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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 250

Comunicação coordenada


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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS INGRESSANTES NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO PARA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM

Autores:
Emilly Anne Cardoso Moreno de Lima (Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO; Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Flávia Maria Barros Lavra (Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO) ; Thaisa Farias Cavalcanti Santos (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Luciane Soares de Lima (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Ana Márcia Tenório de Sousa Cavalcanti (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)

Resumo:
1 INTRODUÇÃO A educação que busca a construção do conhecimento é uma forma eficaz para despertar a consciência preventiva, de tal forma que possa ser trabalhada dentro de uma concepção progressista, valorizando a história e o contexto1. A educação conscientizadora como modelo pedagógico teve sua origem na década de sessenta, na qual os debates caracterizaram-se pela participação ativa do sujeito da aprendizagem no processo de construção do conhecimento. A visão libertadora e problematizadora são derivadas do diálogo, da inquietude e da busca, e nela o educador e o educando assumem uma relação horizontal, papéis de educador-educando e educando-educador. Esse é um encontro no qual não existe um saber absoluto e ninguém é absolutamente ignorante2. O homem, neste modelo, é responsável não só por desvelar a realidade, mas também por transformá-la pela ação prática sobre ela. O processo de conhecimento e instrumentação que aumenta o poder do homem para intervir através da reflexão e compreensão do contexto de sua realidade, de forma crítica, leva-o a buscar soluções criativas para essa realidade, transformando-a. Nesse encontro, tanto o educador como o educando são homens igualmente críticos e livres1. A educação em saúde surge então como instrumento para auxiliar a relação entre profissionais e usuários de saúde, uma vez que ela permite a reflexão e a mudança no comportamento dos indivíduos3. Assim, as práticas educativas em saúde voltadas para a educação são uma oportunidade para a conquista da liberdade de ação, tanto para clientes como para profissionais de saúde, liberdade essa conquistada, e não doada. É através dos relatos profissionais sobre as atividades educativas realizadas nos serviços de saúde, que podemos identificar as lacunas de conhecimento para a construção das ações visando a formação do conhecimento e desta forma, forneçam subsídios para os cursos de especialização. 2 OBJETIVO Descrever como os alunos ingressantes de um curso de especialização Didático-Pedagógico para Educação em Enfermagem, na modalidade à distância, percebem a educação em saúde nos serviços onde atuam. 3 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo realizado a partir do relato de 6 alunos ingressantes no curso de especialização Didático-Pedagógico para Educação em Enfermagem sobre a percepção da educação em saúde nos serviços onde atuam. Sendo elegíveis para o estudo os alunos que trabalham com indivíduos, famílias e/ou comunidades e manifestaram interesse em participar da pesquisa. A obtenção dos dados foi feita por meio de questionário enviado por e-mail com dados de identificação para a caracterização da amostra (idade; sexo; tempo de formado; tempo de atuação profissional; carga horária semanal de trabalho) e duas perguntas abertas (Existem atividades de educação em saúde no(s) serviço(s) que você trabalha? Caso a resposta seja positiva, como elas acontecem?) Após o recolhimento dos questionários preenchidos, foram realizadas leituras exaustivas do conteúdo, a fim de obter todas as particularidades possíveis, considerando-se todas as ações de educação em saúde mencionadas. Dessa forma, as diferentes percepções de ações de educação em saúde foram identificadas, levando em consideração as observações feitas pelo pesquisador durante a leitura. A análise se caracterizou por buscar uma apreensão de significados nas respostas, interligada ao contexto em que elas se inserem e delimitada pela abordagem conceitual (teoria) do pesquisador, trazendo à tona uma sistematização baseada na qualidade, mesmo porque um trabalho desta natureza não tem a pretensão de atingir o limiar da representatividade4. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Antes de iniciar o curso, 4 dos 6 estudantes que participaram da pesquisa não compreendem que educar é primeiramente fazer uma captação da realidade do usuário para verificar suas necessidades de saúde, sua cultura e o seu meio e, a partir daí, elaborar um plano assistencial onde haja a sua participação e colaboração, possibilitando uma intervenção eficaz. Do contrário, se não houver o envolvimento do usuário, não ocorrerá uma ação transformadora e sim uma ação imposta sutilmente pelo profissional de saúde para a qual, na maioria das vezes, não há continuidade5. Como visto nos seguintes relatos: " Realizamos ações de educação em saúde todos os dias, temos sempre palestra e explicamos direitinho como o usuário deve se cuidar, promovendo a saúde ... sempre informamos as principais condutas...nunca deixamos os usuários sem informação" (E2). "Mostro ao paciente como deve ser, explico mais de uma vez, até ele dizer que não tem nenhuma dúvida... ninguém pode sair com dúvidas...mostramos mais de um vez..." (E5). Outros estudantes, antes de iniciar o curso, já tinham uma percepção diferenciada da educação em saúde: "Buscamos sempre a autonomia do usuário, ele precisa entender e ter consciência da sua doença, só assim, poderá mudar de postura e cuidar da sua saúde... sempre levo em consideração o conhecimento dos meus pacientes" (E1). "Converso, escuto, busco entender o meu paciente, pois se não converso, não escuto não vou saber as necessidades para mudar junto..." (E6) Para que consigam atingir seus objetivos é necessário que o profissional de saúde mergulhe na intimidade do usuário, conhecendo seu contexto, sua linguagem, seu comportamento, sua cultura. É preciso que esses profissionais ocupem o seu lugar de educadores, desvinculando-se da sua prática unicamente curativa e estimulando as pessoas que os procuram a uma reflexão de suas atitudes e a repercussão que essas podem causar nas suas vidas. O diálogo deverá ser uma constante, sem o qual não há comunicação e nem tampouco educação5. 5 CONCLUSÃO Pode-se concluir que antes de iniciar o curso as opiniões mostram que muito estudantes estavam realizando a educação em saúde de forma verticalizada; no entanto, não podemos dizer se houve mudança nessa realidade, pois a avaliação ao término do curso ainda não foi realizada. 6 CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA ENFERMAGEM A educação em saúde representa uma forma de refletir e organizar a prática assistencial, unindo o saber científico às atividades exercidas em seu cotidiano, estabelecendo dessa forma um compromisso na realização de atividades fundamentadas e diferenciadas visando a qualidade na assistência prestada pelo profissional da enfermagem. DESCRITORES: Educação em Enfermagem; Conhecimento; Educação em Saúde. REFERÊNCIAS 1. Freire P. Pedagogia do oprimido. 22a. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1993. 2. Freire P. Conscientização: teoria e prática de libertação. Uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3a.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1980. 3. Oliveira HM, Gonçalves MJF. Educação em Saúde: uma experiência transformadora. Rev. bras. Enferm 2004; 57: 6. 4. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 5a ed. São Paulo: Atlas, 2010. 5. Boehs AE, Monticelli M, Wosny AM, Heidemann IBS, Grisotti M. A interface necessária entre enfermagem, educação em saúde e o conceito de cultura. Texto Contexto Enf . 2007; 16(2): 307-14.