Roda de Conversa
526 | A NECESSIDADE DE FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO PARA AS LINHAS DE CUIDADO E REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE DO SUS | Autores: Evanisa Maria Arone (CEALAG - Centro de Estudos Augusto Leopoldo Airosa Galvão São Paulo e GEPAG UNIFESP) ; Joana Azevedo da Silva (CEALAG - Centro de Estudos Augusto Leopoldo Airosa Galvão São Paulo) ; Paulo Henrique D´ângelo Seixas (CEALAG - Centro de Estudos Augusto Leopoldo Airosa Galvão São Paulo) ; Raquel Leonhardt Amrain (CEALAG - Centro de Estudos Augusto Leopoldo Airosa Galvão São Paulo e INEX) ; Regina Maria Giffoni Marsiglia (CEALAG - Centro de Estudos Augusto Leopoldo Airosa Galvão São Paulo e INEX) |
Resumo: Introdução: À implantação da Rede de Atenção à Saúde - RAS, como forma de organização dos serviços de saúde no SUS e promoção de uma atenção integral, de qualidade, resolutiva, de forma regionalizada, com integração entre os diversos pontos de atenção e que, de fato, atenda às necessidades da população, aliada a construção das Linhas de Cuidado para expressar fluxos assistenciais seguros e garantidos ao usuário para atender às suas necessidades de saúde, como itinerários dentro de uma rede de saúde, incluindo segmentos não necessariamente inseridos no sistema de saúde, mas que participam de alguma forma da rede, tais como entidades comunitárias e de assistência social, são propostas para vencer os desafios dos aspectos sociais, demográficos e epidemiológicos que prevalecem na realidade dos municípios que necessitam de uma reorganização dos processos de trabalho e um novo olhar para a formação/ especialização dos atuais e de novos profissionais técnicos de nível médio para compor essas equipes. Objetivo: neste recorte, apresentar resultados parciais de pesquisa de campo, com os agentes de cinco segmentos envolvidos sobre a necessidade de especializações e de outros profissionais técnicos de nível médio para atender as demandas de determinadas Linhas de Cuidado e de Redes de Atenção à Saúde. Descrição Metodológica: Pesquisa participante e pesquisa ação realizada em cinco Diretorias Regionais de Saúde - DIRS do estado de São Paulo, com quatro representantes de cinco segmentos: coordenador regional e gestores municipais, responsáveis pelas linhas de cuidado definidas (urgência/emergência, atenção á gestação e parto, a dependentes químicos, indivíduos com doenças crônicas), profissionais técnicos de nível médio, coordenadores de cursos técnicos (escolas públicas e privadas) e representantes de usuários, considerando a necessidade de produzir conhecimentos sobre realidades locais e regionais, contando, desde o início, com a participação dos agentes e segmentos locais interessados, para orientar ação futura das administrações públicas. Foram realizadas entrevistas individuais gravadas, mediante roteiro com questões semiestruturadas, com base em termos de referência de especialistas, para cada linha de cuidado definida. Aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa FMSCSP. Resultados: Foram analisadas 85 súmulas das entrevistas com o perfil dos entrevistados, sendo 18 gestores, 16 coordenadores de Linhas de Cuidado, 17 profissionais técnicos de nível médio, 14 coordenadores de cursos Técnicos de nível médio, e 20 usuários e/ou representantes nas redes de atenção definidas das cinco DIR pesquisadas. Em relação à questão: existência ou a necessidade de especializações ou de outros profissionais técnicos de nível médio, na estruturação das Linhas de Cuidado definidas nesta pesquisa, destacamos: Para a maioria dos cinco segmentos entrevistados a especialização se destina apenas para o profissional de nível superior, e a indicação de uma nova ocupação técnica de nível médio foi considerada somente para um profissional técnico de nível médio já existente no mercado, e que ainda não compõe a equipe de trabalho. 