM. Estratégias de ensino-aprendizagem. 32. ed. Petrópolis: Vozes; 2012. 2. Capra, F. O ponto da mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Cultrix: São Paulo; 2006. 3. Maia, JA. Metodologias problematizadoras em currículos de graduação médica. Revista Revista Brasileira de Educação Médica. v.38, n. 4, p. 566-574, 2014. |