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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 175

Comunicação coordenada


175

A CONFORMAÇÃO DA AUTONOMIA PROFISSIONAL NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: REVISÃO DA LITERATURA

Autores:
Maria Madalena Januario Leite (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - EEUSP) ; Jéssica Del Gaudio dos Reis (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - EEUSP) ; Geisa Colebrusco de Souza (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - EEUSP)

Resumo:
Introdução: A autonomia para a prática profissional na saúde é tema recorrente de pesquisas e reflexões teóricas no cenário global. Na enfermagem, o tema passa a ter destaque com a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) em 2001, visto que o documento estabelece os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação do enfermeiro (Brasil, 2001). O enfermeiro deve ser capaz de desenvolver capacidade de analisar e intervir nos problemas da sociedade por meio da tomada de decisão, cujas etapas consistem em avaliar, sistematizar e decidir condutas pertinentes com eficácia e custo-efetividade. É também apontado no referido documento a responsabilidade da Instituição de Ensino ao estímulo de estudo independente para a progressiva autonomia intelectual e profissional do estudante. Nesse sentido, a finalidade deste estudo foi compreender o conceito de autonomia na produção cientifica por meio das questões: Qual é o conceito de autonomia profissional evidenciado na produção científica de educação em enfermagem? Quais são os referenciais teóricos que sustentam o conceito de autonomia profissional na formação do estudante de enfermagem? Objetivo: Identificar e analisar, por meio de revisão narrativa de literatura, a conformação para a autonomia profissional no ensino de graduação de enfermagem e o conceito teórico explicitado nas pesquisas. Descrição Metodológica: Revisão narrativa de literatura ancorada no Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses - PRISMA 2009 Flow Diagram. Buscaram-se publicações nas bases de dados: Education Resources Information Center (ERIC), Índice de Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (Lilacs), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e no Portal US National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed). Foram encontrados 385 artigos. Após a primeira leitura, restaram 84 artigos para leitura na íntegra, e, para análise final foram selecionados 35 artigos. Para a análise, construiu-se um instrumento de análise dos artigos com base em Otrenti (2011). Foi realizado um recorte temporal para artigos publicados a partir de 2000 e de idioma, inglês, espanhol e português. Resultados: Com relação ao idioma dos 35 artigos selecionados e analisados 25 (71,43%) foram escritos em inglês, 9 (25,71%) em português e 1 (2,86%) em espanhol. Quanto a origem dos autores, 11 (31,43 %) são do Brasil, 9 (25,71 %) do Reino Unido, 6 (17,15%) dos Estados Unidos, 3 (8,57 %) da Suécia, 2 (5,71%) da Turquia, 2 (5,71%) do Canadá e 1 (2,86%) da Espanha e 1 (2,86%) da Colômbia. Quanto ao período, 12 (34,29%) foram publicados entre 2000 - 2005; 14 (40%) entre 2006 - 2010 e 9 (25,71%) entre 2010 - 2014. Os métodos de pesquisa encontrados foram 12 (34,29%) estudos teóricos, 10 (28,57%) quantitativos, seis (17,14%) qualitativos, quatro (11,43%) de revisão de literatura e três (8,57%) quanti-qualitativo. Quanto ao conceito de autonomia adotado, assume diferentes significados e linhas teóricas, não são antagônicos, há complementaridade e semelhanças entre eles. Ademais, não raro há publicações que não explicitam a linha teórica ou o conceito norteadores daquela pesquisa. Dentre os 35 artigos analisados, 17 contribuíam significativamente com conceitos de autonomia. Em suma, identificaram-se conceitos relacionados ao estudante como gerenciador do próprio aprendizado, como processo fundamentado na tomada de decisão, como desenvolvimento de pensamento crítico, como empoderamento e emancipação, ou relacionado à regulação interna do indivíduo. Os artigos destacaram a importância das estratégias de ensino e o professor como facilitador do aprendizado, cujo papel é auxiliar o desenvolvimento da autonomia do estudante, sobretudo, por meio das metodologias ativas de aprendizagem. Nessa perspectiva, há a troca do papel do professor controlador para o facilitador da aprendizagem enquanto se espera que os estudantes assumam a responsabilidade por seu aprendizado ao desenvolver competências de aprendizagem autônoma para resolução dos problemas, gerenciamento do tempo e dos recursos de aprendizagem, ou seja, situando-os como sujeitos motivados que exercem responsabilidade social. Contudo, destaca-se em um dos estudos (Darbyshire, Fleming, 2008) a crítica ao ensino de enfermagem apoiada no discurso de empoderamento e autonomia, mas, que reproduz na prática do ensino, normatizações do comportamento, em controle e formas de governabilidade que são inscritas aos estudantes até que esses sejam capazes de se autogovernarem, com base no desenvolvimento do comportamento previamente desejado. Conclusões: O conceito de autonomia assume significados e linhas teóricas diferentes embora complementares e não antagônicas. Os artigos apresentaram críticas às estratégias pedagógicas tradicionais e apresentaram como propostas metodologias ativas mais autônomas cujo centro da aprendizagem é o estudante. Ainda, destacaram a importância de formar enfermeiros autônomos, assim como a necessidade de maiores pesquisas sobre o tema. Contribuições/implicações para a Enfermagem: Conhecer as linhas teóricas das pesquisas sobre a conformação da autonomia para a prática profissional no ensino de graduação de enfermagem é condição basilar para a construção de currículo e desenho do perfil profissional que se espera para os enfermeiros no contexto atual. Reconhecer, nas pesquisas, que há linhas teóricas diferentes, embora complementares pode ampliar a discussão entre os docentes, os estudantes, as instituições de ensino e as instituições reguladoras da formação em enfermagem. Descritores: Educação em enfermagem; Autonomia Profissional; Enfermagem. Eixo 2: A formação em Enfermagem: da política à prática profissional. Área de temática: Educação profissional. Referências: 1. Brasil. Ministério da Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Enfermagem [internet]. Brasília; 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf. 2. Fernandes JD, Ferreira SL, Torre MPSL, Rosa DOS, Costa HOG. Diretrizes curriculares e estratégias para implantação de uma nova proposta pedagógica. Rev. esc. enferm. USP. 2005; 39(4): 443-49. 3. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Prisma Group. Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses: The PRISMA Statement. PLoS Med 6(6): e1000097. 2009. Disponível em: journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1000097/ 4. Otrenti E. Avaliação de processos educativos formais para profissionais da área da saúde: revisão integrativa de literatura. [dissertação] São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2011. 5. Darbyshire C, Fleming VEM. Governmentality, student autonomy and nurse education. Journal of advanced nursing. 2008; 62(2):172-9.