Roda de Conversa
309 | ELABORAÇÃO DE UMA CARTILHA SOBRE VACINAÇÃO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIENCIA | Autores: Janaína Paula Calheiros Pereira Sobral (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL) ; Célia Alves Rozendo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL) ; Roberto Firpo de Almeida Filho (HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ) ; Maria Elizabete Rodrigues Viana (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL) ; Carla Islowa da Costa Pereira (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL) |
Resumo: Introdução: As doenças infecciosas resultam do encontro e da interação entre um microrganismo e um hospedeiro, que muitas vezes é o ser humano. A infecção ocorre quando o microrganismo invasor provoca uma resposta imunológica ou efeitos patogênicos no hospedeiro invadido, dependendo de muitos fatores, tais como dose infectante, virulência, maneira como o microrganismo é apresentado ao hospedeiro e do estado imunológico deste, podendo aderir, colonizar, provocar infecção inaparente, infecção sintomática com recuperação ou morte1. Neste sentido, as ações de promoção da saúde e de redução dos fatores de risco são capazes de prevenir a ocorrência e a mortalidade por várias doenças. No contexto de promoção da saúde e prevenção de doenças, inserem-se a vacinação e a educação permanente, esta deve estar orientada para a transformação do processo de trabalho, englobando as necessidades de aprendizagem das equipes2. A educação permanente para a equipe da Atenção Básica (AB) na esfera de sua atuação, no que se refere ao processo de vacinação, é de suma importância para fortalecer o Programa Nacional de Imunização (PNI), num país com enormes diferenças regionais e epidemiológicas, sendo que a elaboração de materiais educativos pode implementar procedimentos diferenciados em sua área de abrangência3. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) desempenha um papel importante na AB; dentre suas atribuições específicas, destaca-se o desenvolvimento de ações para promover a saúde, prevenir as doenças e agravos e vigilância à saúde, estabelecendo um primeiro contato com as famílias, por meio de visitas domiciliares, aproximando-se, a fim de entender seu contexto de vida, identificar suas necessidades, sugerir condutas coerentes e realizar atividades em domicílio e/ou na própria comunidade4. Deste modo, o ACS e a equipe de Enfermagem das Unidades de Saúde da Família (USF) devem ser inseridos como públicos-alvo de ações educativas, neste caso, a vacinação, para aproximar os usuários do contexto da sala de vacinação, pois são profissionais que atuam diretamente com o usuário, tanto nas USF quanto nas atividades extramuros5. Objetivo: Descrever a experiência de enfermeiros residentes em Saúde da Família no processo de elaboração de uma Cartilha de Orientações sobre Vacinas para Agentes Comunitários de Saúde. Descrição Metodológica: Trata-se de um relato de experiência da vivência de enfermeiros da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), sobre o processo de elaboração de um material instrutivo sobre vacinação para ACS atuantes em Unidades de Saúde da Família do município de Maceió-Alagoas. O trabalho iniciou em setembro de 2015 com a conclusão em dezembro do mesmo ano. A concepção desta cartilha se deu a partir de um levantamento realizado por enfermeiros residentes em uma Unidade de Saúde da Família, por meio do Modelo Lógico Simplificado (MLS), uma ferramenta de planejamento de ações, que possibilita subsidiar a tomada de decisões. Foi organizado em um quadro que continha os itens: problema, nó crítico, estratégias, atividades, meta, prazo, recursos, responsável e resultados. Com isso, identificou-se algumas fragilidades no que tange à Saúde da Criança, especificamente com relação a cobertura vacinal. Assim, os enfermeiros iniciaram o processo de elaboração da cartilha educativa, que pode ser descrito em três etapas: etapa 1: pesquisa e seleção dos conteúdos; etapa 2: pesquisa e seleção de ilustrações e etapa 3: realização do projeto e design da cartilha. Na primeira etapa foi realizada a