Comunicação coordenada
361 | DESAFIOS DE SER PROFESSOR ENFERMEIRO | Autores: Edlamar Kátia Adamy (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) ; Carine Vendrusculo (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) ; Alcione Pozzebon (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) ; Jean Wilian Bender (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) ; Josiane Rodrigues França (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) |
Resumo: Introdução: Atualmente, consiste um grande desafio aos professores de cursos na área da saúde, em especial na enfermagem, a prática docente. A formação de um enfermeiro, nos moldes do bacharelado, segue princípios voltados à prática assistencial em âmbito hospitalar e de saúde pública, e pouco se aborda a prática do enfermeiro na docência1, o que exige do professor conhecimento especifico da área de enfermagem e de processos educativos. As Diretrizes Nacionais Curriculares (DCN) enfatizam que dentre as características essenciais para o perfil do egresso/ profissional Enfermeiros, estão a de formação do Enfermeiro generalista, humanista, critica e reflexivo, para assim ser qualificado para o exercício da enfermagem, com base em um rigor cientifico e intelectual, sempre pautado em princípios éticos2. Isso reforça a responsabilidade do enfermeiro-professor no sentido de estar sempre preparado para encarar a sociedade globalizada em seus avanços tecnológicos, para que a formação dos enfermeiros possa proporciona-lhes um pensar crítico, que possuam competências éticas e de cidadania, para desenvolverem autonomia e capacidade de resolverem problemas. O professor deve ter a consciência que não vai apenas transmitir conhecimento, mas envolver-se em um universo o qual o cuidar é aprender e ensinar, assim como cuidar é ensinar e aprender, em constante reflexão com seus saberes e modos de serem enfermeiro-professor3. Neste sentido, o processo de ensinar não se resume em transferir conhecimento, mas necessita de reflexão crítica, exige pesquisa, conhecimento, respeito, autonomia, bom senso, curiosidade, generosidade, humildade, entre outras competências4. Foi nesta direção que este estudo foi realizado, com objetivo de auxiliar e nortear o professor em seu cotidiano de docente, sendo resultado de um projeto de pesquisa realizado na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e integra o Grupo de estudo sobre Saúde e trabalho (GESTRA). Objetivo: apresentar os desafios de ser professor/enfermeiro em duas Universidades públicas do Oeste de Santa Catarina - SC que oferecem o curso de graduação em Enfermagem. Metodologia: O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, exploratório e com abordagem qualitativa. Para a realização deste trabalho foram realizadas 10 entrevistas semi-estruturadas com os participantes, sendo quatro professores da Universidade A e seis professores da Universidade B, os quais atenderam critérios de inclusão e exclusão sendo estes: Atuarem a mais de dois anos nas instituições envolvidas, com experiência em docência para a Enfermagem a mais de cinco anos, além de mostrarem interesse para participar da entrevista. As entrevistas foram gravadas e transcritas na integra, e analisadas a partir do método de analise de conteúdo. O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da IES, sendo aprovado sob parecer nº 953.083. Resultados: Os resultados desta pesquisa apontou que as principais dificuldades que permeiam a atividade de ser professor enfermeiro estão relacionadas com a falta de formação pedagógica, especialmente em relação ao desconhecimento de abordagens metodológicas mais ativas, durante o processo de ensino e aprendizagem. No entanto os professores conhecem a importância da formação pedagógica para exercer essa função, além da necessidade de estar em permanente processo de construção do saber, para propiciar ao acadêmico uma formação mais ampla e qualificada. Nesse sentido, a Educação Permanente em Saúde foi identificada como elemento de instrumentalização do professor/enfermeiro, num processo de aprimoramento contínuo, pautado nas dificuldades encontradas no dia a dia, tanto nas atividades em sala de aula, quanto nas práticas em diferentes cenários que fazem parte da formação em enfermagem. O uso de metodologias ativas é uma possibilidade de recurso didático para uma formação crítica e reflexiva do estudante, uma prática pedagógica inovadora, que traz a participação coletiva democrática como requisito fundamental para uma aprendizagem significativa, que visa por meio da reflexão, e do compartilhamento de conhecimento, uma formação do indivíduo como um ser que se forma à medida que se relaciona e se apropria da realidade humana5. Nessa direção, auxiliam o professor, pois o mesmo passa a ser protagonista do ensino, intermediando e norteando o aprende do acadêmico. O desenvolvimento da atitude crítica, consciência que faz com que o sujeito transforme a realidade, permite que esses temporalizem espaços geográficos e construam a história pela sua própria atividade criadora4. Neste sentido a comunicação e o diálogo são elementos fundamentais entendidos como fontes de saber e de ensinar. Como potencialidades também se destacaram as características, consideradas imprescindíveis e essenciais para o professor/enfermeiro a exemplo da humildade, experiência e a prática no serviço. Essas características vão ao encontro dos principais marcos que compõem a obra do educador Paulo Freire, cuja obra serviu como pano de fundo para análise dos resultados desse estudo. Os resultados oriundos dos dados obtidos com as entrevistas aos docentes enfermeiros demonstram que os mesmos apresentam competências essenciais para o exercício da docência, sobretudo, pela sua convicção de que e preciso ter humildade no reconhecimento das potencialidades dos acadêmicos, além de habilidades para despertar no mesmo a atitude critica. Isso só e possível quando o professor reconhece a incompletude do saber profissional e constrói laços com o educando, percebendo-o como ser único e provido de saber. Ensinar pressupõe a reflexão crítica sobre a prática, o que configura a "práxis" - a ação-reflexão-ação - como possibilidade transformadora da realidade, como fonte de conhecimento reflexivo e de criação que os seres humanos realizam de forma dialógica entre si, e midiatizados pelo mundo4. É nesta direção que a demonstração pelo amor a profissão e o comprometimento levam a superação, destacando as potencialidades dos professores, sendo essas de suma importância para o processo de construção do saber e formação acadêmica. Considerações finais: O papel do professor/enfermeiro na formação dos futuros profissionais de enfermagem vai além do conhecimento técnico-científico, passando por uma postura ética e humanitária, que sirva de exemplo aos educandos, além de habilidades metodológicas que facilitem a construção do saber, e vem ao encontro do que propõe as DCNs. Isso será possível quando o professor reconhecer a incompletude do saber profissional, o que exige uma atitude humilde, pautada na dialogicidade e na liberdade de expressão, a partir da compreensão do educando como ser único. Cumpre destacar a relevância desses achados para a reflexão sobre a importância de processos educativos orientados por uma pedagogia crítica e libertadora, no âmbito da enfermagem, além de concretizar e esclarecer as potencialidades e as fragilidades do enfermeiro professor, que antes de mais nada é um ser humano inacabado. Descritores: Enfermagem, Ensino, Docentes de Enfermagem. 1- Ferreira Junior, M. A. Os reflexos da formação inicial na atuação dos professores enfermeiros. Rev. Bras. Enferm. [online]. 2008, vol.61, n.6, p. 866-871. 2- Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº1133 de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Diário Oficial da União, Brasília, 03 de 10 de 2001. Seção 1E, p. 131. 3- Seboldl, L.F.; Carraro, T.E. Modos de ser enfermeiro-professor-no-ensino-do-cuidado de-enfermagem: um olhar heideggeriano. Rev Bras Enferm, Brasília 2013 jul-ago; 66(4): 550-6. 4- Borges, T. S.; Alencar, G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista, ano 3, n. 4, p. 1 19-143, jul./ago. 2014. 5- FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. |