Roda de Conversa
370 | PROBLEMATIZAÇÃO E APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS O CAMINHO NO PROCESSO DE ENSINAR-APRENDER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Joanara Rozane da Fontoura Winters (INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA-IFSC) ; Marciele Misiak (INSTITUTO FEDERAL DE CIENCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA-IFSC) ; Marta Lenise do Prado (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA-UFSC) ; Kenya Schimidt Reibnitz (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA-UFSC) |
Resumo: PROBLEMATIZAÇÃO E APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS O CAMINHO NO PROCESSO DE ENSINAR-APRENDER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Joanara Rozane da Fontoura Winters Marciele Misiak Marta Lenise do Prado Kenya Schimidt Reibnitz Introdução: No Brasil, convivemos com contextos educacionais diversificados que vão desde escolas onde os alunos ocupam grande parte de seu tempo copiando textos passados no quadro até escolas que disponibilizam para alunos e professores os recursos mais modernos da informação e comunicação1. Nesses extremos de diversidade, encontramos uma escola que está no século XIX, com professores do século XX, formando estudantes/seres humanos para o mundo do século XXI. Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia, já advogava a favor de uma educação transformadora. O autor mostra que formar um educando é muito mais que depositar conhecimento, é entender que o educando não é uma taça vazia e que o professor, para ensinar, precisa de ética, de amor e que não há docência sem discência2. Objetivo: O objetivo desse trabalho é relatar a experiência vivida durante uma das aulas da disciplina Formação e desenvolvimento profissional na saúde e na Enfermagem do Curso de Doutorado em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, que foi desenvolvida no primeiro semestre de 2015. Metodologia: Dentre os tópicos oferecidos no Plano de Ensino, tivemos o privilégio e o desafio de trabalhar com o grupo sobre Metodologia ativas. Para essa abordagem buscamos discutir sobre o ensino com a metodologia tradicional versus o ensino com a metodologia inovadora. Um grande desafio uma vez que a grande maioria dos alunos participantes, inclusive nós que conduzimos a aula, foram educados e aprenderam a ensinar na metodologia tradicional em que o professor é o detentor do saber e o aluno está ali somente com papel de receber o conhecimento pronto. O primeiro obstáculo a superar foi como desenvolver um dia de trabalho utilizando a metodologia inovadora, evitando os métodos tradicionais para que nosso discurso não ficasse desconexo com nossas atitudes. Para isso tivemos que nos perceber como membros do grupo, facilitadoras do conhecimento e não como "professoras". Indicaríamos os caminhos para que os conhecimentos fossem construídos no coletivo. Resultados: Inicialmente trabalhamos um vídeo da música: Another brinck in the Wall - Pink Floyd, para despertar nos colegas lembranças de aulas negativas e positivas, relacionadas à postura do professor em sala de aula. O grupo relatou experiências negativas relacionadas aos professores que impunham o modo de pensar. Discutimos então com o grupo conceitos como Metodologia, Aluno, Professor, Homem, Sociedade, após a apresentação dos conceitos concluímos que: A metodologia tradicional é centrada no professor como detentor do saber, ele é o transmissor do conhecimento, em que predomina a autoridade. O aluno tem um papel passivo e deve somente assimilar o conteúdo a ele transmitido. Na metodologia inovadora o professor tem o papel de facilitador da aprendizagem, onde o diálogo predomina. O professor é o agente transformador que tem papel libertador. Desta forma, Freire nos mostra que um Bom professor é aquele: "[...] que consegue, enquanto fala trazer o educando até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus educandos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas2. Após a apresentação dos conceitos e discussão, fizemos a leitura do texto A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Após as leituras foi realizada discussões sobre o texto e o grupo em conjunto apontou os pontos chave entre da aprendizagem baseada em problemas e metodologia da problematização. Na ABP, há a formação de um grupo tutorial, onde o professor apresenta aos alunos um problema pré-elaborado por uma comissão de especialistas3. Na metodologia da problematização (MP) por meio do Arco de Maguerez possui cinco etapas: A primeira é a observação da realidade. A segunda etapa é a identificação dos pontos-chave. Na terceira fase, a teorização. A quarta fase é a formulação de hipóteses de solução. A última etapa é a aplicação à realidade, na qual o aluno põe em prática as soluções mais viáveis do estudo3. Desta forma as metodologias inovadoras fazem com que o aluno desperte para o pensamento crítico e seja capaz de modificar a realidade. Portanto, o aluno aprende de formas diferentes e o professor tem que entender as diferentes formas de aprendizado. Esse mesmo autor resume os princípios das metodologias ativas de aprendizagem. Se nossa prática de ensino favorecer no aluno as atividades de ouvir, ver, perguntar, discutir, fazer e ensinar, estamos no caminho da aprendizagem ativa4.Assim, aprendizagem ativa ocorre quando o aluno interage com o assunto em estudo - ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinando - sendo estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo de forma passiva do professor. Em um ambiente de aprendizagem ativa, o professor atua como orientador, supervisor, facilitador do processo de aprendizagem, e não apenas como fonte única de informação e conhecimento1. Conclusão: A utilização das metodologias problematizadoras são de suma importância para que ocorra a aprendizagem significativa. Buscar na realidade o ponto de partida para construção do conhecimento de forma crítica- reflexiva é o ponto chave para a construção desse profissional com um novo olhar para a forma de aprender-ensinar. Concluímos que o grande desafio para a enfermagem é que os educadores precisam resignificar a forma de ensinar, precisamos inicialmente formar profissionais da área de enfermagem cientes que os mesmo são educadores sejam em salas de aula ou em educação em saúde aos seus pacientes em suas práticas assistenciais. Contribuições para a Enfermagem: Através deste estudo pode-se perceber a necessidade de realizar mudanças no ensino de Enfermagem, precisamos descontruir antigos paradigmas e experimentar novas oportunidades no processo de ensinar e aprender, fazendo com que o espaço de sala de aula viabilize a contextualização da prática e que o aprendizado de enfermagem seja significativo. Descritores: Educação em Enfermagem; Aprendizagem; Docentes de Enfermagem. Eixo 1 - Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermagem Referências: 1. Barbosa,e. F.; Moura,D. G; Metodologias ativas de aprendizagem na Educação Profissional e Tecnológica. B. Tec. SENAC. v. 39, n.2, p.48-67, maio/ago. Rio de Janeiro. 2013. 2. Freire, P. (2011). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 3.BERBEL, N. A.N.(1996).A Problematização e a Aprendizagem Baseada em Problemas. Interface - Comunic, Saúde, Educ. 4.SILBERMAN, M.(1996). Active learning: 101 strategies do teach any subject. Massachusetts: Ed. Allyn and Bacon. 5. Freire. P.(2010).Educação e mudança. 23. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Enfermeira,, Doutoranda em Enfermagem do Programa de Pós Graduação em Enfermagem(PEN) Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Instituto Federal de Santa Catarina -IFSC .Rua Pavão,1337 - Joinville-SC. CEP-89220-200. e-mail: joanaraw@ifsc.edu.br. Enfermeira,, Doutoranda em Enfermagem do Programa de Pós Graduação em Enfermagem(PEN) Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. Doutora em Enfermagem, Professora Associada do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Doutora em Enfermagem, Professora Associada do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. |