pesquisa e seleção dos conteúdos que seriam utilizados na elaboração da cartilha. Fez-se um levantamento de referências sobre o calendário de vacinação no site do Ministério da Saúde, em artigos científicos e na Programa Nacional de Imunização lotado na Secretaria Municipal de Saúde. Na segunda etapa, buscou-se em sites da internet ilustrações relacionadas a temática, para proporcionar uma leitura mais agradável e tornar a cartilha mais atrativa e dinâmica. A busca foi embasada em imagens que refletissem o sinais e sintomas das doenças que podem ser evitadas com a aplicação das vacinas e ainda imagens das vacinas em si. Na terceira etapa houve realização do projeto e design da cartilha, na qual as informações colhidas nas etapas anteriores foram agrupadas, preocupando-se em propiciar uma leitura de fácil compreensão e uma organização estrutural aprazível. Por fim, o material instrutivo foi intitulado "Cartilha de Orientações sobre Vacinas". Assim, no início da cartilha, há o sumário e a apresentação para elucidar o seu objetivo, onde aborda de forma geral a temática da qualidade da assistência, da prevenção de doenças e promoção da saúde. Em seguida enfatiza a importância do ACS para o alcance de uma ampla cobertura vacinal e que a cartilha é um material que irá fortalecer o seu trabalho. Logo após, inicia-se a abordagem das vacinas disponibilizadas pela rede pública contendo a indicação, contraindicação, composição, dose e volume, seringa, via de administração, eventos adversos e validade após diluição. Para finalizar, foi disponibilizado um quadro resumido de todas as vacinas e espaços para anotações. Ao final da cartilha foram colocadas as referências utilizadas na elaboração teórica e ilustrativa da cartilha. Resultados: A experiência de elaborar a cartilha, demonstrou que este tipo de material educativo possui uma ampla contribuição para a atuação junto à comunidade não só do ACS como também de toda equipe multiprofissional. Neste sentido, foi constatada a necessidade de promover um curso de atualização em vacinas com a entrega da cartilha a toda equipe multiprofissional de uma USF (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e ACS). O material despertou o interesse dos profissionais, com relatos de que facilitaria o processo de trabalho, mostrando-se como um método eficaz para o conhecimento sobre vacinação e o consequente aumento da cobertura vacinal. Conclusão: A criação e disponibilização de materiais educativos como o discutido neste trabalho, ocorre com o intuito de facilitar o trabalho da equipe multidisciplinar com vistas a uniformizar as orientações a serem transmitidas a comunidade, no sentido da promoção da saúde e prevenção de doenças. Assim, torna-se relevante o desenvolvimento de materiais instrutivos, que sejam dinâmicos e de fácil compreensão por possibilitar que os profissionais recorram ao material para sanar suas dúvidas e propagar as devidas informações a população. Contribuições e/ou Implicações para a Enfermagem: A elaboração da Cartilha de Orientações sobre Vacinas contribui para que o enfermeiro utilize como um meio de educação permanente, promovendo a atualização da equipe multiprofissional para melhor atuar junto à população com atividades de educação em saúde, em busca de melhores indicadores de cobertura vacinal. Contribui ainda para o desenvolvimento de pesquisas sobre a efetividade que manuais e/ou cartilhas educativos pode proporcionar nos diversos campos da área da saúde. Referências: 1. Brasil. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. 188 p. 2. Brasil. Cadernos de Atenção Básica: Programa Saúde da Família -Educação Permanente. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2000. 44 p. 3. Bahia. Manual de procedimento para vacinação. Salvador: Secretaria da Saúde, Diretoria de Vigilância Epidemiológica, DIVEP; 2011. 573p. 4. Brasil. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2011. 5. Kebian LVA, Oliveira SA. Práticas de cuidado de enfermeiros e agentes comunitários de saúde da estratégia saúde da família. Cienc Cuid Saude. 2015; 14(1): 893-900. Descritores: Enfermagem; Imunização; Atenção Primária à Saúde. |