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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 155

Comunicação coordenada


155

Elementos emancipatórios nas práticas pedagógicas de docentes universitários da enfermagem: primeiras aproximações e reflexões

Autores:
José Renato Gatto Júnior (EERP-USP) ; Sonia Maria Villela Bueno (EERP-USP) ; Leandra Andréia de Sousa (EERP-USP)

Resumo:
INTRODUÇÃO: é evidente a inexistência de formação pedagógica específica e formal para a docência no ensino superior mundialmente (Pimenta e Almeida, 2011). No Brasil, apesar de singelas iniciativas programáticas e institucionais, dificuldades na formação em saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS) também podem referir-se ao (des)preparo didático-pedagógico e (des)conhecimento da cientificidade do processo de ensino-aprendizagem pelo docente do ensino superior na saúde, o que pode contribuir para problemas político-ideológicos e barreiras na consolidação do SUS (Batista, 2005; Ceccim e Carvalho, 2005; Batista e Gonçalves, 2011). No caso da formação em enfermagem, isso pode acontecer porque a maioria dos professores tem pouca preparação pedagógica, dificuldade para implementar elementos emancipatórios em suas práticas docentes e, consequentemente, acabam reproduzindo, na maioria das vezes, práticas pedagógicas predominantemente tradicionais e verticalizadas, indo na contracorrente dos movimentos. Portanto, se torna fundamental buscar mudanças nas metodologias de ensino-aprendizagem para formação de enfermeiros críticos, reflexivos, autônomos, humanos, visando processos de ensino-aprendizagem emancipatórios e investindo nos poucos que já existem. OBJETIVO: refletir sobre os achados iniciais referentes a abordagens pedagógicas de professores universitários enfermeiros. MÉTODOS: reflexão inicial sobre primeiros achados em uma pesquisa-ação, a qual visa tanto transformar as práticas pedagógicas como compreender as mesmas (Dick, 2002). Para tanto buscar-se-ão elementos emancipatórios - formas que apoiam as pessoas na superação de preconceitos, medos, ignorância, sentimentos de incapacidade e impossibilidade de lidar com a opressão e a marginalização (Farias et al., 2011). Posteriormente, estes elementos emancipatórios serão usados, juntamente com outros achados, como disparadores de discussões e possíveis mobilizadores de transformações nas práticas pedagógicas. Até este momento, realizou-se uma fase exploratória, com entrevistas, observações de situações de ensino-aprendizagem e análises de planos educativos. Os dados desta fase foram organizados de acordo com a categoria emancipação de Freire, a qual possui três categorias de suporte e cada qual com dois indicadores: ser mais (humanização e liberdade); diálogo (palavra verdadeira e conscientização); e radicalização (utopia e transformação social) (Decker, 2010; Freire, 2014). O estudo tem sido conduzido em um estabelecimento de ensino superior do interior paulista, que atua na formação de enfermeiros. Os participantes são professores cuja formação acadêmica tenha sido na enfermagem, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com os preceitos éticos vigentes. São treze professores: 5 têm menos de 6 anos de atividade no estabelecimento de ensino superior e 8 tem tempo superior a 6 anos, sendo o tempo médio de 10 anos. As áreas de ensino: atenção primária à saúde (4); atenção hospitalar (5); e educação (4). As entrevistas foram realizadas em local de escolha do participante (duração média 47 minutos). As observações contemplaram: discussões em pequenos grupos, estágios, imersões nos cenários de prática profissional, aulas expositivas/expositivo-dialogadas e laboratórios de prática profissional. Para análise documental: planos de aula, planos de disciplinas e programas de disciplina. RESULTADOS PARCIAIS: por meio dos dados das três técnicas de coleta, ao buscar elementos emancipatórios nas práticas pedagógicas de professores-enfermeiros, pôde-se perceber algumas pistas - para a categoria de suporte ser mais, encontrou-se: 'uso de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem'; 'avaliação formativa ao longo do processo de ensino-aprendizagem'; 'gestão contínua do processo de ensino-aprendizagem'; e 'construção contínua da identidade do professor universitário'. Para diálogo, encontrou-se: 'uso de abordagem dialógica e emancipatória no processo de ensino-aprendizagem'; e 'professor como facilitador no processo de ensino-aprendizagem'. Para a categoria de suporte radicalização, não se pôde, neste momento do projeto, fazer consideração a respeito, já que se referem a objetivos a longo prazo. Portanto, conseguiu-se atentar ao fato de que estas pistas estão relacionadas a método de ensino-aprendizagem, avaliação do processo de ensino-aprendizagem, que estão intimamente relacionadas ao planejamento do processo de ensino-aprendizagem. Mas também há elementos de gestão e acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem e preocupação com o processo formativo do professor ao longo deste caminho. Quanto ao método, sugere-se que são os ideais educativos que dão corpo e forma às técnicas de ensino-aprendizagem e não o contrário (Araújo, 1997). Nesse sentido, percebe-se um movimento de envolver mais ativamente os estudantes em sua própria formação, o que pode estar relacionado a uma pedagogia crítica, visando o despertar da consciência. O que reforça esta ideia é a segunda pista relacionada a um processo de avaliação formativa, o que demonstra mais uma vez a preocupação com a formação do indivíduo, possibilitando talvez um processo emancipatório quanto aos aspectos formativos de seu próprio curso, o que pode ajudar a superar o olhar classificatório e punitivo que a avaliação carrega em si tradicionalmente (Mendes, 2005; Sordi, 2012). Com isso, faz-se uma interlocução com o papel de facilitador que o professor precisa assumir, dada a escolha de trabalhar com métodos ativos e formativos e, portanto, daquele que precisa acompanhar atentamente o caminhar do processo de ensino-aprendizagem. Esse movimento contribui para a emancipação dos envolvidos com o ensino-aprendizagem. Isso deve contribuir também para a formação contínua da identidade do professor universitário. CONSIDERAÇÕES FINAIS: até o momento, pode-se inferir que há elementos emancipatórios coerentes no processo formativo do enfermeiro. Entretanto, é preciso analisar, confirmar, desconfirmar muitos dados para ter posição mais assertiva quanto às concepções pedagógicas de professores universitários enfermeiros. Palavras-chave: Docência; Ensino Superior; Enfermagem; SUS. REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. C. S. Para uma análise das representações sobre as técnicas de ensino. In: VEIGA, I. P. A. (Ed.). Técnicas de ensino: por que não? 6. Campinas, SP: Papirus, 1997. p.11-34. BATISTA, K. B. C.; GONÇALVES, O. S. J. Formação dos Profissionais de Saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde e Sociedade, v. 20, n. 4, p. 884-899, 2011. BATISTA, N. A. Desenvolvimento docente na área da saúde: uma análise. Trabalho, Educação e Saúde: 3: 283-294 p. 2005. CECCIM, R. B.; CARVALHO, Y. M. Ensino da saúde como projeto da integralidade: a educação dos profissionais de saúde no SUS. In: PINHEIRO, R.;CECCIM, R. B., et al (Ed.). Ensinar Saúde: a integralidade e o SUS nos cursos de graduação na área da saúde. 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Pedagogia Universitária: caminhos para a formação de professores. 1.ª. São Paulo, SP: Cortez Editora, 2011. 245p. SORDI, M. R. L. Alternativas propositivas no campo da avaliação: por que não? . In: CASTANHO, S. e CASTANHO, M. E. (Ed.). Temas e textos em metodologia do ensino superior 7.ª. Campinas, SP: Papirus, 2012. cap. 15, p.173-184. (Magistério: Formação e trabalho pedagógico).