Comunicação coordenada
206 | ENSINO EM SAÚDE: A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO PARA A DOCÊNCIA SEGUNDO PERIÓDICOS DA ÁREA DA SAÚDE | Autores: Annecy Tojeiro Giordani (Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Luiz Meneghel) ; Lucken Bueno Lucas (Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Cornélio Procópio) |
Resumo: A expressão Educação em Saúde se reporta, em termos gerais, ao conceito de promoção da saúde, tratando-se de um processo amplo. No campo da Enfermagem, por exemplo, a Educação em Saúde contribui não somente para informar, mas estimular os indivíduos a fazerem melhores escolhas, favorecendo a autonomia do cuidado em saúde1. No contexto atual de muitos cursos de graduação em Enfermagem, os estudantes não recebem formação específica no que diz respeito a essa temática, tendo em vista que no Brasil a maioria dos cursos habilita seus egressos como bacharéis e não como licenciados. Em 2011, a área de Ensino foi constituída pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), como responsável por investigar e propor estratégias didático-pedagógicas contributivas aos processos de ensino e de aprendizagem de conteúdos de áreas específicas. Nesse sentido, faz-se importante diferenciar os processos Educação em Saúde e Ensino em Saúde. Esta pesquisa objetivou investigar o Ensino no campo da Enfermagem, sobretudo quanto à perspectiva didático-pedagógica da formação inicial de profissionais dessa área que, poderão atuar como professores. Utilizou-se abordagem qualitativa2, por meio de um tipo de levantamento conhecido como estado da arte3 ou estado do conhecimento em periódicos da área de Enfermagem, modalidade de pesquisa que possibilita mapear e discutir a produção acadêmica de uma área de conhecimento em um determinado período de tempo. Ainda, objetivando apresentar um panorama dos artigos publicados nos últimos dez anos que abordaram a questão do Ensino em Enfermagem, foram selecionados periódicos da área Ciências da Saúde, subárea Enfermagem, mediante os seguintes critérios: a) periódicos inseridos na base de dados do portal de periódicos da CAPES, com artigos disponíveis para consulta on line; b) periódicos nacionais com publicação em língua portuguesa; c) periódicos com classificação A1 e A2 segundo a estratificação Webqualis vigente ao período da pesquisa (ano de 2014); d) periódicos com publicações entre os anos de 2005 e o primeiro trimestre de 2015. Foram elencados os seguintes periódicos: I. Revista Latino-Americana de Enfermagem on line (ISSN 1518-8345); II. Revista Acta Paulista de Enfermagem on line (ISSN 1982-0194); III. Cadernos de Saúde Pública (ISSN 1678-4464); IV. Revista Brasileira de Enfermagem (ISSN 0034-7167); V. Revista da Escola de Enfermagem da USP (ISSN 1980-220X); e VI. Revista de Saúde Pública (ISSN 1518-8787). Todos esses periódicos foram acessados individualmente (via portal de periódicos da CAPES). A partir da leitura dos títulos, dos resumos e das palavras-chave, os artigos relacionados com o tema da pesquisa foram selecionados. Os procedimentos de busca foram finalizados com a contagem dos artigos consultados em geral e a quantidade daqueles que mantiveram relação com a temática pesquisada. Para o processo de análise dos dados (resumos dos artigos selecionados), foram empregados referenciais do campo da Análise Textual Discursiva4 (ATD). Com base nesse referencial metodológico, os resumos dos artigos selecionados constituíram um corpus de análise, sendo este submetido às fases de unitarização, categorização e produção de um metatexto analítico. Foram pesquisados 6.418 artigos, dos quais 75 apresentaram relação com a temática investigada. Os artigos selecionados foram, então, organizados em quatro grandes categorias: a) Ensino de áreas e/ou conhecimentos específicos de Enfermagem, b) Tecnologias Educacionais no Ensino de Enfermagem, c) Educação em Enfermagem, c) Formação em Enfermagem. Como resultado inicial do processo de análise dessas categorias, ficou evidenciado que a discussão do Ensino na área da saúde, sobretudo quanto à produção científica em Enfermagem, é pouco desenvolvida. Mesmo considerando o fato de que muitos egressos de cursos de Enfermagem tornam-se professores de Enfermagem, seja no Ensino Profissionalizante ou Superior, a formação didático-pedagógica desses profissionais que podem atuar no Ensino não se encontra refletida nas publicações científicas de algumas das principais revistas da área, pois, detectou-se o índice de 1,17% de artigos publicados envolvendo a temática Ensino/Educação em Saúde. Pensando, portanto, na atuação do Enfermeiro como um profissional cujo ofício envolve diretamente práticas educativas formais e não formais, ou seja, que atua na formação de outros profissionais da saúde ou na orientação/educação de sua equipe de trabalho e clientela, ao atuar em diferentes contextos e campos de trabalho, respectivamente, a presente investigação sustenta a tese de que se faz necessária a inclusão de componentes curriculares, nos cursos de graduação dessa área, voltados à capacitação desses profissionais para tais práticas educativas. Recentemente, o Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e com o Departamento de Gestão da Educação na Saúde, publicou Recomendações para elaboração de projetos de Mestrados Profissionais em Ensino de Saúde5, nas quais estimula a criação de programas de Pós-Graduação voltados ao ensino, ou seja, à formação de profissionais da saúde para trabalhar na formação de outros profissionais da saúde. Há, inclusive, alusão aos recentes debates que têm permeado a pauta dos eventos de saúde, quanto à qualidade da formação de professores que atuam na formação dos profissionais dessa área. Pertinentemente, a área de Ensino é entendida como uma área translacional de pesquisa que atua no sentido de promover articulações entre os conhecimentos obtidos na instância do Ensino (enquanto área de pesquisa acadêmica) e os conhecimentos de áreas específicas (Enfermagem, por exemplo). Portanto, este trabalho indica, como contribuição à formação em Enfermagem, o desenvolvimento de propostas curriculares de graduação e pós-graduação que contemplem a capacitação desses profissionais para o Ensino, seja no escopo formal ou não formal de atuação. Com isso, espera-se que os professores enfermeiros tenham uma formação mais integral, coerente com as demandas da atualidade e contributiva, também, ao desenvolvimento e a consolidação de pesquisas de Ensino em Saúde, na Enfermagem, de modo que se possa avançar nesse novo e fecundo campo de conhecimento. Por fim, é importante evidenciar, ainda, a necessidade de uma investigação mais profunda acerca da própria distinção, no âmbito da Enfermagem, quanto ao que se entende nessa área por Educação em Saúde e Ensino em Saúde, visto que o Ensino e a Educação são áreas diferentes, com aproximações, mas, com especificidades que as configuram em distintos campos de conhecimento no cenário brasileiro de produção científica. Descritores: Ensino em Enfermagem; Educação em Enfermagem; Estado da Arte. Referências 1 de Sousa LB, Torres CA, da Costa Pinheiro PN, Pinheiro AKB. Práticas de educação em saúde no Brasil: a atuação da enfermagem. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):55-60. 2 Flick, U. (2009). Uma introdução à pesquisa qualitativa (3ª ed.). Porto Alegre: Bookman. 3 Ferreira NSA. As pesquisas denominadas "estado da arte". Educ. Soc., Campinas, 2002 ago; 23(79):257-272. 4 Moraes R, Galliazzi MC. Análise textual discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação, Bauru, 2006; 12(1):117-128. 5 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. (2013). Documento de Área 2013. CAPES. |