1. Gestores - foi mencionado: a necessidade do técnico em nutrição principalmente para a linha de cuidado de crônicos e em particular hipertensão e diabetes e a necessidade de um técnico de farmácia para a dispensação de medicamentos aos pacientes; que seria interessante contar com técnicos especializados, particularmente nas linhas de urgência e emergência e de atendimento ao parto; e, que apesar de positivas as especializações, na prática seria impossível manter estes profissionais especialistas atuando numa única linha de cuidado. 2. Coordenadores de Linha de Cuidado - dominante a concepção de especialização para os profissionais técnicos de nível médio, como sinônimo de treinamento e de atualização e com destaque, apenas para cuidados de promoção de saúde e de prevenção a doenças e humanização do atendimento; alguns mencionaram que os técnicos e auxiliares de enfermagem, pudessem fazer cursos de especialização em urgência e emergência, para aprimorar o seu trabalho prático; não identificaram a necessidade de outros profissionais técnicos de nível médio além da enfermagem, mas, fizeram apenas uma indicação para o técnico em nutrição e, também que os funcionários administrativos deveriam ter uma formação na área de saúde. 3. Profissionais Técnicos de Nível Médio - para as atribuições que executam enquanto técnicos e auxiliares de enfermagem não há necessidade de especialização, pois as mesmas já estão compreendidas dentro da sua formação; não existe a necessidade de novos profissionais técnicos de nível médio, pois o atual quadro de funcionários atende as demandas da rede de saúde pública; foi sugerido como novas ocupações o Técnico em ortopedia e o Técnico em raios X; cursos de especialização seriam bons, mas não conhecem nenhum voltado especificamente para os profissionais técnicos de enfermagem. 4. Coordenadores de Cursos Técnicos - reconhecem a importância e a necessidade da especialização para os profissionais técnicos de nível médio e de capacitações mais pontuais para cada Linha de Cuidado, entretanto não especificaram quais seriam estas especializações e capacitações; a maioria demonstrou não conhecer a estruturação das diferentes Linhas de Cuidado. 5. Usuários - não apresentaram sugestões para especializações ou novas ocupações técnicas de nível médio; a maioria dos usuários respondeu a partir de sua experiência pessoal com o atendimento nos serviços e demonstrou não conhecer as atribuições específicas dos profissionais técnicos de nível médio. Conclusão: Mesmo diante dos desafios inerentes ao funcionamento das RAS e Linhas de Cuidado no SUS, nas entrevistas com os cinco segmentos em cada uma das cinco regionais do Estado de São Paulo ficou evidenciado uma visão tradicional e o desconhecimento sobre a necessidade de especializações e de outros profissionais técnicos de nível médio para atender as demandas das Linhas de Cuidado definidas. Contribuições para a Enfermagem: Este trabalho é parte integrante de Projeto de Pesquisa do ObservaRHSP, em parceria com o COSEMS/SP, em atenção à chamada da SGETS/MS e OPAS no campo relacionado à Regulação do Trabalho em Saúde, denominado "Os Profissionais de Nível Médio nas Redes de Atenção à Saúde: o trabalho, as atribuições, a formação"- São Paulo (2015-2016) e Carta Acordo: BRA/LOA/15000012.001, com o objetivo de analisar a necessidade de formação/educação continuada de profissionais de nível médio para atender as demandas de determinadas Linhas de Cuidado e de Redes de Atenção à Saúde do SUS, em Regionais de Saúde do Estado de São Paulo, tendo em vista a heterogeneidade econômica, social, demográfica, de morbimortalidade e de rede instalada de serviços. Referências: Silva JA, Seixas PHD, Marsiglia RMG (org.). Atenção Básica à Saúde em São Paulo: profissionais, instituições parceiras, usuários, integralidade e formação de recursos humanos. São Paulo: Cealag/Memnon,. Coletânea ObservaRHSP, vol.2, p. 348, 2012. Descritores: Sistema Único de Saúde; Educação Profissional em Saúde Pública. |